Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

 

"Querida tia Isabel, se puder, não deixe a vovó chorar tanto nem a minha Mãezinha Gilda continuar tão aflita por minha causa. Estou vivo, mas preciso desembaraçar-me das prisões de casa para conseguir melhorar."

A carta é assinada por Antônio Carlos Escobar, jovem de 22 anos, morto dias antes. Ao longo de todo o texto, o "espírito" cita nomes e sobrenomes de família de vivos e de mortos: "Estou aqui com o meu avô Primitivo Aymoré e com minha avó Isabel Rôa Escobar...".

A mensagem saiu das mãos de Chico Xavier, em sessão pública em Uberaba, arrancou lágrimas da mãe de Antônio Carlos, Gilda, e provocou o mesmo efeito nas pessoas reunidas no Grupo Espírita da Prece: o de reforçar a fé num dos princípios fundamentais do Espiritismo: o de que existe, sim, vida depois da morte. Como duvidar da autenticidade de um texto pontuado por tantos nomes e sobrenomes só conhecidos pela família do morto? Como duvidar de Chico Xavier?

Fenômenos como esses se repetiram milhares de vezes ao longo dos anos de atividade mediúnica do líder espírita. Quando Chico completou 70 anos - no dia 2 de abril de 1980 -já eram 10 mil as cartas de mortos a suas famílias psicografadas por ele, segundo sua assessoria. E já eram também 2 mil as instituições de caridade fundadas, ajudadas ou mantidas graças aos direitos autorais dos livros vendidos ou das campanhas beneficentes promovidas por Chico Xavier.

Porta-voz de Deus? "Uma besta encarregada de transportar documentos dos espíritos" - Chico reagia.

Um iluminado? "Não. Uma tomada entre dois mundos" - minimizava.

Chico Xavier, o apóstolo? "Nada disso. Cisco Xavier" - ele transformava o nome em trocadilho quando já era idolatrado por caravanas de fiéis e curiosos vindos de todo o Brasil e indicado ao Prêmio Nobel da Paz em campanha nacional embalada por mais de 2 milhões de assinaturas de adesão em 1981.

"Sou um nada. Menos do que um nada", repetia, para se defender de tanto assédio e evitar uma armadilha perigosa: a vaidade. Com a bênção de Chico, os centros espíritas kardecistas se multiplicaram e formaram uma rede de solidariedade ativa no Brasil. Por estatuto, cada centro deve divulgar o Evangelho, promover sessões públicas (sempre gratuitas) e, o mais importante, prestar serviços à comunidade.

"Ajudai-vos uns aos outros" era o remédio receitado por Chico para todos os males. "Ajude e será ajudado", ele aconselhava aos desesperados e seguia à risca a própria receita.


Do livro As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita