O semear tende ao infinito...
Jesus Cristo, ao nos ensinar por parábolas, nos traz
profundas reflexões na Parábola do Semeador (Mt 13:3-9;
Mc 4:3-9; Lc 8:4-8).
Allan Kardec, no Livro “O Céu e o Inferno”, logo no
capítulo I, quando faz apontamentos sobre “O porvir e o
nada” menciona que “pela crença do nada o homem
concentra, forçosamente, todos os seus pensamentos na
vida presente”. Quando a semente cai pelo caminho e os
pássaros a comem, Jesus nos fala da fugacidade, da
semeadura sem consciência espiritual, da semeadura
material, aquela necessidade que o homem possui e que
passa tão rapidamente que não traz senão a satisfação
momentânea sem construção salutar alguma. Kardec aponta
para esse olhar egoísta em que o homem pensa somente em
si, sendo o egoísmo um obstáculo para a evolução moral.
O homem de fato evolui, cada um a seu tempo, entretanto,
quanto mais obscuro o envoltório ocular e das
percepções, mais morosa é a caminhada, ocorrendo assim
entraves nesta jornada. As sementes são largadas,
jogadas ao léu, mas sem a colheita. O coração se enche
de orgulho e devasta aquela existência. A vivência do
Espírito se torna incrédula.
De uma forma simplista,
leiga e ausente do conhecimento da espiritualidade, a
humanidade nasceria então isenta de qualquer
responsabilidade perante o mundo em que vive. Todo o
conhecimento científico e apropriação da cultura é
condicionado aos processos educacionais implícitos em
cada realidade. Entretanto, nós espíritas, sabemos da
bagagem do Espírito e compreendemos que ao nascermos
nesta existência boa parte da semeadura foi realizada em
existências anteriores e se estende ao infinito em um
continuum.
Vejamos a análise pela lei de causa e efeito. Se a
semente é plantada na rocha, na pedra, sem semeadura e
sem cuidados, certamente a germinação está prejudicada.
Quantos de nós, por diversos momentos, plantamos essa
semente na pedra, por palavras proferidas e colocadas em
momentos inoportunos, com pensamentos depreciativos e
destrutivos? Certamente, o efeito disso é a morte da
semente plantada. É o fracasso da vida, pois a semente é
o elemento divino do porvir.
Um exemplo: o olhar materializado para as coisas do
mundo, sem a influência do conhecimento da
espiritualidade conduz a uma cegueira espiritual,
obscurecendo as luzes da verdadeira vida e leva o
Espírito ao sono profundo da ignorância.
A semente nada mais é que nosso coração. Cada um tem sua
história, mas o coração fértil envolto e regado pela Luz
Divina supõe trabalho com aprendizagens, ora dolorosas
ora ditosas. É um misto de vivências que nos constroem
em busca da evolução espiritual constante.
Quando Jesus nos chama a atenção para a semeadura, Ele
nos coloca como responsáveis pela nossa existência e a
lei do livre-arbítrio regula, então, esta semeadura, e a
vivência no Evangelho é o solo fértil para germinar as
sementes plantadas pelas nossas experiências.
Assim, ora depuramos as tendências, ora adquirimos novos
débitos e ora internalizamos virtudes que se cristalizam
em nossa consciência.
Enfim, nossa evolução espiritual tende ao infinito.
Lívia Maria Ribeiro Leme Anunciação
reside em Bauru (SP).