Ainda é tempo de semear
“Ide, eis que vos mando!”
– Jesus (Mateus, 10:16)
Vivemos em um mundo que ainda é uma enorme Jerusalém,
reunindo criaturas dos mais variados matizes, onde
muitos de nós aguardam a morte do corpo físico a fim de
ouvir as sublimes palavras do Cristo. No entanto,
esquecemos que o Mestre permanece vivo em Seu evangelho
de amor e luz.
Somos aprendizes dele, aproximando-nos do trabalho
bendito, desejando revelações diretas e afirmando
convictos que teríamos mais fé se ouvíssemos Jesus de
modo íntimo em Suas manifestações divinas. Acreditamos
ser merecedores das dádivas celestes, mas, também,
argumentamos que o serviço da Boa Nova é demasiadamente
grande para o esforço humano, sem percebermos que a
preguiça mistura-se com a vaidade, anulando nossas
forças. Isto acontece porque ainda não sabemos ouvir o
Mestre e ignoramos que o serviço que nos foi confiado é
aquele a que fomos chamados.
Sabemos que a Boa Nova está repleta de convites amorosos
para que nos edifiquemos no exemplo do Irmão maior;
todavia, nem sempre compreendemos esse imperativo de
iluminação própria, em favor da harmonia na obra a
realizar. Por esta razão, torna-se indispensável nos
elevarmos ao monte da exemplificação, apesar das
dificuldades da subida angustiosa, apresentando-nos na
categoria de cristãos em construção. Assim, se nos
compenetrarmos na lição do Cristo, precisaremos de
disposição para doar as nossas forças na atividade
incessante no bem para que o Evangelho brilhe no caminho
da redenção para todos.
Sigamos adiante e, se lágrimas nos banharem a ponto de
sentirmos a noite dentro dos olhos, entreguemo-nos nas
mãos de Jesus, continuando a servir, na certeza de que a
vida faz ressurgir o pão da terra lavrada e que o sol de
Deus, amanhã, nos trará novo dia.
Jesus necessita de cooperadores fiéis, bondosos,
prudentes, mas, também, valorosos para que sejam
enviados ao centro do conflito áspero, não no sentido de
quem remete carneiros ao matadouro, mas, sim, à terra de
serviço, onde poderemos semear novos e sublimados dons
espirituais, por meio da exemplificação no bem. No
entanto, percebemos que há companheiros acreditando
serem colaboradores do Cristo porque levantam mãos
postas ao céu em atitude suplicante, sem nada
realizarem. Quando o Mestre afirmou: “Ide, eis que
vos mando!”, deixa claro que existe muito
trabalho a ser efetuado e muitas ações no bem a serem
implantadas. Mãos vazias e erguidas sem obras são
inúteis na seara de Jesus.
Desta forma, perceberemos que o mundo é o campo onde
encontraremos nossa cota de colaboração, procurando
entender que realmente necessitamos ir aos lobos e não
esperar que eles venham até nós, não na posição de fera
contra fera, mas na posição de verdadeiros embaixadores,
ou seja, como doadores da vida eterna, trabalhando em
esforço infindável no bem até a vitória final. O terreno
é imenso e reclama trabalhadores devotados que não
demonstrem predileções pessoais por zonas de serviço ou
gênero de tarefas. Muitos se apresentam ao trabalho, mas
são raros os verdadeiros servidores. Há enorme diferença
entre as solicitações do mundo e a voz do Amigo
celestial a nos dizer que quem tiver ouvidos de ouvir
escute-as com o coração, enquanto é tempo de semear.
Jamais olvidemos que o Mestre passou entre nós
trabalhando e, se examinarmos a natureza de Sua
cooperação sacrificial, aprenderemos com Ele a
felicidade de servir, pois o trabalho reconforta e o
serviço ao próximo anula os detritos do mal. Trabalhar é
produzir transformação, oportunidade e movimento; servir
é criar simpatia, fraternidade e luz, pois ninguém
abraça o roteiro do Evangelho para estirar-se em redes
de fantasia.
Somos chamados a melhorar e elevar o nível desta
vivência terrena, e, quando efetivamente vivermos em
Cristo, a existência será um caminho repleto de
esperança, trabalho, alegria, mas plenamente aberto às
surpresas e ensinamentos da verdade, sem qualquer
ilusão.
Aprendizes da Boa Nova que somos, se não improvisarmos a
alegria de servir aos semelhantes, permaneceremos muito
longe do verdadeiro discipulado, porque, se há mais
alegria em dar que em receber, há mais felicidade em
servir que em ser servido. Somente assim teremos tomado
a cruz da redenção que nos compete, negando a nós
mesmos, de modo a seguir os passos do Mestre.
Da manjedoura ao calvário, Jesus passou entre os
obstáculos que se transfiguraram a Ele em degraus para a
volta ao Pai, e aceitou a cruz como a Sua maior mensagem
de amor à humanidade, legando-nos, como exemplo vivo, a
porta estreita do sacrifício e renúncia como sendo o
mais belo caminho de paz e libertação.
Aprendamos com o meigo Rabi da Galileia a ciência da
renovação pelo bem, melhorando situações, servindo
sempre como quem sabe que fazer é o melhor processo de
aconselhar. A atividade divina jamais cessa e no quadro
da luta benéfica é que entalharemos a nossa vitória,
avançando confiantes para o grande futuro em nome do
Evangelho, com serenidade, brandura e esperança no
porvir.
Entendemos, deste modo, que servir ao Cristo é encarnar,
é crescer junto ao joio, é estar em meio a lobos,
trabalhando pela paz, agindo de tal forma que tenhamos a
consciência tranquila em qualquer situação,
acompanhando-O, exercitando Seus ensinamentos em todas
as circunstâncias. O mundo vem contando com as
claridades d’Aquele que é compreendido como a “luz do
mundo”, e Sua presença permanente e abnegada
continuará, até que, sensibilizados, um dia, pelas suas
emissões radiosas, penetraremos em espírito e verdade
nos domínios da perfeição possível, que nos garantirá a
felicidade.
Bibliografia:
RIBEIRO, Cesar Saulo coordenador – O Evangelho por
Emmanuel segundo Lucas – 1ª edição – Brasília/DF/
Editora FEB – 2015 – páginas 119, 199 e 299.
Ribeiro, Cesar Saulo coordenador – O Evangelho por
Emmanuel segundo Mateus – 1ª edição – Brasília/DF/
Editora FEB – 2016 – páginas 90, 93 e 404.
XAVIER, C. Francisco – Caminho, Verdade e Vida –
ditado pelo Espírito Emmanuel – 28ª edição – Rio de
Janeiro/RJ/ Editora FEB – 2011 – capítulo 47.