Se Deus está no leme, o que temer?
Aproveitando os últimos dias de férias de meu filho,
levei-o, junto de minha filha mais velha, para conhecer
o Planetário do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Após
um trânsito caótico, acrescido de muita dificuldade para
conseguirmos uma vaga para estacionarmos o carro,
consegui, no último minuto, adentrar o recinto, com a
respiração para lá de ofegante. Levei certo tempo para
me recompor. De início passaram breve filme mostrando
uma pequena história envolvendo duas crianças:
Marquinhos e Silvinha. Ambos precisavam entregar na
semana seguinte um trabalho na escola, uma pesquisa
sobre o Sistema Solar. Como é comum nos dias de hoje, os
dois conversavam por um chat, e combinavam a melhor
maneira de realizarem a tarefa pedida pelo colégio.
Marquinhos decidiu começar buscando na internet os dados
necessários. Despediu-se de Silvinha e passou a procurar
sites com as informações sobre o sistema solar. Acontece
que já era tarde e Marquinhos sentia muito sono. Depois
de uma breve visita em um site bastante interessante,
adormeceu em frente ao computador. É quando se encontra
com Silvinha, dando-nos a impressão, nesta parte do
pequeno filme, que ambos estavam desdobrados de seus
corpos, prontos para viverem uma grande viagem no Plano
Espiritual. Após se encontrarem eis que surge uma
pequena nave com as características do computador de
Marquinhos, aumentada com bancos e capota de proteção.
Subiram e aí começou a grande aventura dos pequenos.
Neste instante, apagam-se todas as luzes e, através de
um aparelho moderníssimo alemão, reproduz-se no teto do
planetário, absolutamente escuro momentos antes, todas
as estrelas que podemos perceber a partir do nosso
planeta. Milhares delas!
Da minha poltrona reclinada, comecei a vislumbrar aquele
maravilhoso cenário. Lágrimas começaram a verter de meus
olhos: Quanta gratidão senti pelo Criador! Quanta
beleza, quantos sóis com seus planetas, quantas moradas,
quantas oportunidades de aprendizagem para seus filhos
queridos... chorei, emocionada e feliz por estar
reconhecendo ali parte do amor de Deus.
Então as crianças começaram sua grande aventura pelo
nosso sistema: Começaram por Mercúrio, Vênus, Marte...
e, numa viagem interplanetária como aquela, onde me
entreguei às sensações que o momento pedia, quando
avistei o Planeta Terra, outro impacto: quanto amor
senti por aquela bola azul no céu... que sensação
de lar, doce lar! Por mais soubesse de nossas
dificuldades, eis que me veio a sensação de acolhimento
sem-fim. Naquela visão não existiam fronteiras, países,
etnias, credos... apenas uma grande Casa ocupada por uma
enorme família de seres de inúmeras espécies, raças e
jeitos. A minha família terráquea - a nossa família!
Seguimos adiante e, passeando pelo espaço, visitamos
todos os planetas do sistema, os sólidos e os gasosos,
os maiores, os menores, inclusive os chamados planetas
anões. Retornamos para casa, as crianças acordaram e
então passamos para outro filme, desta vez com uma
viagem intergaláctica, visitando estrelas, galáxias,
berços de estrelas, buracos negros etc. Foi neste
instante que tive novamente a sensação de pequenez e de
privilégio.
Senti-me minúscula, porém enorme perante o amor do Pai.
Pequenina diante do Universo, entretanto gigante porque
filha de Deus.
Quanto à minha pequenez, ela se evidenciou nas questões
do saber. Como nos considerarmos ‘sabidos’ diante disso
tudo o que nos rodeia? Sabemos tão pouco! Nem mesmo o
próprio corpo que habitamos é realmente conhecido. Nem
mesmo as profundezas da alma. Porém, arraigados nas
teias de nosso orgulho gigante, seguimos os dias criando
sistemas que desejam se sobrepor a outros sistemas,
chegando ao cúmulo de matarmos nossos irmãos, usando
nosso intelecto até mesmo para acusar o Criador ou ainda
negá-lo...
No início, era para ter sido apenas uma tarde de
entretenimento e cultura. Mas se tornou bem mais que
isso.
Um passeio que me levou para longe, bem longe, não
apenas em distância, mas em reflexões.
Quem me conhece sabe que gosto de fotografar a natureza.
Esta prática é um tipo de meditação, pois me pede
atenção plena, foco, percepção aguçada. Enquanto busco
os pássaros, as árvores, os insetos, o céu, vou me
reconectando a tudo o que é, como eu, natural. Sinto-me
calma, cheia de força e proteção. Reconheço a
interdependência entre todos os seres.
Constantemente a vida nos presenteia com dicas sagradas
sobre ela mesma. Para podermos perceber sua atuação e
sabedoria é preciso manter a atenção no momento
presente, com os atentos olhos da alma desperta. Quando
fazemos isso, toda a ansiedade se vai, como poeira no
vento. Ficamos inteiros, pacificados, lúcidos. Deus está
no leme. Ele é a causa de tudo. Ele é amor e suprema
inteligência. O que temer, então?
Com os “olhos de ver”, podemos nos reconhecer na
grandiosidade do Universo como parte integrante, em
comunhão com todas as bênçãos da Vida e perceber que, no
fim, tudo está sob a Grande Lei e tudo seguirá para o
melhor. Sempre!
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