Condutas doentias
Todos nós que gostamos de cinema e que, por
extensão, apreciamos uma boa interpretação
haveremos de concordar que o ator Kevin Spacey é
um ícone nesta área, não apenas pelo Oscar de
melhor ator em Beleza Americana (2000),
de ator coadjuvante em Os Suspeitos
(1999), ou pelo seu esmagador desempenho na
série House of Cards, na qual ele
protagonizou o papel de um presidente americano
arrivista, entre outros prêmios e
reconhecimentos ao seu trabalho.
A sua carreira até aqui foi fenomenal, e o seu
valor nas artes cênicas foi justamente
reconhecido. Contudo, hoje se sabe que o
referido ator tem um lado eminentemente obscuro
na sua personalidade no qual ressuma o doloroso
comportamento de predador sexual. Como afirma o
Espírito Joanna de Ângelis, na obra Após a
Tempestade... (psicografia de Divaldo
Pereira Franco), “Incontestavelmente, o sexo
exerce profunda influência na vida física,
emocional e espiritual das criaturas”.
Infelizmente, essa particularidade do ator,
desconhecida pelo grande público, foi revelada
de forma fulminante – provavelmente com
seriíssimos impactos para sua carreira
profissional e existência doravante. Em
decorrência da revelação contundente efetuada
por algumas das suas vítimas, ele se viu, de um
momento para o outro, alijado de certos
trabalhos – alguns inclusive já filmados – de
forma dramática e inusitada. Ao que tudo indica,
o seu nome tornou-se, no complexo e midiático
contexto da indústria do cinema, sinônimo de
aberração. Em consequência disso, ter a sua
imagem profissional agora associada a algum
projeto provavelmente redundará em fracasso de
bilheteria e/ou audiência.
Dito de outra forma, a conduta aparentemente
desequilibrada, pervertida e impiedosa do ator
em sua vida privada foi dolorosamente desvendada
pelas suas vítimas, que expuseram fatos
chocantes por ele protagonizados. Reconheça-se
que o que está acontecendo com Kevin Spacey
também está ocorrendo com outros atores,
diretores e magnatas de Hollywood, sem falar das
figuras exponenciais da imprensa americana. Na
verdade, até mesmo os políticos estão sendo
convocados a dar explicações dos seus excessos
na esfera do sexo. De maneira semelhante, na
Inglaterra, por exemplo, muitos membros do
parlamento e do governo estão enfrentando uma
verdadeira provação para explicar os seus
“deslizes sexuais”.
O que estamos assistindo, enfim, é uma ampla
mudança de costumes no mundo através da qual os
indivíduos que praticam o assédio sexual estão
sendo banidos. Cidadãos e até mesmo cidadãs que
usam o seu poder, posição e influência para se
insinuar ou forçar favores nessa área estão
sendo expostos publicamente devido às suas
leviandades. Em casos mais graves, enfrentam
processos e pagam elevadas indenizações. Há
ainda a possibilidade de condenações e
penalização severa aos infratores, como é o caso
do empresário de cinema Harvey Weinstein.
A lição aí embutida é de que não há mais espaço
para tal tipo de comportamento. Indivíduos que
se julgam no direito de humilhar e/ou de se
aproveitar dos seus semelhantes nesse particular
– por força da sua posição na sociedade –
exprimem uma conduta inaceitável. A propósito,
na obra No Mundo Maior, de autoria do
Espírito André Luiz (psicografia de Francisco
Cândido Xavier), colhemos esclarecedor
apontamento a respeito: “O
cativeiro nos tormentos do sexo não é problema
que possa ser solucionado por literatos ou
médicos a agir no campo exterior: é questão da
alma, que demanda processo individual de cura, e
sobre esta só o Espírito resolverá no tribunal
da própria consciência. É inegável que todo
auxílio externo é valioso e respeitável, mas
cumpre-nos reconhecer que os escravos das
perturbações do campo sensorial só por si mesmos
serão liberados, isto é, pela dilatação do
entendimento, pela compreensão dos sofrimentos
alheios e das dificuldades próprias, pela
aplicação, enfim, do “amai-vos uns aos outros”
assim na doutrinação, como no imo da alma, com
as melhores energias do cérebro e com os
melhores sentimentos do coração”.
Por sua vez, Joanna de Ângelis lembra, no livro
Lições para a Felicidade (psicografia de
Divaldo Pereira Franco), que “O ser humano
marcha para a saúde plena, e as paixões que nele
remanescem devem ser encaminhadas para os ideais
de crescimento interior e de realização externa,
ampliando os horizontes de felicidade do
planeta”. Desse modo, para quem tem tendências
descontroladas nesse campo, aconselhamos a
encetar profunda reflexão e absoluta
determinação para a autocura. |