Entre os Dois
Mundos
(Parte 32)
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do
livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de
Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P.
Franco no ano de 2004.
Questões preliminares
A. No programa por ele apresentado que deveria
caracterizar o Reino dos Céus, Jesus estabeleceu
três paradigmas. Quais são eles?
O amor, o perdão irrestrito e a caridade – eis os
paradigmas que definem a essência do chamado Reino
dos Céus, consoante os ensinamentos de Jesus.
(Entre os dois mundos. Capítulo 21: O mensageiro de
Jesus.)
B. Para os que pretendem seguir os passos do Mestre, há
uma frase de efeito atribuída a Jesus. Quais os seus
dizeres?
Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e
tome a sua cruz, e siga-me. A frase foi registrada pelos
evangelistas Marcos, Lucas e Mateus.
(Entre os dois mundos. Capítulo 21: O mensageiro de
Jesus.)
C. Na Terra, Jesus é amado por uns e combatido por
outros. No meio espírita, isso também se dá?
Sim. Pelo menos é o que
diz um benfeitor espiritual na palestra que Manoel
Philomeno reproduz nesta obra. Segundo o palestrante, o
Mestre tem sido motivo de chalaça e de vulgaridade com
que as mentes enfermas pretendem apagar-Lhe ou
diminuir-Lhe a grandiosidade histórica. Com o advento
do Espiritismo, não tem sido muito diferente a atitude
de alguns convertidos aos seus postulados, que são
libertadores. Asfixiados na prepotência, que lhes
remanesce de experiências religiosas transatas,
rapidamente apropriam-se do conhecimento para zurzi-lo
como látego contra o seu próximo e não para ser usado
como recurso de sublimação pessoal. Emparedados da
empáfia supõem-se defensores da verdade, como se fossem
necessários, e acusam tudo e todos, reservando-se o
direito de permanecer como cadáveres bem ornamentados,
mas que exsudam decomposição espiritual.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 21: O mensageiro de Jesus.)
Texto para leitura
291. Ao lado do
mensageiro que chegara, estavam, entre outros, a
veneranda genitora de sua última existência física,
alguns familiares, ex-alunos que beberam na sua fonte de
sabedoria as incomparáveis lições do Evangelho e do
conhecimento, diversos obreiros do bem e da caridade,
formando um cortejo especial, próprio para o magno
momento. Automaticamente todos se levantaram em
respeitosa atitude de elevada consideração, enquanto
eles atravessavam o auditório. Avançaram por entre as
filas de cadeiras bem arrumadas até o proscênio onde se
encontravam um balcão ornamentado de rosas, uma tribuna
e, do lado oposto, o órgão. Alguns membros da comitiva
ocuparam lugares adrede reservados, na sala iluminada,
enquanto o Apóstolo e mais quatro acompanhantes
assentaram-se junto à mesa que os aguardava no palco.
(Entre os dois
mundos. Capítulo 21: O mensageiro de Jesus.)
292. Depois que todos voltaram a acomodar-se, uma
encantadora criança desencarnada, conduzindo um
pergaminho luminoso, leu, com incontida emoção, o poema
Deus, que fora composto inspiradamente pelo nobre
Benfeitor, e funcionaria como a prece de abertura da
solenidade. Ato contínuo, o Missionário levantou-se,
dirigiu-se à tribuna, e após as saudações cristãs,
expôs: “Reunimo-nos neste santuário para evocar a figura
incomparável de Jesus, o nosso venerável Mestre. Em
toda a Sua trajetória terrestre, Ele propugnou pela
verdade e pelo bem, jamais se afastando da diretriz do
equilíbrio que vige na Justiça e no reto cumprimento dos
deveres do indivíduo para consigo mesmo, para com o seu
próximo e para com Deus. Por meio de memoráveis lições
de sabedoria iluminou as consciências antes obscurecidas
pela ignorância e apresentou o programa que deveria
caracterizar o
Reino dos Céus
entre os viandantes da Terra, estabelecendo como
paradigmas inamovíveis o amor, o perdão irrestrito e a
caridade”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 21: O mensageiro de
Jesus.)
293. Na sequência, o
orador asseverou, referindo-se a Jesus: “Enfrentou as
dificuldades de toda ordem que se apresentavam no Seu
tempo, convivendo com as necessidades das massas aflitas
e esfaimadas de pão e de paz, auxiliando-as a
transformar o sofrimento em alegria, o desespero em
aprendizado, a angústia em esperança. Jamais se
exasperou, nem sequer diante da injustiça e da
perversidade, por saber que se tratava de imperfeições
do espírito, ao mesmo tempo auxiliando aqueles que se
lhes faziam instrumento de hediondez e de primarismo, a
se libertar dos atavismos infelizes, descobrindo
fórmulas novas para a felicidade. Com a mesma
naturalidade manteve diálogo com Nicodemos, o gentil
doutor da Lei que O procurou, e com a samaritana,
equivocada quanto aos seus deveres de mulher, a quem
buscou. A ambos orientou com bondade e paciência,
conforme a necessidade de cada um. Admoestou com
severidade os fariseus insensatos e os herodianos
cruéis, explicando ao fátuo rabino misoneísta quem era o
seu próximo, evitando que ele se escusasse à ação
generosa da caridade”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 21: O mensageiro de Jesus.)
294. Em sua fala, o Missionário continuou a destacar os
exemplos que nos foram legados por Jesus. Suas palavras
eram absorvidas com emoção, enquanto o retrospecto
harmonioso produzia imagens ideoplásticas em uma tela
elevada, presa à cortina colocada atrás da mesa. Pairava
especial emoção no ambiente luminoso. Após a breve
pausa, ele prosseguiu: “Até os dias atuais Ele continua
vigilante, compassivo e generoso, auxiliando-nos na
difícil ascese, sem constranger-nos, repetindo
continuamente: –
(...) Se alguém quiser vir após mim, negue-se a
si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.
(Marcos: 8,34). A Sua
palavra compassiva e o Seu afeto misericordioso vêm
suportando quase dois milênios de ultrajes e de
deturpações, graças aos quais são adaptados aos
interesses mesquinhos daqueles mesmos que dizem
servi-lO. Paciente, portador de uma afabilidade
inexaurível, tem-nos esperado, compreendendo a nossa
dificuldade de discernimento e de dedicação, confiando
que num ou noutro momento assumiremos a
responsabilidade que nos diz respeito em torno da
própria iluminação”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 21: O mensageiro de Jesus.)
295. O palestrante
lembrou, então, que Jesus, amado por uns e por outros
combatido, tem sido infelizmente motivo de chalaça e de
vulgaridade com que as mentes enfermas pretendem
apagar-Lhe ou diminuir-Lhe a grandiosidade histórica.
Inesquecível, é revivido com frequência conforme a
distorção emocional daqueles que O utilizam para os
seus fins, nem sempre dignificadores, sendo, no entanto,
o Espírito mais comentado e mais presente nos fastos da
História. Com o advento do Espiritismo, não tem sido
muito diferente a atitude de alguns convertidos aos seus
postulados, que são libertadores. Asfixiados na
prepotência, que lhes remanesce de experiências
religiosas transatas, rapidamente apropriam-se do
conhecimento para zurzi-lo como látego contra o seu
próximo e não para ser usado como recurso de sublimação
pessoal. Emparedados da empáfia supõem-se defensores da
verdade, como se fossem necessários, e acusam tudo e
todos, reservando-se o direito de permanecer como
cadáveres bem ornamentados, mas que exsudam
decomposição espiritual.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 21: O mensageiro de Jesus.)
296. Entrincheirando-se na
vaidade que os amortalha na estultice, fazem-se
arrogantes, soberbos, distanciando-se da prática da
Doutrina para exibir somente a teoria que memorizam por
disporem de muito tempo na ociosidade, bem distantes da
ação do bem. Ditas essas palavras, o Mentor advertiu:
“São quais orquídeas raras, belas e transitórias que,
nem sequer, exalam perfume, quando poderiam ser grãos de
trigo bom para a mesa do amor em forma de pão e de
recurso de paz. Não fugirão, porém, de si mesmos.
Desrespeitando a imortalidade que afirmam existir,
comportam-se como se não acreditassem na sua realidade,
em face da conduta que se permitem, gerando mais aflição
e promovendo culto de autopromoção do que mesmo de
consolação às criaturas que se lhes acercam, rogando
misericórdia e orientação libertadora. São ativos na
agressividade e parasitas espirituais na compaixão e na
misericórdia de que se deveriam revestir moralmente.
Repetem os erros a que se acostumaram no passado e de
que não se querem libertar”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 21: O mensageiro de Jesus.)
297. O Missionário
observou, porém, que existem inumeráveis servidores
fiéis que, tomando da charrua, não olham para trás,
preocupados com a seara que lhes cumpre trabalhar, a
fim de que a boa semente encontre solo ubérrimo para
germinar, crescer e produzir. Em seguida, dando margem a
que a pausa ensejasse aprofundamento de reflexões, ele
prosseguiu: “Fostes convidados a estar presentes neste
Cenáculo, porque sombras densas avizinham-se de nossa
Comunidade, ameaçando a construção do bem geral. Há
quase um século, aqui foi erguido um farol de esperança,
para derramar claridades orientadoras aos nautas das
travessias difíceis. Desde então, a sua luz, a princípio
débil e posteriormente poderosa, vem indicando o melhor
curso para as embarcações, evitando os recifes e bancos
de areias impeditivos à segura navegação. Obreiros
dedicados têm-se postado na torre, orientando o facho
de luz mantido pelo combustível da fé e da caridade, no
que têm resultado bênçãos incontáveis para os habitantes
da área. Agora, porém, ameaça sutil e perigosa pretende
derrubar a construção turriforme1, para
transformar o terreno em campo de ganância argentária,
na disputa pelo espaço para edificações residenciais
elegantes, que tragam para a comunidade conforto
imobiliário e disputas amoedadas em detrimento dos
recursos ecológicos, do pulmão natural que é,
vitalizando e oxigenando a urbe”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 21: O mensageiro de Jesus.) (Continua no próximo número.)
1
Turriforme:
em forma de torre; cujo aspecto lembra uma torre.