Livre-arbítrio
Livre-arbítrio ou livre-alvedrio são expressões que
denotam a vontade livre de escolha, as decisões livres.
O livre-arbítrio é a capacidade de escolha pela vontade
humana.
Todos nós vivemos com a sensação de que somos livres e
fazemos as nossas escolhas ao longo do percurso terreno.
Parece-nos que desde que nascemos até ao desencarne foi
uma sucessão de escolhas de nossa parte.
Na pergunta nº. 122 d' O Livro dos Espíritos, a
Espiritualidade superior diz-nos que O livre-arbítrio é
desenvolvido à medida que se adquire consciência de quem
somos, caso contrário as nossas ações derivam de
tendências e não livre-arbítrio, como podemos ler nas
linhas seguintes.
122. Como podem os Espíritos, na sua origem, quando
ainda não têm a consciência de si mesmos, ter a
liberdade de escolher entre o bem e o mal? Há neles um
princípio, uma tendência qualquer que os leve mais para
um lado do que para o outro?
– O livre-arbítrio desenvolve-se à medida que o Espírito
adquire consciência de si mesmo. A escolha com liberdade
tem como origem a vontade própria do Espírito. Estando
fora dele a causa da sua decisão, esta deriva de
influências às quais desejou obedecer.
Será que andamos um pouco iludidos acerca do
Livre-arbítrio? Ou será que o exercemos? Se não o
exercemos, por que e quem nos priva de nosso direito
dado por Deus?
Reparem que a resposta nos diz que o Livre-arbítrio tem
como origem a vontade do Espírito, mas que por vezes as
influências terrenas, que nos movem, levam-nos à
anulação da vontade do Espírito e a um caminho impulsivo
por parte do ser terreno, perdendo assim o
livre-arbítrio.
Interessante, não?
Esta resposta diz-nos claramente que quando somos
movidos por desejos e emoções terrenas, não existe o
Livre-arbítrio.
Quando nos deparamos com uma situação e reagimos
instantaneamente, isso é uma reação ou uma ação?
Parece-me a mim que em toda a reação está afastada a
hipótese de escolha, apenas reagimos.
Temos o caso da raiva, alguém faz ou diz algo que me
sinto ofendido, dentro de mim cresce o impulso da raiva
e respondo com agressividade. Perante um caso destes é
fácil vermos que fomos atrás de uma reação sem qualquer
ponderação, logo, não se deu a escolha. Podemos mesmo
dizer que nem surgiu nenhuma oportunidade de escolher,
não colocamos sequer essa hipótese.
Se na raiva podemos ver isso claramente, em outras
situações funciona de uma forma mais sutil.
Durante a nossa vida nós vamos registrando tudo o que
nos acontece, as respostas que damos às situações, e,
inclusive, as consequências das nossas escolhas. Em cada
situação que ocorre, nós vamos a esse banco de dados a
que chamamos de memória, percorremos as situações
idênticas do passado e reagimos. Este processo dá-se em
milésimos de segundos, leva em consideração quem somos,
e tudo o que aprendemos no passado.
Por que digo reagimos e não agimos? Quando nos deparamos
com algo, nossa mente diz-nos “faz assim”, e repete o
passado, não me parece que haja uma escolha, apenas uma
repetição do passado, daí nós termos imensas
dificuldades em lidar com as coisas e principalmente
alterá-las. Esta forma de processamento está tão
entranhada em nós que levamos a nossa vida de forma
automatizada, diminuindo o nosso livre-arbítrio, embora
pensemos que o temos por nos parecer que escolhemos.
Então, como se dá o Livre-arbítrio?
Ao deparar-me com a situação, tenho que ganhar tempo
entre esta e a decisão mental. Ajuda muito ao rever com
o que me deparo passo a passo. Não só o movimento
externo mas também o movimento interno, ou seja, o que
sucedeu em meu interior e para onde minha mente me leva.
Se necessário, posso utilizar novos personagens na
história.
Antes de analisarmos temos que ter uma boa visão do
sucedido, isto é o mais importante.
A minha visão sobre o Livre-arbítrio é esta, é como um
direito a adquirir. Não o temos quando funcionamos de
forma automatizada mentalmente. É necessário
desabrocharmos a desconfiança sobre nosso próprio ser, e
olharmos para ele e sua forma de processamento mental
sempre com vontade de vermos o seu real funcionamento.