Outra característica do perispírito é a
de expansibilidade, que significa a
ampliação do campo de sensibilidade do
perispírito. E é por conta desta
característica que acontecem diversos
processos de percepção mediúnica.
O perispírito, quando materializado,
pode ser tocado, portanto é dotado de
tangibilidade. Esta é uma das formas de
manifestação dos Espíritos.
O perispírito é perene, está ligado à
alma e, como esta, não pode ser
destruído. Possui, ainda, a
característica de mutabilidade.
Zimmermann afirma que: "O perispírito,
no decorrer do processo evolutivo, se
não é suscetível de modificar-se no que
se refere à sua substância, o é com
relação à sua estrutura e forma". (Zimmermann,
Perispírito, Cap. II, p.55).
Graças às suas propriedades, também é
reservatório de memórias do Espírito,
possuindo plasticidade, podendo alterar
sua forma, de acordo com as
predisposições e vontade da mente.
O mais importante a se saber aqui, por
conta do tema proposto, é que o
perispírito apresenta densidade variável
de acordo com a evolução do Espírito.
Por ser suscetível de transformar-se
estruturalmente, o perispírito pode
tornar-se mais ou menos denso, de acordo
com nossos pensamentos/ sentimentos.
Sendo assim, quando cultivamos ideias
negativas, maldosas, de desistência,
raiva etc., automaticamente alteramos o
“peso” e a densidade do perispírito,
passando a vibrar em dimensões também
mais pesadas, onde transitam almas no
mesmo padrão. Basta alterarmos nossos
sentimentos para sairmos de uma paisagem
vibratória para outra, instantaneamente.
O oposto é verdadeiro: quando vibramos
amor, no mesmo instante saímos de uma
dimensão mais densa para outra, mais
elevada, pacificada, harmoniosa.
Oração, Desdobramento e Espíritos
Orientadores –
Dado o fato de que vivemos em um mundo
de provas e expiações, por necessidade e
merecimento, estamos sempre recebendo
inputs de natureza inferior, assim
como, por conta de nossa própria
imaturidade psíquica/espiritual,
continuamos lançando no mundo nossos
próprios dardos mentais, alterando
negativamente os fluidos que nos
envolvem, influenciando também o meio no
qual estamos inseridos.
A questão é que nossa essência real é
divina, portanto amor, paz. E sempre que
nos desviamos do caminho amoroso,
sofremos, porque nos afastamos do nosso
eu real, divino, cósmico. A dor entra
nesse processo como instrumento
pedagógico, capaz de nos fazer retornar
ao bom caminho, reconhecendo a trilha do
bem como sendo a melhor possível.
Sempre que pensamos e realizamos coisas
boas, as sensações são as melhores
possíveis, só sendo diferente nos casos
de profunda viciação junto ao mal. Na
maior parte dos casos, quando acertamos
o passo, logo sentimos melhora geral.
E, para conseguirmos melhorar neste
caminho cheio de dificuldades, Jesus e
outros sábios da antiguidade nos
ensinaram o valor da prece.
Se nossos pensamentos modificam os
fluidos, tanto positiva como
negativamente, e se esses fluidos atraem
outras mentes, entendemos que para
atrairmos o concurso dos bons espíritos
precisamos elevar o tom mental.
A oração traz em si um roteiro de
pensamentos mais elevados, pois denota
fé no apoio dos irmãos mais maduros que
nós, denota fé em Deus, colocando a
mente aberta para as boas sugestões, por
conta da própria vontade direcionada.
Recordemos que André Luiz só recebeu o
socorro de que tanto necessitava após
utilizar-se do recurso da prece, oito
anos após sua chegada a uma das regiões
densas do mundo espiritual. Mesmo a
intervenção constante de sua mãe –
espírito de alta hierarquia moral – e de
outros amigos dela não foi suficiente
para retirá-lo de sua situação
miserável. Foi preciso um movimento
dele, no sentido de dar algo de si,
alterando a própria densidade
perispiritual, a fim de poder abrir-se
para a ajuda que ali estava desde antes.
Faz recordar a passagem evangélica,
narrada pelos quatro evangelistas, sobre
quando Jesus teria alimentado uma
multidão de pessoas, antes de ensiná-los
sobre a Boa-Nova, nos arredores de
Betsaida. De acordo com os evangelhos,
quando Jesus ouviu que João Batista
havia sido morto, partiu solitariamente
para a pequena vila de Pescadores. Mas o
povo o seguiu e, estando lá, Jesus se
compadeceu deles, curando muitos
doentes.
À noite, muitos estavam com fome e os
discípulos procuraram o Mestre, dizendo
que as pessoas deveriam ir embora em
busca de alimentos. Porém, Jesus
pergunta aos amigos quais alimentos
poderiam oferecer, ao que responderam:
“apenas cinco pães e dois peixes,
Senhor”. Jesus os toma e
multiplica-os, a ponto de conseguir
alimentar 4.000 pessoas, com sobra de
dez cestos...
Assim
também se dá nas questões da alma.
Quando buscamos melhorar nosso padrão
mental, conseguimos ligar-nos aos bons
amigos espirituais e eles então
multiplicam nossas possibilidades
existenciais, de maneira positiva,
inspirando-nos no bom caminho,
amparando-nos em nossas dores, aliviando
nossos pesares. Não foi por outro motivo
que Jesus também nos ensinou que
“àquele
que tiver, mais será dado...”
Na questão 495 de O Livro dos
Espíritos, Santo Agostinho e São
Luís comentam sobre a ação dos Espíritos
Protetores. Pedem que mantenhamos
contato constante com eles, melhorando
nossas condições mentais, psíquicas,
emocionais. Vejamos a parte final de
seus elevados comentários:
“Não temais fatigar-nos com as vossas
perguntas; permanecei, pelo contrário,
sempre em contato conosco: sereis então
mais fortes e mais felizes. São essas
comunicações de cada homem com seu
Espírito familiar que fazem médiuns a
todos os homens, médiuns hoje ignorados,
mas que mais tarde se manifestarão,
derramando-se como um oceano sem bordas
para fazer refluir a incredulidade e a
ignorância. Homens instruídos, instruí;
homens de talento, educai vossos irmãos.
Não sabeis que a obra assim realizais é
a do Cristo, a que Deus vos impõe. Por
que Deus vos concedeu a inteligência e a
ciência, senão para as repartirdes com
vossos irmãos, para os adiantar na senda
da ventura e da eterna bem aventurança?”
(São Luís, Santo Agostinho)
Temos
aprendido, ainda na mesma obra, que o
Espírito, no momento do sono físico, não
fica enclausurado junto ao corpo, mas
sai dele, num processo denominado
desdobramento. Isso fica claro na
questão 401, quando Kardec faz a
seguinte pergunta: “Durante o sono, a
alma repousa como o corpo?” E a
resposta dos Espíritos é direta:
“— Não,
o Espírito jamais fica inativo. Durante
o sono, os liames que o unem ao corpo se
afrouxam e o corpo não necessita do
Espírito. Então, ele percorre o espaço e
entra em relação mais direta com os
outros Espíritos.”
Diante de todo o exposto até aqui, fica
claro que, por questões de vontade,
afinidade e sintonia, nos ligaremos aos
espíritos que comungam do mesmo padrão
que o nosso. E estando parcialmente
libertos na média de 8 horas de sono do
corpo, entendemos que podemos melhorar,
manter ou piorar nossa existência, nossa
posição no quadro evolutivo, de acordo
com o que realizamos neste 1/3 de tempo
que nos é concedido pela vida com maior
liberdade espiritual.
Daí a importância da prece antes do
adormecimento físico. Não a prece
decorada, seca, vazia, desprovida de
sentimento nobre, mas aquela que nasce
do ângulo mais sagrado do nosso coração,
para que possamos alterar nossas
condições internas e externas e, assim,
conseguirmos contatar os irmãos mais
maduros e sábios que nós e, com eles,
seguirmos em frente, trabalhando,
estudando e nos instrumentalizando,
para, enfim, construirmos em nós e fora
de nós o tão almejado Reino de Deus.
A Prática do Evangelho no Lar e a
mediunidade com Jesus –
Inegável que a energia, a atmosfera
psíquica dos templos sagrados, onde se
cultivam as preces feitas com uma fé
robusta, é salutar. Lugares onde as
pessoas buscam realizar aquilo que de
melhor levam em seus corações. A essa
energia peculiar, agradável e curadora,
também damos o nome de egrégora.
Trata-se de uma força fluídica criada a
partir da soma de energias coletivas
(mentais, emocionais).
No lar não é diferente. Ensinam-nos os
Espíritos amigos que, quando nos
reunimos em nome de Deus,
independentemente da religião professada
pelos familiares, tendo por objetivo
principal a união das almas, em busca do
sagrado, de inspirações salutares e
proteção espiritual, os bons Espíritos
assumem conosco este compromisso de
contato e oração, fazendo formar uma
sinergia especial, capaz de produzir uma
blindagem energética, protetora. Tais
Espíritos também retiram do ambiente
doméstico as energias mais densas,
acumuladas pelas vivências cotidianas.
Além disto, no momento do sono,
continuam conosco, a fim de nos
orientarem nas atividades da noite.
Ou seja, quando evocamos estes
benfeitores, para com eles unirmos
forças emocionais, através da prece ao
Criador, a Jesus, podemos promover mais
facilmente, em nós e no grupo familiar,
uma sensível alteração nos padrões
psíquicos.
Podemos sentir maior alívio em nossas
preocupações, coragem no enfrentamento
de nossos desafios, paciência no contato
com os outros etc.
Por certo que esta prática só produz
resultados quando a vontade for sincera
e a dedicação à mudança íntima estiver
sempre presente.
Cabe aos pais e responsáveis promoverem
este encontro com as esferas mais
elevadas da vida, a fim de manter o
grupo familiar em caminho mais seguro,
rumo a vitórias coletivas.
Recordemos que, seja qual for nossa
missão na Terra, ela sempre está
atrelada à melhora do eu, desfazendo-nos
da nossa pequenez egoica,
aprofundando-nos na nossa porção mais
sagrada, divina, concomitantemente
auxiliando nossos irmãos do caminho
neste processo.
E, neste caminhar, nada melhor que
usarmos nossa mediunidade, ou seja, a
nossa capacidade de conexão espiritual,
para contatarmos as forças do Cristo.
Porque, assim como nosso querido Mestre
nos ensinou, sua energia, seus exemplos
e palavras são, sem dúvida alguma, o
caminho, a verdade e a vida. E é através
desta sintonia sagrada que poderemos
aumentar nossas capacidades de mudança
positiva, sejam elas de ordem íntima,
familiar ou planetária.
Referências
bibliográficas:
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Livro dos médiuns ou Guia dos médiuns e
dos evocadores. Trad. de Guillon
Ribeiro da 49. ed. francesa. 76. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2005.
___________. O
Evangelho segundo o Espiritismo.
Trad. de Guillon Ribeiro da 3. ed.
francesa rev., corrig. e modif. pelo
autor em 1866. 124. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2004.
__________. O Livro
dos Espíritos: princípios da
Doutrina Espírita. Trad. de Guillon
Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2005.
___________A Gênese:
os milagres e as predições segundo o
Espiritismo. Trad. de Guillon
Ribeiro da 5. ed. francesa. 48. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2005.
MOREIRA-ALMEIDA, A.
Explorando a relação mente-cérebro:
reflexões e diretrizes- Exploring
mind-brain relationship: reflections and
guidelines, Rev. psiquiatr. clín.
vol.40 no.3 São Paulo 2013.
XAVIER, F C. Roteiro.
Pelo Espírito Emmanuel. 7.ed. Rio de
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____________. Nos
domínios da mediunidade.
Pelo Espírito André Luiz. 32. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2005.
____________. Entre a
Terra e o Céu. Pelo Espírito André
Luiz. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
ZIMMERMANN,
Z. Perispírito. 1ª ed. Campinas,
SP: CEAK, 2000.