Não sei se você concorda
Fui ao dicionário verificar o significado da palavra
missionário e encontrei esses dois significados:
1) aquele que se dedica a pregar uma religião, a
catequizar e a trabalhar para a conversão de alguém à
sua fé, especialmente entre povos pagãos; 2) aquele que
recebeu ou assumiu a incumbência de realizar determinada
tarefa ou promover a sua concretização.
Esse artigo visa conversarmos sobre o segundo deles e,
por isso, dei o título acima.
Com base na segunda definição, você poderia evocar algum
missionário em sua lembrança? Se for realizada
essa pergunta em um Centro espírita, dois nomes, com
muita justiça, serão citados de imediato: Chico Xavier e
Divaldo.
Se a pergunta for realizada na religião católica, também
com muito mérito serão lembradas Madre Teresa de Calcutá
e irmã Dulce para falarmos em tempos mais atuais.
Na religião evangélica serão lembrados Martin Luther
King e Albert Schweitzer e, da mesma forma, de maneira
inatacável.
Como deixar de fora a figura de Mahatma Gandhi, não é
mesmo?
Se fôssemos prosseguir, o espaço não daria para
enumerá-los em um curto artigo como esse.
Mas o que eu gostaria de saber a sua opinião é se
podemos considerar como missionária uma mulher
nordestina, seja ela qual for, que dá à luz dez ou
quinze filhos com toda a dificuldade que caracteriza os
sertões daquela região do país. Dez a quinze Espíritos
que têm a possibilidade de uma nova reencarnação graças
ao heroísmo de uma mulher dessas. De Espíritos
necessitados de retornar a novas oportunidades que a
escola da Terra proporciona. O que você acha: é ou não é
uma missionária essa mãe?
Falamos na mulher que tem muitos filhos. E aquela que
tem apenas um só ou dois filhos, sendo que um deles jaz
em um leito por toda uma existência, vitimado por um
problema mental ou físico insolúvel? Essa mulher, em sua
opinião, também não seria uma missionária?
Até agora fizemos citações contundentes. Mas será que
podemos incluir como missionárias as pessoas que optam
por levar uma vida, a mais saudável possível, limitada,
evidentemente, pelas suas imperfeições? Lembramos que
missionário, como nos ensina o dicionário, é aquele que
realiza uma tarefa que se propôs a realizar como citado
acima.
Quando Deus permite o nosso retorno a uma nova
existência, qual é o propósito Dele? Não é que possamos
colocar algo positivo no mundo para o nosso bem e para o
bem de todos os semelhantes? Não é a de revelarmos a
esse mundo e a nós mesmos a parcela divina que existe em
todo ser criado por Ele com a finalidade, a mais nobre
possível?
Acontece que, quando ouvimos essa palavra missionário,
logo imaginamos grandes realizações! Espetáculos de
grandeza moral que deixa boquiaberta toda uma plateia
que vive egoisticamente!
Parece-me que Emmanuel, na página intitulada
Servicinhos no livro Vinha de Luz, nos traz
uma visão diferente para meditarmos quando ele ensina em
determinado trecho: A maioria anda esquecida do valor
dos pequenos trabalhos que se traduzem, habitualmente,
num gesto de boas maneiras, num sorriso fraterno e
consolador... Um copo de água pura, o silêncio ante o
mal que não comporta esclarecimentos imediatos, um livro
santificante que se dá com amor, uma sentença carinhosa,
o transporte de um fardo pequenino, a sugestão do bem, a
tolerância em face de uma conversação fastidiosa, os
favores gratuitos de alguns vinténs, a dádiva espontânea
ainda que humilde, a gentileza natural constituem
serviços de grande valor que raras pessoas tomam à justa
consideração.
Não menosprezes os servicinhos úteis.
Neles repousa o bem-estar do caminho diário para quantos
se congregam na experiência humana.
Não sei se você concorda com uma linha sequer do que
acabou de ler, mas, vamos nos empenhar para fazer alguns
servicinhos sugeridos por Emmanuel?
Pode ser que estejamos dando origem aos grandes
missionários dos milênios futuros...
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