Um pouco mais…
2018
está à porta e 2017 a findar.(1)
Usualmente, as pessoas fazem análise do que
ocorreu no ano transato e, gizam projetos para o
novo ano. Até aqui, tudo bem. E nós, como
estamos no íntimo?
Em tempo de festas, os desejos e felicitações
abundam, um pouco maquinal ou rotineiramente. É
normal, vivemos em sociedade, e esta tem as suas
festas adequadas à cultura de cada povo. Fazem
parte da tradição e como tal da vida. Nada de
mal, antes pelo contrário, todo o convívio
saudável é sempre bem-vindo.
Em fim de ano civil, as empresas avaliam ganhos
e prejuízos e, reorientam estratégias, no
sentido de terem mais êxito no ano seguinte.
A lei de mercado assim o exige, numa competição
feroz, quando o lema deveria ser a colaboração.
Sendo nós, Espíritos imortais, temporariamente
em corpos de carne com um fim previsto, é
estranho que valorizemos em demasia o corpo que
vai morrer um dia, e esqueçamos o Espírito que é
imortal.
Parece ser um paradoxo, mas denota antes um
desconhecimento da nossa filiação divina, da
nossa essência espiritual.
Quanto à imortalidade do Espírito, deixou de ser
mera crença das religiões, para passar a ser uma
realidade científica, provada por Allan Kardec,
em meados do século XIX, quando compilou a
Doutrina dos Espíritos (Doutrina Espírita ou
Espiritismo).
Modernamente, as experiências de quase-morte, as
experiências fora do corpo, as visões no leito
de morte, os casos sugestivos de reencarnação e
a comunicação com o mundo espiritual através de
médiuns humanos e meios eletrônicos comprovam as
assertivas espíritas.
Numa sociedade ainda essencialmente
materialista, a grande maioria de nós vive como
se o corpo não fosse morrer, e morre como se a
vida não continuasse.
Muitos de nós estamos nessa “consciência de
sono”, outros estão a despertar para a
espiritualidade e, outros tantos tentam
aprofundar a sua espiritualidade.
É um imperativo da evolução, uma questão de
tempo.
Jesus de Nazaré, que na opinião dos bons
Espíritos foi o ser mais evoluído que já esteve
à face da Terra, deixou há dois mil anos um
roteiro para a felicidade: “não fazer ao
próximo o que não queremos para nós”,
referindo como base da felicidade, o Amor ao
próximo.
Dois mil anos depois, o Homem continua a apostar
na estratégia gasta, derrotada e sem futuro, das
guerras mentais, verbais, físicas, assentes
sempre no egoísmo.
Precisamos de um pouco mais de tolerância, de
paciência, de fraternidade, de caridade para
consigo e para com os outros
Bastaria que cada um de nós fizesse, no seu
íntimo, aquilo que as empresas fazem, mudar de
estratégia para vencer, mas, inexplicavelmente,
o Homem continua a apostar no egoísmo, no ódio,
na vingança, na intolerância, na violência, no
orgulho.
Por isso o Homem não é feliz, pois, em vez de
ser pessoa, tenta ter coisas, para se afirmar
socialmente, buscando, como que num labirinto
sem saída, a felicidade nos bens materiais, na
vaidade, na matéria.
A Humanidade encontra-se cansada de tanta
violência, de tantas guerras em casa, na rua,
entre países.
O Homem precisa reencontrar o Norte de Deus,
entender o porquê da vida, quem é, de onde vem,
para onde vai, a causa das desigualdades sociais
e de oportunidades, que, sob o ponto de vista
espírita, se tornam claras, perceptíveis,
pacificando o ser humano por dentro.
Neste novo ano que agora começa, todos
precisamos de um pouco mais de tolerância, de
paciência, de fraternidade, de caridade para
consigo e para com os outros.
Em cada dia que começa, podemos sempre fazer um
pouco mais na gentileza, nas atitudes, na
maneira de falar, de sentir.
Podemos sempre entender um pouco mais, aceitar o
outro como ele é, ter um pouco mais de
indulgência, benevolência para com todos,
aceitação.
Colocando em prática o pensamento “O meu
amigo não é o que pensa como eu, mas o que pensa
comigo”, as quezílias, as zangas, a
violência abrirão portas para uma nova atitude
no nosso quotidiano, beneficiando-nos a nós
mesmos, ao próximo e à sociedade em geral.
Afinal, basta relembrar os ensinamentos de Jesus
de Nazaré, tão simples, e tentarmos um pouco
mais, vezes sem conta, contabilizando as
vezes que nos levantamos ao invés das vezes que
caímos.
(1)
Este artigo foi escrito no final
de 2017, antes, pois, de se iniciar o Ano Novo.
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