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por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

  
Cidadão Decisor

 

Partindo, com muita humildade, da condição, ainda assim privilegiada, de cada um, como um ser limitado, precário, condicionado e insuficiente, o homem tem conseguido, ao longo da sua história, desde o processo de hominização à pessoa humana, que nesta fase pretende ser, avanços extraordinários, inigualáveis para quaisquer outros seres do mundo, que homem e natureza têm disputado, com prejuízo para esta, devido às invenções e intervenções, por vezes irresponsáveis, daquele.

E se as agressões humanas à natureza são graves, algumas irreversíveis, mais complexas e de efeitos devastadores são os conflitos interpessoais e intergrupos, muitos deles com consequências irreparáveis: morte física de vidas humanas; mutilações insuscetíveis de quaisquer intervenções repositoras e reparadoras; destruição de bens essenciais à vida, pela deterioração do ambiente e dos ecossistemas; desmantelamento de infraestruturas necessárias ao desenvolvimento, ao progresso e bem-estar dos povos.

O homem com todo o seu poderio intelectual, criativo e técnico, consegue ser mais destruidor do que os grandes predadores selvagens. Como, quando e com que se conseguirá terminar com este flagelo, em que biliões de pessoas humanas, inocentes, inofensivas e indefesas estão confrontadas, permanentemente, em plena era das grandes realizações, nas alegadas “Novas Ordens Internacionais…”, na tão apadrinhada globalização?

Descobrir, aplicar e validar a fórmula “mágica” para pacificar a sociedade humana são tarefas que, decididamente, não se vislumbram com facilidade, e até se pode questionar se alguma vez isso será possível, pelo menos sem a vontade e determinação de todos os indivíduos. Em todo o caso, está sempre nas mãos do ser humano reverter situações negativas para uma nova esperança de vida.

Parece haver todo um longo e relativamente difícil caminho a percorrer, cujo início terá de se estabelecer na base de uma formação inicial, bem cedo na vida, continuando com uma atualização persistente ao longo da existência humana, nos domínios da Cidadania, nesta se incluindo todos os valores que caraterizam a sociedade verdadeira e superiormente humana.

Lançar as bases para uma “Nova Ordem Internacional Cívica”, elegendo a Cidadania como um imperativo universal, no que ela contém de deveres, direitos, valores e princípios, ou, e se se preferir, uma Ética comprometida com a sociedade, uma ética exercida com competência por todos os cidadãos, independentemente do seu estatuto.

Num mundo complexo, habitado por seres igualmente complexos, com interesses, estratégias, metodologias, culturas e valores diferentes, de indivíduo para indivíduo, de grupo para grupo e de povo para povo, o normal será a existência de conflitualidade, de problemas, de situações difíceis e até mesmo aberrantes que, por si sós, poderão não constituir nenhuma tragédia, se quem tiver a responsabilidade e vontade para as resolver, revelar capacidades diversas e dispuser dos recursos para solucionar as diferentes anomalias que surgem na sociedade.

Na verdade: «Grande parte da resolução de problemas implica compreender um determinado conjunto de circunstâncias num determinado contexto. Frequentemente a capacidade para encarar o problema e resolvê-lo satisfatoriamente requer um desvio no processo mental, que permita ver o problema de um ângulo diferente» (WILSON, 1993:59). 

O Decisor deverá ser competente, para além de múltiplas e interdisciplinares faculdades que tem de usar, na perspectiva da aplicação correta dos conhecimentos, técnicas e recursos, com o objetivo de obter o resultado pretendido, materializado na resolução do problema, não ignorando que no papel de Decisor está, também, o estatuto de cidadão, com deveres e direitos, sendo certo que: «O Estado existe para servir os cidadãos» (…), mas também é verdade que: «importa, igualmente, que os cidadãos disponham de um cabal conhecimento dos seus direitos…» (PRESIDÊNCIA CONSELHO MINISTROS, 1989:5).

 

Bibliografia:

 

WILSON, G. & LODGE, D. (1993). Resolução de Problemas e Tomada de Decisão: Inovação, Trabalho de Equipe, Técnicas Eficazes. Trad. Isabel Campos. Lisboa: Clássica.

PRESIDÊNCIA CONSELHO MINISTROS, (1989). Guia do Cidadão. Lisboa: Direcção Geral da Comunicação Social.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita