A paz do Cristo diante da paz do
mundo
Profundo e reflexivo texto nos oferta o benfeitor
espiritual Emmanuel, através da psicografia de Francisco
Cândido Xavier, conforme lemos no livro Vinha de Luz
em seu capítulo 105, sobre o tema paz do mundo e paz do
Cristo, alertando-nos que a paz do mundo é ilusória e
passageira, pois tem por base o egoísmo, o orgulho, a
vaidade e a desonestidade, enquanto a paz com Jesus é
serena e eterna, tendo por base o amor ao próximo e a
prática da caridade. Embora muitos considerem que estar
de bem com a vida, ou seja, ter uma boa situação
financeira, um bom emprego, uma casa para morar e saúde
para se divertir sejam elementos que trazem paz, se
equivocam, pois tudo que se baseia em coisas materiais
pode amanhã não ser mais do mesmo jeito: as finanças
podem ruir, o desemprego pode nos visitar, a casa pode
ter sérios problemas e a saúde pode se debilitar
seriamente. Então, que é melhor: a paz do mundo ou a
paz do Cristo?
Alegarão a seu favor os partidários da paz do mundo que
as condições de vida podem se alterar até para melhor
com o passsar do tempo, ou que sua deterioração poderá
acontecer somente lá na velhice, já perto da morte,
então não teria maior significado, pois foi possível
viver do jeito que se queria durante 40, 50, 60 anos ou
mais, e isso é o que verdadeiramente importa. Pobres
seres humanos que têm no materialismo sua filosofia de
viver, não levando em conta a sobrevivência da alma após
a morte do corpo. E mesmo que nada considerem sobre esse
assunto, de que adianta gozar e ter recursos, se nesse
gozo prejudicam a si mesmo e ao próximo? Quantos não
morrem prematuramente, ou têm uma decrepitude acentuada
por motivo do desgaste abrupto de suas energias?
Quantos, para manter seu modo de vida, não apelam para a
desonestidade, a corrupção, os desmandos? E quantos, no
leito de hospital, ou mesmo no lar, não se arrependem
tardiamente de terem feito a opção pela paz enganosa do
mundo?
Ainda outra reflexão podemos fazer nesse tema: que paz é
essa que não consegue acabar com a violência, com a
guerra? E por que estamos sofrendo tanto com guerras,
desigualdades sociais e outros males que teimosamente
continuam a nos atingir, violentando nossa existência? É
que onde há injustiça não pode haver paz. Em
contrapartida, onde as necessidades do ser humano são
atendidas, não há motivo para a violência.
Informa Emmanuel, no texto a que nos referimos, que a
paz do Cristo é a “paz que excede o entendimento, por
nascida e cultivada, portas adentro do espírito, no
campo da consciência e no santuário do coração”. É a paz
do amor colocado em ação, é a paz da caridade socorrendo
o próximo, é a paz íntima do dever bem cumprido, é a paz
da resignação aos desígnios divinos, trabalhando
incessantemente pelo bem e pelo progresso.
Mesmo que a paz do Cristo não nos isente das dores e dos
sofrimentos, das provas e das expiações que ainda temos
de passar, para nosso aprendizado e crescimento
espiritual, ela nos dá a certeza de que com Jesus tudo
podemos enfrentar com serenidade, com fé e confiança, e
que, se não for neste mundo, a recompensa virá no nosso
retorno ao mundo espiritual pelas portas da chamada
morte. Contudo, não é preciso esperar esse momento para
fruir a paz prometida por Jesus, pois o uso da prece
(oração) e o vibrar no amor nos atrairão os bons
espíritos, que fortalecerão incessantemente nossa alma
diante dos embates da existência terrena.
E como gerar essa paz para os outros? Como influenciar a
sociedade para uma convivência mais fraterna, solidária,
sem violência? Façamos nossa parte devolvendo o mal com
o bem; procurando manter a calma em todas as situações;
exercendo nossa cidadania com o cumprimento dos deveres
que nos competem; respeitando o direito do outro – e
aqui lembramos que perante a lei divina os direitos são
iguais para todos; colocando o diálogo fraterno à frente
de qualquer diferença com o outro; pensando e agindo
sempre para o bem coletivo. São ações individuais que
contagiam através dos bons exemplos, paulatinamente
modificando a humanidade para melhor.
Como espíritas, sabedores da imortalidade da alma, da
continuidade da vida após a morte, e da finalidade
superior da reencarnação, não podemos ficar apenas na
teoria, pois entendimento e conhecimento sem vivência
não trarão a paz que tanto queremos, e o Evangelho,
síntese dos ensinos e exemplos de Jesus, requer de cada
um a ação positiva no bem.
Convidamos o leitor para conhecer e se engajar, por
exemplo, no movimento Você e a Paz, idealizado
pelo médium e orador Divaldo Pereira Franco, que há 20
anos leva essa ação aos logradouros públicos, já tendo
realizado o evento em mais de 12 países e em mais de 200
cidades brasileiras. E também convidamos para conhecer
nossa Carta pela Paz do Mundo, que através da
Internet tem instado as pessoas para a opção pela paz,
com o objetivo de fazer de nosso planeta um mundo muito
melhor. A carta está disponível para leitura, cópia e
distribuição em
www.marcusdemario.com.
Fiquemos com a paz do Cristo, o legítimo representante
de Deus na face da Terra, pois nada melhor do que, ao
dormir e ao levantar a cada dia, termos paz de
consciência, a verdadeira paz de espírito.
Marcus De Mario é do Rio de Janeiro, onde colabora no
Grupo Espírita Seara de Luz e na Rádio Rio de Janeiro, a
emissora da fraternidade. É escritor, palestrante e
consultor.