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por Édo Mariani

 
Considerações sobre trabalhos e trabalhadores da casa espírita


Segundo aprendemos com Kardec, o Espiritismo, além de representar o Consolador, é também doutrina libertadora; mas, para que possa nos beneficiar proporcionando a solução para os nossos problemas físicos, espirituais, mentais, sociais e tantos outros, é necessário COMPREENDÊ-LO. É evidente que, para compreendê-lo, é necessário estudá-lo.

Em O Livro dos Médiuns, item 334, aprendemos: “O Espiritismo, ainda nos dias atuais, é apreciado de maneiras diversas e muito pouco compreendido na sua essência por grande número de adeptos, para oferecer condições suficientes de união geral entre os seus membros (...). Colocando os fatos acima dos princípios, uma simples divergência, na maneira de considerá-los, provocaria a divisão. (...) A benevolência recíproca, reinando entre eles, afasta todo constrangimento e retraimento originados da susceptibilidade, do orgulho que se irrita com a menor contradição, do egoísmo que só se interessa por si. Uma sociedade em que esses sentimentos dominassem, onde os membros se reunissem com o fim de se instruírem e não com a esperança de ver apenas novidades ou para fazer prevalecer a sua opinião, seria não somente, viável, mas também indissolúvel”.

J. Herculano Pires, “o metro que melhor mediu Kardec” na feliz adjetivação, de Francisco Cândido Xavier, corrobora com o Mestre Lionês, afirmando em seu livro “Curso Dinâmico de Espiritismo, O Grande Desconhecido”: “O Espiritismo nascido ontem, nos meados do século passado, é hoje o Grande Desconhecido dos que o aprovam e o louvam e dos que o atacam e criticam”.

Por essas transcrições da lavra de dois baluartes do conhecimento do Espiritismo, vimos que, para ser trabalhador espírita, em qualquer de suas áreas de atuação, é necessário estudar para conhecê-lo para poder vivenciá-lo no quotidiano e especialmente na sua atuação em trabalhos na Casa Espírita.

Assim sendo, além de conhecer e entender o Espiritismo, segundo deduzimos, é indispensável que o ambiente das Casas Espíritas seja de afetividade, alteridade, respeito de uns para com os demais, formando um bloco construído sobre a rocha, na feliz expressão de Jesus. É necessário criar-se cursos de estudos doutrinários, para que a doutrina seja melhor conhecida entre todos os colaboradores da Casa, nas mais variadas áreas de trabalho. Os colaboradores devem ser preparados para produzirem o melhor de si, colocando em prática, nas suas atividades, os conhecimentos amealhados nos estudos previamente elaborados, sem animosidade de uns para com os outros.

Só assim estaremos preparados para atender os que procuram a Casa Espírita, aflitos e desesperados de toda ordem.

O programa de trabalho organizado para alcançar esse objetivo deve visar exclusivamente ao atendimento de tais necessidades, pois, se num mesmo programa colocar-se diversos objetivos a serem alcançados a um só tempo, estar-se-á oportunizando o desinteresse dos assistidos, dos trabalhadores e por conseguinte falta e resultado.

Assim, sem ideias preconcebidas, e assumindo a responsabilidade de trabalhadores amigos da Casa Espírita, usando o diálogo amistoso para solução de divergências entre todos, estaremos vivenciando as recomendações de Kardec, transcritas acima.

O cliente que busca a Casa Espírita para ser esclarecido, já no primeiro atendimento, deve ser informado sobre o programa de trabalho que se lhe está sendo ofertado para o seu benefício.

Necessário também informar que este trabalho desenvolvido pelos trabalhadores encarnados e pelos Espíritos responsáveis pelo tratamento oferecido, buscando solução para as suas carências, será realizado com amor, dedicação e carinho; para o sucesso desse objetivo, há também uma parte que lhe cabe ser cumprida: a de estudar para compreender os ensinamentos espíritas e deles fazer o uso adequado em sua vida, dispondo-se às mudanças necessárias em seus pensamentos, atitudes, intenções, desejos e tudo o mais que sentir que lhe está sendo prejudicial, com perseverança, confiança  e sem pressa, pois é devagar e com  paciência que se alcançará as melhorias desejadas.  

É difícil ser espírita, afirmam os iniciantes. Concordamos que as dificuldades estão no despreparo para seguir os caminhos traçados por Jesus, quando recomenda abandonar a estrada larga e aceitar a estrada estreita, porque larga é a porta da “perdição” e estreita a da “salvação”.

Na questão 909 de O Livro dos Espíritos, Kardec questiona os colaboradores da obra da codificação: “Poderia o homem, pelos seus esforços, vencer suas más inclinações?” Responderam: “Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”.

Entende-se, dessa forma, que não é tão difícil ser espírita. O que se precisa é de boa vontade e fazer pequenos esforços, visando ao aproveitamento da oportunidade que nos foi concedida por Deus, nesta existência. Aproveitemos, portanto, a presente existência, caros amigos e irmãos. Façamos a parte que nos cabe, valorizando o aprendizado oferecido pela abençoada doutrina espírita.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita