Caos momentâneo
O Espírito Erasto, na mensagem Os conflitos1,
cita palavras do Espírito São Luís, um dos responsáveis
pela Codificação Espírita, referindo-se a uma verdadeira
Torre de Babel no que diz respeito aos prejuízos do
orgulho e da exaltação do amor-próprio nos médiuns.
Citando Espíritos pseudossábios, falsos grandes homens,
falsos religiosos e falsos irmãos da erraticidade, em
meio a essa multidão de médiuns por eles fanatizados,
aos quais ditam teses mentirosas e perigosas, na
construção de autênticos andaimes erigidos pela ambição
e a inveja, solicita aos espíritas sinceros que não se
amedrontem com o caos momentâneo.
Embora a mensagem seja de 1863, verifica-se sua
atualidade nas lutas do movimento espírita diante de
tantas insinuações, tentativas de novidades dispensáveis
e disputas próprias da exaltação do orgulho ou do
amor-próprio ainda vigentes em nossa condição humana.
Por isso, indica o nobre Erasto:
“(...) Assim, pois, meus amigos, tendes que vos
defender, não só contra os ataques e calúnias dos
adversários vivos, mas, também, contra as manobras,
ainda mais perigosas, dos adversários da erraticidade.
Fortificai-vos, pois, em estudos sadios e, sobretudo,
pela prática do amor e da caridade, e retemperai-vos na
prece. Deus sempre ilumina os que se consagram à
propagação da verdade, quando estão de boa-fé e
desprovidos de toda ambição pessoal. (...)”.
Pela grandeza da mensagem que ora estamos nos referindo,
elaboramos também outra abordagem com o título "Que vos
importam os médiuns?", que o leitor encontrará fácil
pela internet, de vez que ambas foram elaboradas e
liberadas simultaneamente para divulgação. Optamos por
duas abordagens ao invés de uma matéria mais longa.
Naquela abordagem, baseada na pergunta do próprio
Erasto, ele mesmo nos dá a óbvia resposta: os médiuns
não passam de instrumentos.
Por isso, nomes pomposos ou famosos nada significam.
Como indica o Espírito “(...) O que deveis considerar é
o valor, é o alcance dos ensinamentos que vos são dados;
é a pureza da moral que vos é ensinada; é a clareza, é a
precisão das verdades que vos são reveladas; é, enfim,
ver se as instruções que vos dão correspondem às
legítimas aspirações das almas de escol e se são
conformes às leis gerais e imutáveis da lógica e da
harmonia universal. (...)”.
Uma vez mais, a precisa orientação de não nos
impressionarmos pelos nomes que assinam as psicografias.
O que vale e deve ser analisado é o conteúdo antes que o
entusiasmo fácil nos encante pelo nome assinado. Por
isso, continua Erasto:
“(...) Os Espíritos imperfeitos, que representam um
papel de apóstolo junto a seus obsedados, bem sabeis,
não têm o menor escrúpulo em enfeitar-se com os mais
venerados nomes (...); Assim, repetirei incessantemente
o que dizia a meu médium, há dois anos: ´Jamais julgueis
uma comunicação mediúnica pelo nome que a assina, mas
apenas por seu conteúdo intrínseco´(...)”. E a
advertência vital: “(...) É urgente que vos ponhais em
guarda contra todas publicações de origem suspeita, que
parecem, ou vão parecer contrárias a todas as que não
tivessem uma atitude franca e clara, e tende por certo
que muitas são elaboradas nos campos inimigos do mundo
visível ou invisível, visando a lançar entre vós os
fachos da discórdia (...)”. Afinal, “(...) tende
igualmente como certo que todo Espírito que a si mesmo
se anuncia como um ser superior e, sobretudo, como de
uma infalibilidade a toda a prova, ao contrário, é o
oposto do que se anuncia tão pomposamente. (...)”.
Valiosas considerações, não é mesmo, leitores?
Estamos convidados ao uso do raciocínio, do bom senso,
da lógica, mas também da bondade. Não estamos convidados
à crueldade da discriminação, mas à lucidez da
orientação correta e coerente com o que ensina o
Espiritismo. Melhor a firmeza do conhecimento do que a
ingenuidade da distorção...
1
Recebida em 25/02/1863 e constante do livro A
Obsessão, páginas 209 a 215 da 6ª. edição - Editora
O Clarim.