Trabalho e responsabilidade
José Renato estava aborrecido com o seu ambiente de
trabalho.
- É difícil trabalhar em um lugar em que pessoas não
assumem as suas responsabilidades e empurram as suas
tarefas para outros fazerem.
Maria de Lourdes se queixava.
- É complicado lá em casa. Eu e meu marido trabalhamos
fora de casa e, tanto quanto ele pode, larga os serviços
domésticos para mim.
- Pois é, no centro espírita em que eu participo há
companheiros que assumem uma tarefa, porém, de repente,
somem e não dão satisfação, sobrecarregando os demais.
Assim eram os comentários que “rolavam” no grupo de
estudo sobre o tema trabalho e responsabilidade, no
Centro Espírita Justiça e Amor.
– Bem, pessoal – atalhou Clayton – nós estudaremos a Lei
do Trabalho, que consta em O Livro dos Espíritos,
em sua Terceira Parte – Das Leis Morais.
Inicialmente, para situarmos a questão, relatarei para
vocês uma parábola:
“Em determinado departamento de uma grande empresa havia
quatro pessoas: Todo Mundo, Alguém,
Qualquer Um e Ninguém.
Os quatro amigos se davam muito bem, mas quando o
assunto era trabalho as coisas não eram muito
tranquilas. No mês de julho, houve um grande trabalho a
ser feito e Todo Mundo tinha certeza de que
Alguém o faria.
Qualquer Um
poderia tê-lo feito, mas Ninguém o fez. Alguém
se zangou porque era um trabalho de Todo Mundo,
mas Todo Mundo pensou que Qualquer Um
poderia fazê-lo e Ninguém imaginou que Todo
Mundo não o faria.
Por fim, Todo Mundo culpou Alguém, quando
Ninguém fez o que Qualquer Um poderia ter
feito”.(1)
Clayton narrou enfatizando o nome dos personagens.
Terminada a narrativa parou e ficou olhando para o
grupo.
Todos riram.
Deoclécio, rindo, adiantou-se:
– É isso mesmo! Geralmente é assim: Todo mundo acha que
alguém vai fazer, pois qualquer um pode fazê-lo e no fim
ninguém o faz!
– É o grupo do “deixe para o próximo o serviço que lhe
compete”!
O riso foi geral.
– Gente – atalhou Clayton –, parece piada, porém o
assunto é sério: trabalho e responsabilidade.
Encontramos na questão nº 675 de O Livro dos
Espíritos: “O trabalho é lei da Natureza, por isso
mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização
obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as
necessidades e os gozos”.
Por mais de uma hora o grupo analisou e debateu o
trabalho e suas implicações com a vida material; a vida
espiritual, sua necessidade como instrumento de
aprimoramento do ser, da família e da sociedade.
Para conclusão, Clayton leu a página Trabalhar,
de André Luiz, destacando os tópicos:
“Seja qual seja o seu problema, o trabalho será sempre a
sua base de solução.
Diante de qualquer sofrimento, o trabalho é nosso melhor
caminho de libertação.
O segredo da paz íntima é agir um tanto mais além de
nossas supostas possibilidades na construção do bem.
O que você faz é aquilo que você tem.
A força está com a razão, mas a razão está do lado de
quem trabalha.
Todos os medicamentos são valiosos na farmácia da vida,
mas o trabalho é o remédio que oferece complemento a
todos eles.
O sucesso quase sempre se forma com uma parte de ideal e
noventa e nove partes de suor na ação que o realiza”.(2)
Finalizando as reflexões da noite, Clayton indagou:
– Como encaramos o trabalho? Uma carga ou um instrumento
de aprimoramento material e espiritual?
(1)
Parábolas de Liderança, Ed. Paulus.
(2)
Respostas da Vida, André Luiz/F. C. Xavier, Ed.
IDEAL, págs. 85 a 87.
|