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por Bruno Abreu

 

Livre-arbítrio


Livre-arbítrio ou livre-alvedrio são expressões que denotam a vontade livre de escolha, as decisões livres. O livre-arbítrio é a capacidade de escolha pela vontade humana. 

Todos nós vivemos com a sensação de que somos livres e fazemos as nossas escolhas ao longo do percurso terreno. Parece-nos que desde que nascemos até ao desencarne foi uma sucessão de escolhas de nossa parte.

Na pergunta nº. 122 d' O Livro dos Espíritos, a Espiritualidade superior diz-nos que O livre-arbítrio é desenvolvido à medida que se adquire consciência de quem somos, caso contrário as nossas ações derivam de tendências e não livre-arbítrio, como podemos ler nas linhas seguintes.

122. Como podem os Espíritos, na sua origem, quando ainda não têm a consciência de si mesmos, ter a liberdade de escolher entre o bem e o mal? Há neles um princípio, uma tendência qualquer que os leve mais para um lado do que para o outro?

– O livre-arbítrio desenvolve-se à medida que o Espírito adquire consciência de si mesmo. A escolha com liberdade tem como origem a vontade própria do Espírito. Estando fora dele a causa da sua decisão, esta deriva de influências às quais desejou obedecer.

Será que andamos um pouco iludidos acerca do Livre-arbítrio? Ou será que o exercemos? Se não o exercemos, por que e quem nos priva de nosso direito dado por Deus?

Reparem que a resposta nos diz que o Livre-arbítrio tem como origem a vontade do Espírito, mas que por vezes as influências terrenas, que nos movem, levam-nos à anulação da vontade do Espírito e a um caminho impulsivo por parte do ser terreno, perdendo assim o livre-arbítrio.

Interessante, não?

Esta resposta diz-nos claramente que quando somos movidos por desejos e emoções terrenas, não existe o Livre-arbítrio.

Quando nos deparamos com uma situação e reagimos instantaneamente, isso é uma reação ou uma ação? Parece-me a mim que em toda a reação está afastada a hipótese de escolha, apenas reagimos.

Temos o caso da raiva, alguém faz ou diz algo que me sinto ofendido, dentro de mim cresce o impulso da raiva e respondo com agressividade. Perante um caso destes é fácil vermos que fomos atrás de uma reação sem qualquer ponderação, logo, não se deu a escolha. Podemos mesmo dizer que nem surgiu nenhuma oportunidade de escolher, não colocamos sequer essa hipótese.

Se na raiva podemos ver isso claramente, em outras situações funciona de uma forma mais sutil.

Durante a nossa vida nós vamos registrando tudo o que nos acontece, as respostas que damos às situações, e, inclusive, as consequências das nossas escolhas. Em cada situação que ocorre, nós vamos a esse banco de dados a que chamamos de memória, percorremos as situações idênticas do passado e reagimos. Este processo dá-se em milésimos de segundos, leva em consideração quem somos, e tudo o que aprendemos no passado.

Por que digo reagimos e não agimos? Quando nos deparamos com algo, nossa mente diz-nos “faz assim”, e repete o passado, não me parece que haja uma escolha, apenas uma repetição do passado, daí nós termos imensas dificuldades em lidar com as coisas e principalmente alterá-las. Esta forma de processamento está tão entranhada em nós que levamos a nossa vida de forma automatizada, diminuindo o nosso livre-arbítrio, embora pensemos que o temos por nos parecer que escolhemos.

Então, como se dá o Livre-arbítrio?

Ao deparar-me com a situação, tenho que ganhar tempo entre esta e a decisão mental. Ajuda muito ao rever com o que me deparo passo a passo. Não só o movimento externo mas também o movimento interno, ou seja, o que sucedeu em meu interior e para onde minha mente me leva. Se necessário, posso utilizar novos personagens na história.  

Antes de analisarmos temos que ter uma boa visão do sucedido, isto é o mais importante.

A minha visão sobre o Livre-arbítrio é esta, é como um direito a adquirir. Não o temos quando funcionamos de forma automatizada mentalmente. É necessário desabrocharmos a desconfiança sobre nosso próprio ser, e olharmos para ele e sua forma de processamento mental sempre com vontade de vermos o seu real funcionamento.       


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita