Entre os Dois
Mundos
(Parte 29)
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do
livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de
Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P.
Franco no ano de 2004.
Questões preliminares
A. A partir de que momento a vida de uma criança se
inicia?
No momento em que ocorre a
união do espermatozoide com o óvulo. É então que se pode
afirmar que a vida biológica de uma pessoa tem início.
(Entre os dois
mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
B. O Espírito reencarnante toma conhecimento das
ocorrências que se dão a partir da fecundação?
Em alguns casos, sim. É o
que aconteceria com Aurino, o espírito reencarnante
citado neste livro. Germano explicou: “Enquanto se
encontre lúcido, experimentará a atração das células,
que serão penetradas pela organização perispiritual
encarregada da formação dos órgãos, dos departamentos
próprios do corpo – soma, emoção e psiquismo. À medida,
porém, que seja absorvido pela vestidura carnal, irão
desaparecendo, a pouco e pouco, as percepções, a
sensibilidade, até o mergulho total no corpo”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
C. Podemos afirmar, com base em tantos relatos, que a
escada do êxito é sempre feita de degraus muito ásperos?
Sim. E esses degraus tão
ásperos somente os pés resolutos conseguem vencer. Nunca
falta, porém, à criatura humana o auxílio superior,
porque, empenhada no bem-fazer, a pessoa granjeará
simpatias e afeições outras que contrabalançarão as
agressões momentâneas. Esse seria o caso de Aurino; pelo
menos é o que seus protetores espirituais esperavam.
(Entre os dois
mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
Texto para leitura
256. No processo de
fecundação, o espermatozoide pode demorar até 12h de
navegação pelo aparelho reprodutor feminino,
ascendendo, passando pelo colo do útero para, na
referida trompa de Falópio, ter início a vida. Os demais
que não lograrem êxito ficarão por vários dias em torno
do oócito, sem qualquer perigo para o zigoto, que agora
viajará por quase três dias para sua fixação no útero,
ou seja, a nidação.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
257. No interior dessa
formação começa o mais desafiador fenômeno da fatalidade
biológica, em que a Natureza, ao influxo dos sublimes
engenheiros espirituais, gastou alguns bilhões de anos
para organizar-se, iniciando-se os vários fenômenos
mediante a fusão das células.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
258. Atendendo a esse
impositivo energético, o protoplasma do óvulo começa a
vibrar violentamente. De imediato, os núcleos do
espermatozoide e do óvulo aproximam-se, crescem e
libertam-se das suas membranas protetoras, fundindo-se.
Os 23 cromossomos paternos unem-se aos 23 maternos,
dando surgimento à organização de uma célula única com
46 cromossomos que contém todos os códigos da futura
organização fisiológica e, na sequência, se converterá
em trilhões de células, algumas específicas e
insubstituíveis como os neurônios cerebrais, outras
encarregadas da ossatura, dos nervos, das glândulas
endócrinas, dos músculos e sucessivamente.
(Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de
libertação.)
259. A partir desse
momento, toda vez que ocorra uma mitose(1)
cada nova célula conduzirá com exatidão uma cópia
perfeita desse incomparável programa biológico do qual
resulta a vida.
(Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de
libertação.)
260. Diz Manoel Philomeno
que, na sequência, foram aplicadas energias especiais no
corpo da futura mamãe, que acompanhava com o marido as
providências tomadas. Aurino, o reencarnante, acolhido
nos braços do amor, adormecera.
(Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de
libertação.)
261. O botânico, o biólogo, o embriologista, o
neurologista, enfim, o estudioso das delicadas
tecelagens do ser – vegetal, animal e especialmente
humano – não poderiam – diz Philomeno – deixar de
comover-se com os quadros espetaculares da vida que
defronta em toda parte, em que tudo revela uma
causalidade que transcende a capacidade de
entendimento, o que, de maneira nenhuma, lhe anula a
grandeza. Na menor partícula de qualquer coisa há um
oceano
de fenômenos acontecendo automaticamente, numa
reprodução sistêmica do que acontece no macrocosmo.
(Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de
libertação.)
262. Voltando aos fatos
que acabaram de acompanhar, Philomeno acercou-se do seu
amigo Germano e perguntou-lhe: “Poderemos considerar
iniciada a fecundação, a partir deste momento?” O
gentil médico respondeu: “Não. Enquanto não haja a
união do espermatozoide com o óvulo, que logo mais se
dará, conforme esperamos, já que tudo transcorre de
acordo com a programação estabelecida, é que podemos
afirmar que a vida biológica terá início”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
263. Aurino, o espírito
reencarnante, tomaria conhecimento das ocorrências que
se desdobrariam a partir do momento da fecundação?
“Naturalmente!” – explicou Germano. “Enquanto se
encontre lúcido, experimentará a atração das células,
que serão penetradas pela organização perispiritual
encarregada da formação dos órgãos, dos departamentos
próprios do corpo – soma, emoção e psiquismo. À medida,
porém, que seja absorvido pela vestidura carnal, irão
desaparecendo, a pouco e pouco, as percepções, a
sensibilidade, até o mergulho total no corpo.”
(Entre os dois mundos.
Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
264. Germano informou
ainda que no caso de Aurino, como se tratava de uma
reencarnação especial, programada com muito cuidado,
teria ele constantes visitas de amigos do plano
espiritual, como também viria com frequência à esfera de
atividades no plano invisível, renovando projetos,
reacendendo lembranças, desenvolvendo o roteiro traçado.
(Entre os dois
mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
265. Tendo em vista o
ministério que deverá desenvolver na Terra, seria
agredido pelos inimigos espirituais da Humanidade?
Foram tomadas providências preventivas para isso?
Sorrindo, Germano esclareceu: “Não há, como sabemos,
privilégios perante as divinas leis. Todos somos
constituídos do mesmo material no mundo, enfrentando
idênticas ocorrências do carreiro carnal, sujeitos aos
mesmos embates. Ocorre, porém, que o nosso Aurino é
portador de excelentes dons da mente e do coração, que
os granjeou em experiências de abnegação e de
sofrimento, preparando-se para cometimentos mais
grandiosos. Por outro lado, conforme nos foi
informado por ele mesmo, os seus pais estão-lhe
vinculados por laços de afeto que o tempo não
interrompeu. No entanto, ele enfrentará verdadeiras
legiões de opositores, seja nas pesquisas a que se venha
entregar, seja entre os companheiros de lide
espiritista, ainda não despidos da vaidade, do ciúme, da
inferioridade que permanecem em nós... Simultaneamente,
experimentará a agressão gratuita ou não dos infelizes
obsessores, que se nutrem da ignorância e da
perversidade humanas, considerando-se imbatíveis e,
portanto, enfrentando os missionários do Senhor”.
(Entre os dois
mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
266. Germano informou,
porém, que em compensação os responsáveis pela
reencarnação de Aurino providenciaram assepsia psíquica
no ninho doméstico, de forma que tudo pudesse
transcorrer sem perturbação, evitando choques
psicológicos desenhados no seu futuro. Contudo,
conforme suas próprias palavras, ele terá a seu lado um
irmão sofredor, alienado, que lhe constituirá desafio
na afetividade, na assistência amorosa e cristã.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
267. A escada do êxito –
concluiu Germano – é feita de degraus muito ásperos, que
somente os pés resolutos conseguem vencer. “Nunca
faltará, porém, o auxílio superior, mesmo porque,
empenhado no bem-fazer, ele granjeará simpatias e
afeições outras, que contrabalançarão as agressões
momentâneas.” Aurino, conforme foi explicado na
sequência, pertencia ao grupo espiritual do irmão
Policarpo, que acompanhava, certamente, os passos
iniciais do novo roteiro do seu tutelado.
(Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de
libertação.)
268. Refletindo sobre tudo
o que ouviu, Philomeno teceu as seguintes considerações:
“Sempre se comenta sobre o mal que existe no mundo, as
dificuldades e os sofrimentos, sem recordar-se de que o
amor predomina em todo lugar, lamentavelmente não
identificado pelas nossas deficiências evolutivas. É
inegável que o bem fascina e arrebata milhões de
espíritos, que se afadigam em total entrega ao seu
ministério libertador. Em toda parte vige a Presença
Divina. Mesmo naquilo que se considera gravame, miséria
e dor, tragédia, desgraça e infortúnio, o Celeste
Escultor trabalha a essência da vida para que avance no
rumo da sua gloriosa imortalidade”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 19: Compromisso de libertação.)
269. A glória e a honra de servir –
Fazendo
breve avaliação do empreendimento encetado, ao primeiro
ensejo Dr. Arquimedes considerou que os planos
estabelecidos estavam sendo atendidos com rigor, nada
obstante ainda deveria a equipe socorrista prosseguir,
por mais algum tempo, contribuindo em favor de valorosos
seareiros cristãos comprometidos com o Espiritismo e a
instauração, na Terra, do Consolador prometido.
(Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra
de servir.)
270. Há quase um século – informou o nobre amigo – em
tranquilo burgo, o Evangelho de Jesus vem sendo
vivenciado, graças ao esforço ingente de abnegada mãe,
que aprendeu com o filho, missionário do amor, a louvar
e reverenciar o Mestre Incomparável. Aceitando a
maternidade sublimada, ofereceu oportunidade a uma
família espiritual, na condição de filhos, para renascer
nos seus braços, entre os quais um apóstolo da
mediunidade e da ação caridosa. Com esse filho,
especialmente dotado, abraçou os sofredores como seus
próprios descendentes, seguindo-lhe os exemplos de
incomum dedicação, que o tornaram inolvidável na
memória dos seus beneficiários e de todos que tomaram
conhecimento da sua existência santificada.
(Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra
de servir.)
271. Quando no auge do
ministério do filho, que foi mestre de algumas gerações
e socorro de outras tantas, e as dificuldades
avultavam, em face dos infelizes que chegavam de
diversos lugares, incluindo obsessos que a Medicina da
época rotulara de loucos incuráveis, sendo por ele
abrigados em um pavilhão que fora construído para esse
fim, ela resolveu cooperar de maneira mais eficiente,
além do que já fazia, recorrendo à oração.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 20: A glória e a honra de servir.)
272. Diariamente, quanto lhe permitiam os deveres
múltiplos, refugiava-se na prece, mergulhando a mente e
o coração em uma das páginas luminosas de
O Evangelho segundo o Espiritismo,
de Allan Kardec, nas quais hauria forças e entusiasmo
para prosseguir na luta. O filho estimulava-a, bem como
a outras pessoas que se acercaram, em razão dos
benefícios espirituais que os renovavam, tornando-se,
desde então, um hábito, que nem o transcorrer do tempo
nem as circunstâncias, algumas muito severas,
conseguiram interromper.
(Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra
de servir.)
273. Desencarnando, aureolada de bênçãos e recebida pelo
filho muito amado, que a precedera e lhe houvera
reservado domicílio de paz, na esfera que habita, uma de
suas filhas deu prosseguimento ao ministério iluminativo,
continuando, até este momento, graças ao devotamento de
algumas das suas netas.
(Entre os dois mundos. Capítulo 20: A glória e a honra
de servir.) (Continua no próximo número.)
(1)
Mitose: divisão celular que resulta na formação de 2
células geneticamente idênticas à célula original.