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por Ricardo Orestes Forni

 

Não sei se você concorda


Fui ao dicionário verificar o significado da palavra missionário e encontrei esses dois significados: 1) aquele que se dedica a pregar uma religião, a catequizar e a trabalhar para a conversão de alguém à sua fé, especialmente entre povos pagãos; 2) aquele que recebeu ou assumiu a incumbência de realizar determinada tarefa ou promover a sua concretização.

Esse artigo visa conversarmos sobre o segundo deles e, por isso, dei o título acima.

Com base na segunda definição, você poderia evocar algum missionário em sua lembrança? Se for realizada essa pergunta em um Centro espírita, dois nomes, com muita justiça, serão citados de imediato: Chico Xavier e Divaldo.

Se a pergunta for realizada na religião católica, também com muito mérito serão lembradas Madre Teresa de Calcutá e irmã Dulce para falarmos em tempos mais atuais.

Na religião evangélica serão lembrados Martin Luther King e Albert Schweitzer e, da mesma forma, de maneira inatacável.

Como deixar de fora a figura de Mahatma Gandhi, não é mesmo?

Se fôssemos prosseguir, o espaço não daria para enumerá-los em um curto artigo como esse.

Mas o que eu gostaria de saber a sua opinião é se podemos considerar como missionária uma mulher nordestina, seja ela qual for, que dá à luz dez ou quinze filhos com toda a dificuldade que caracteriza os sertões daquela região do país. Dez a quinze Espíritos que têm a possibilidade de uma nova reencarnação graças ao heroísmo de uma mulher dessas. De Espíritos necessitados de retornar a novas oportunidades que a escola da Terra proporciona. O que você acha: é ou não é uma missionária essa mãe?

Falamos na mulher que tem muitos filhos. E aquela que tem apenas um só ou dois filhos, sendo que um deles jaz em um leito por toda uma existência, vitimado por um problema mental ou físico insolúvel? Essa mulher, em sua opinião, também não seria uma missionária?

Até agora fizemos citações contundentes. Mas será que podemos incluir como missionárias as pessoas que optam por levar uma vida, a mais saudável possível, limitada, evidentemente, pelas suas imperfeições? Lembramos que missionário, como nos ensina o dicionário, é aquele que realiza uma tarefa que se propôs a realizar como citado acima.

Quando Deus permite o nosso retorno a uma nova existência, qual é o propósito Dele? Não é que possamos colocar algo positivo no mundo para o nosso bem e para o bem de todos os semelhantes? Não é a de revelarmos a esse mundo e a nós mesmos a parcela divina que existe em todo ser criado por Ele com a finalidade, a mais nobre possível?

Acontece que, quando ouvimos essa palavra missionário, logo imaginamos grandes realizações! Espetáculos de grandeza moral que deixa boquiaberta toda uma plateia que vive egoisticamente!

Parece-me que Emmanuel, na página intitulada Servicinhos no livro Vinha de Luz, nos traz uma visão diferente para meditarmos quando ele ensina em determinado trecho: A maioria anda esquecida do valor dos pequenos trabalhos que se traduzem, habitualmente, num gesto de boas maneiras, num sorriso fraterno e consolador... Um copo de água pura, o silêncio ante o mal que não comporta esclarecimentos imediatos, um livro santificante que se dá com amor, uma sentença carinhosa, o transporte de um fardo pequenino, a sugestão do bem, a tolerância em face de uma conversação fastidiosa, os favores gratuitos de alguns vinténs, a dádiva espontânea ainda que humilde, a gentileza natural constituem serviços de grande valor que raras pessoas tomam à justa consideração.

Não menosprezes os servicinhos úteis.

Neles repousa o bem-estar do caminho diário para quantos se congregam na experiência humana.

Não sei se você concorda com uma linha sequer do que acabou de ler, mas, vamos nos empenhar para fazer alguns servicinhos sugeridos por Emmanuel?

Pode ser que estejamos dando origem aos grandes missionários dos milênios futuros...
 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita