Micael – doce missão!
Com o sugestivo título O anjo das crianças, Allan
Kardec publicou na Revista Espírita, edição de
abril de 1860, o texto que se pode ler a seguir. De
grande doçura, o texto enternece. Merece ser lido e
deixar-se emocionar pelo conteúdo. Mostra grande
realidade esquecida desse desprendimento que orienta,
que previne, que salva. Leia, leitor, e deixe-se
emocionar e refletir sobre o doce conteúdo:
Meu nome é Micael. Sou um dos espíritos designados para
a guarda das crianças. Que suave missão! E que
felicidade proporciona à alma! A guarda das crianças?
perguntareis. Mas elas não têm suas mães, bons anjos
designados para essa guarda? E por que ainda é
necessário um Espírito para delas se ocupar? Mas não
pensais nas que não têm mais essa boa mãe? Não as há, e
muitas? E a mãe, ela mesma, por vezes não necessita de
ajuda? Quem a desperta em meio ao seu primeiro sono?
Quem a faz pressentir o perigo, inventar o alívio quando
o mal é grave? Nós, sempre nós. Nós, que desviamos a
criança do barranco, para onde corre traquinas; que dela
afastamos os animais perigosos e que afastamos o fogo
que poderia misturar-se aos seus cabelos louros. Nossa
missão é suave! Somos ainda nós que lhes inspiramos a
compaixão pelo pobre, a doçura, a bondade. Nenhuma,
mesmo das piores, poderia perturbar-nos. Há sempre um
instante no qual seu coraçãozinho se abre para nós.
Quantos de vós admirar-se-ão desta missão. Mas não
dizeis sempre que há um Deus para as crianças, sobretudo
para as crianças pobres? Não, não há um Deus, mas anjos,
amigos. Como poderíeis explicar de outro modo esses
salvamentos miraculosos? Há ainda muitos outros poderes,
de cuja existência nem mesmo suspeitais. Há o Espírito
das flores, dos perfumes; há mil e um outros, cujas
missões mais ou menos elevadas vos pareceriam deliciosas
e invejáveis, após vossa dura vida de provas. Eu os
convidarei a virem ao vosso meio. Neste momento sou
recompensada por uma vida inteiramente dedicada às
crianças. Casada jovem com um homem que tinha muitas,
não tive a felicidade de ter as minhas próprias.
Inteiramente devotada a elas, Deus, o bom e soberano
Senhor, concedeu-me ser ainda guarda das crianças. Suave
e santa missão! eu o repito, e cuja plena eficácia as
mães aqui presentes não poderiam negar. Adeus, vou à
cabeceira dos meus pequenos protegidos. A hora do sono é
a minha hora, e é preciso que visite todas essas lindas
pálpebras fechadas. O bom anjo que vela por elas,
sabei-o, não é uma alegoria, mas uma verdade.
É de grande beleza a missão dos espíritos responsáveis
por outros espíritos. Seja pela maturidade que
alcançaram ou pelo espírito de serviço e amor ao
próximo, recebem essas missões de auxílio. Para
inteirar-se mais pelo assunto, veja em O Livro dos
Espíritos as questões 489 a 521. E mais
especificamente na questão 495 para grande reflexão.