Ouve, coração
Perguntas, coração,
Como sanar as dores sem medida,
De que modo enxugar a lágrima incontida
Sob nuvens de fel e de pesar!...
Recordemos o chão...
Quando o lodo ameaça uma estrada indefesa,
Em cada canto roga a Natureza:
Trabalhar, trabalhar.
Fita o aguaceiro que se fez tormenta.
Ao granizo que estala, o vento insulta;
Seio de mágoas que se desoculta,
A terra, em torno, geme a desvairar...
Mas, finda a longa crise turbulenta,
Sobre teto quebrado, pedra e lama,
Renasce a paz do céu que vibra e chama:
Trabalhar, trabalhar.
Ressurge, inalterado, o sol risonho,
Não pergunta se o mal ganhou no mundo
A tudo abraça em seu amor profundo,
A criar e a brilhar!
Recebe cada flor um novo sonho,
Cada tronco uma bênção, cada ninho
Canta para quem passa no caminho:
Trabalhar, trabalhar.
Assim também, nas horas de amargura,
Enquanto a sombra ruge ou desgoverna,
Pensa na glória da Bondade Eterna,
Acende a luz da prece tutelar!
E vencerás tristeza e desventura,
Obedecendo à voz de Deus na vida
Que te pede em silêncio, à alma ferida:
Trabalhar, trabalhar.
Do livro Antologia da Espiritualidade,
obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco
Cândido Xavier.