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por Claudia Gelernter

 

Se Deus está no leme, o que temer?


Aproveitando os últimos dias de férias de meu filho, levei-o, junto de minha filha mais velha, para conhecer o Planetário do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Após um trânsito caótico, acrescido de muita dificuldade para conseguirmos uma vaga para estacionarmos o carro, consegui, no último minuto, adentrar o recinto, com a respiração para lá de ofegante. Levei certo tempo para me recompor. De início passaram breve filme mostrando uma pequena história envolvendo duas crianças: Marquinhos e Silvinha. Ambos precisavam entregar na semana seguinte um trabalho na escola, uma pesquisa sobre o Sistema Solar. Como é comum nos dias de hoje, os dois conversavam por um chat, e combinavam a melhor maneira de realizarem a tarefa pedida pelo colégio. 

Marquinhos decidiu começar buscando na internet os dados necessários. Despediu-se de Silvinha e passou a procurar sites com as informações sobre o sistema solar. Acontece que já era tarde e Marquinhos sentia muito sono. Depois de uma breve visita em um site bastante interessante, adormeceu em frente ao computador. É quando se encontra com Silvinha, dando-nos a impressão, nesta parte do pequeno filme, que ambos estavam desdobrados de seus corpos, prontos para viverem uma grande viagem no Plano Espiritual. Após se encontrarem eis que surge uma pequena nave com as características do computador de Marquinhos, aumentada com bancos e capota de proteção. Subiram e aí começou a grande aventura dos pequenos. Neste instante, apagam-se todas as luzes e, através de um aparelho moderníssimo alemão, reproduz-se no teto do planetário, absolutamente escuro momentos antes, todas as estrelas que podemos perceber a partir do nosso planeta. Milhares delas!

Da minha poltrona reclinada, comecei a vislumbrar aquele maravilhoso cenário. Lágrimas começaram a verter de meus olhos: Quanta gratidão senti pelo Criador! Quanta beleza, quantos sóis com seus planetas, quantas moradas, quantas oportunidades de aprendizagem para seus filhos queridos... chorei, emocionada e feliz por estar reconhecendo ali parte do amor de Deus.

Então as crianças começaram sua grande aventura pelo nosso sistema: Começaram por Mercúrio, Vênus, Marte... e, numa viagem interplanetária como aquela, onde me entreguei às sensações que o momento pedia, quando avistei o Planeta Terra, outro impacto: quanto amor senti por aquela bola azul no céu... que sensação de lar, doce lar! Por mais soubesse de nossas dificuldades, eis que me veio a sensação de acolhimento sem-fim. Naquela visão não existiam fronteiras, países, etnias, credos... apenas uma grande Casa ocupada por uma enorme família de seres de inúmeras espécies, raças e jeitos. A minha família terráquea - a nossa família!

Seguimos adiante e, passeando pelo espaço, visitamos todos os planetas do sistema, os sólidos e os gasosos, os maiores, os menores, inclusive os chamados planetas anões. Retornamos para casa, as crianças acordaram e então passamos para outro filme, desta vez com uma viagem intergaláctica, visitando estrelas, galáxias, berços de estrelas, buracos negros etc. Foi neste instante que tive novamente a sensação de pequenez e de privilégio.

Senti-me minúscula, porém enorme perante o amor do Pai.

Pequenina diante do Universo, entretanto gigante porque filha de Deus.

Quanto à minha pequenez, ela se evidenciou nas questões do saber. Como nos considerarmos ‘sabidos’ diante disso tudo o que nos rodeia? Sabemos tão pouco! Nem mesmo o próprio corpo que habitamos é realmente conhecido. Nem mesmo as profundezas da alma. Porém, arraigados nas teias de nosso orgulho gigante, seguimos os dias criando sistemas que desejam se sobrepor a outros sistemas, chegando ao cúmulo de matarmos nossos irmãos, usando nosso intelecto até mesmo para acusar o Criador ou ainda negá-lo...

No início, era para ter sido apenas uma tarde de entretenimento e cultura. Mas se tornou bem mais que isso.

Um passeio que me levou para longe, bem longe, não apenas em distância, mas em reflexões.

Quem me conhece sabe que gosto de fotografar a natureza. Esta prática é um tipo de meditação, pois me pede atenção plena, foco, percepção aguçada. Enquanto busco os pássaros, as árvores, os insetos, o céu, vou me reconectando a tudo o que é, como eu, natural. Sinto-me calma, cheia de força e proteção. Reconheço a interdependência entre todos os seres.

Constantemente a vida nos presenteia com dicas sagradas sobre ela mesma. Para podermos perceber sua atuação e sabedoria é preciso manter a atenção no momento presente, com os atentos olhos da alma desperta. Quando fazemos isso, toda a ansiedade se vai, como poeira no vento. Ficamos inteiros, pacificados, lúcidos. Deus está no leme. Ele é a causa de tudo. Ele é amor e suprema inteligência. O que temer, então?

Com os “olhos de ver”, podemos nos reconhecer na grandiosidade do Universo como parte integrante, em comunhão com todas as bênçãos da Vida e perceber que, no fim, tudo está sob a Grande Lei e tudo seguirá para o melhor. Sempre!

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita