Chico Xavier chegou a Uberaba com a entrevista-bomba
assinada pelo Irmão X e com uma outra novidade também
surpreendente: estava sozinho. Waldo Vieira tinha ido
para o outro lado do mundo, o Japão. Iria fazer um curso
de pós-graduação em plástica e cosmética em Tóquio.
Meses depois, ele voltaria para a Comunhão Espírita
Cristã apenas para arrumar as malas e sumir do mapa em
direção ao Rio, onde abriria um consultório.
Chico Xavier garantia estar conformado com a separação.
E previa em entrevistas na época: Waldo será
invariavelmente o médico humanitário e o abnegado
missionário da doutrina espírita que todos nós
conhecemos. Errou em cheio.
Após deixar sua assinatura ao lado da de Francisco
Cândido Xavier em dezessete livros, o "médico
humanitário" virou as costas para o Espiritismo,
"estreito demais", e seguiu carreira solo. Estava
cansado de Chico, "tão frágil, tão suscetível, tão
chorão", estava cansado da sacralização em torno de seu
parceiro e do "populismo" das sopas diárias, das
peregrinações semanais e das distribuições natalinas.
Queria distância da culpa cristã, da caridade, das
lições evangélicas. Ele não iria se conformar, não iria
agradecer a Deus por seus sofrimentos, não viveria
atrelado a guias espirituais, não se submeteria a ser um
eterno datilógrafo de textos do além. Waldo abandonou a
doutrina espírita e definiu sua saída da Comunhão como
"uma bênção".
Do livro As Vidas de Chico Xavier, de Marcel
Souto Maior.
|