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por Jorge Hessen

  
Descomprometidos com a lealdade doutrinária


Lamentamos por alguns espíritas que não fazem mal, mas também não praticam nenhum bem, e que por invigilância precipitam-se no ridículo, obstando a difusão do Espiritismo de que se dizem adeptos. Divulgam teorias estranhas, que perturbam a boa marcha doutrinária, sedimentam a dúvida em uns e o separatismo em outros. São “espíritas” que agem com frieza e sarcasmo, estampando no semblante variadas aparências enganadoras.

Por imaturidade e descompromisso moral, idolatram “mentores” (divindades) que passam a evocar com seus esgares, e lhes brindam com rituais, sacrifícios, oferendas de todos os tipos; ofertam-lhes promessas vãs, entregam a alma(?), desejosos de obter vantagens para cuja conquista nada realizaram.

Aspiram sempre à revogação dos Estatutos Divinos para suas conveniências. Creem, cegamente, que seus “mentores” se encarregam de tudo, e prosseguem, esses títeres das obsessões, abrindo espaços n'alma para a instalação dos processos perturbadores que oxigenam o fanatismo. Sofrem profundos entraves intelectuais, quando se trata de assuntos doutrinários, mostram-se drasticamente emocionais.

Sim, a princípio, tais confrades dissimulam estar compreendendo os fundamentos, os conceitos e as consequências morais do projeto kardeciano, até o instante em que passamos a observar-lhes o comportamento em relação à Doutrina Espírita. Aguilhoam-se  a “guias poderosos”, passando a venerá-los e prestar-lhes culto irracional, deixando a eles (os “tais guias poderosos”) a tarefa de equacionar questões e interferir em assuntos nos quais a fobia fá-los indiferentes e omissos, impedindo-os de atuar de maneira coerente. É comum esses irmãos adotarem rituais, cantorias estranhas, enxertias tóxicas que aleijam o corpo doutrinário. São aqueles que definitivamente não são da jurisdição espírita, que fomentam questiúnculas e antagonismos que ensombram a marcha do Espiritismo. 

Em verdade, perturbamos a marcha do Espiritismo quando não lutamos pela reforma íntima. “Quando não trabalhamos nas obras assistenciais. Quando não estudamos Kardec. Quando exigimos privilégios. Quando fugimos dos carentes para não lhes ofertar alguns serviços. Quando especulamos com a Doutrina em matéria política [partidária]. Quando sacrificamos a família aos trabalhos da fé. Quando nos afligimos  pela conquista de aplausos. Quando nos julgamos indispensáveis. Quando abdicamos do raciocínio, deixando-nos manobrar por movimentos ou criaturas que tentam sutilmente ensombrar a área do esclarecimento espírita com preconceitos e ilusões.”(1)

O que aqui expomos é a identificação de aterrador espírito de comprometimento, de falta de zelo para com o Espiritismo.

Como pode isso ocorrer, quando sabemos que o Espiritismo nos apresenta um conjunto de princípios intrinsecamente impressionantes e vigorosos, capazes de dar sentido à vida, explicando a excelsitude do Criador diante da Sua criação, a exigir-nos mente aberta (embora atenta e cautelosa), amor à verdade e espírito de liberdade, para que consigamos penetrar e aprofundar os seus ensinamentos?

Os confrades descomprometidos com a fidelidade doutrinária permitem que vigorem os achismos, os guiismos e os personalismos nas hostes espíritas, tão-somente para não ter que enfrentar as vaidades e o orgulho humanos, para não ter que se submeter ao “sim, sim, não, não”, consoante ao que ensinou o Cristo, para não se perturbar frente a ignorância ou perante outros descomprometidos.

Para quem se empenha pela fidelidade doutrinária vale o sacrifício, sem contender com o mal, jamais. Porém, consciente quanto às atitudes a tomar no momento devido, quando falar e quando calar, sempre visando o aprimoramento, a iluminação, a ascensão, fugirá de errar por mero comodismo, omissão, e confirmará Jesus onde esteja, por meio dos roteiros de amor e luz que o Espiritismo aponta.

Enquanto os dias de bom senso e de fidelidade a Kardec e a Jesus não chegam, cabe aos espíritas responsáveis e convictos, aqueles que sabem o porquê da própria crença, os que conseguem dimensionar as próprias necessidades e adotar ou manter posição íntegra, sem medo de assentar as coisas nos seus devidos lugares, vivenciar as lições doutrinárias, ainda que isso lhes custem agressões e ataques, indiferença e zombarias, sempre advindos de confrades ignorantes e moralmente apequenados em seus estágios de  ilusão.

 

Bibliografia:


(1) XAVIER, Francisco Cândido / VIEIRA Waldo . Opinião Espírita, ditado pelos Espíritos Emmanuel e  André Luiz, São Paulo: Ed. Boa Nova, 2000

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita