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A Revista Espírita nos mostra a
personalidade de Kardec |
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Espírita desde 1975, natural e residente em Limeira
(SP), Maroísa Forster Pellegrini Baio (foto)
possui Licenciatura plena em Matemática e atua como
professora dessa matéria no Ensino Médio. Expositora
espírita, vice-presidente e coordenadora do Grupo de
Estudos do Evangelho, na mesma cidade, atua também como
articulista da Revista Internacional de Espiritismo,
entre outras publicações.
De onde surgiu o interesse pela Revista Espírita?
Em 2008, por ocasião dos 150 anos da Revue,
participei de um seminário com Raul Teixeira, em
Araras-SP. O tema do seminário era "Espiritismo em
Revista", no qual ele enfatizou a importância desse
trabalho de Allan Kardec. A partir de então impus, a mim
mesma, a tarefa de ler e estudar a Revue, apenas
com o propósito de adquirir mais conhecimento sobre a
Doutrina e para conhecer melhor a pessoa Allan Kardec.
E já se passaram dez anos!
Nesses anos todos de estudo e pesquisa na publicação, o
que mais lhe chama atenção?
O que mais me saltou aos olhos foi justamente a
descoberta da personalidade do codificador, seu caráter,
sua educação, suas virtudes! Com as obras da codificação
espírita tomamos conhecimento do Espiritismo. Com a
leitura da Revue temos a oportunidade de conhecer
a pessoa Allan Kardec, que ainda é um ilustre
desconhecido para muitos que se dizem espíritas.
Situe para o leitor, em síntese, o que é a Revista
Espírita.
Naquele seminário com Raul Teixeira, ele nos chamou a
atenção para o subtítulo da Revue: Jornal de
estudos psicológicos. Afinal de contas, disse ele, é uma
revista ou é um jornal? O que levou Kardec a isso? Como
"revista" ela seria uma publicação especializada em
Espiritismo. Como "jornal", traria notícias do movimento
espírita da época, e de diversas localidades. Como
"jornal psicológico", trataria do pensamento humano e
das suas manifestações entre encarnados e desencarnados.
Seu conteúdo é diversificado, atraente, instrutivo e
emocionante, ampliando os horizontes do conhecimento!
No ano que se comemora 160 anos de sua publicação, como
os grupos e instituições podem honrar a tão preciosa
publicação?
Precisamos levar em conta que a Revue de Kardec
não tem a diagramação elaborada e atraente das revistas
atuais. Por isso, ao se dedicar ao seu estudo e
divulgação, é preciso ser prático e dinâmico. Também é
preciso levar em conta o francês clássico utilizado por
Kardec. Isso dificulta um pouco a leitura da Revue. A
tecnologia atual pode ajudar e muito. Cito alguns
exemplos. Kardec estudou o caso dos possessos de
Morzine. Que local é esse? Podemos investigar pelo
Google Maps e Street View! Ele também estudou a
mediunidade curadora do zuavo Jacob. Zuavo? A Wikipedia
poderá nos ajudar a descobrir! As casas espíritas
poderiam reservar, algum dia, seja semanal, mensal,
bimestral ou semestral, para apresentar casos como
esses. São muitos!
Há uma maneira bem didática de estimular esse estudo,
pesquisa e divulgação?
Sim! Compartilho com os leitores as sugestões dadas por
Raul Teixeira. Façamos a leitura da Revue como
fazemos com uma revista comum: primeiro, folheamos por
completo, tendo assim uma visão geral do conteúdo.
Busquemos ler, primeiramente, os títulos que nos
chamarem mais a atenção. Se nenhum deles nos atrair,
deixar a Revue de lado e repetir a ação no dia
seguinte. Várias vezes, se preciso! Que façamos a
leitura mês a mês, sem querer ler o volume de um ano
todo em apenas trinta dias. E não é que funciona?!
Algo bem marcante da publicação que gostaria de destacar
ao leitor?
O que mais me destaca na leitura da Revue é
justamente a oportunidade de conhecer melhor a pessoa
que foi Allan Kardec. Educadíssimo, cortês, jamais
respondeu com grosseria aos inúmeros ataques que recebia
da imprensa local, da Igreja e de adversários gratuitos.
A frase que mais me impressionou, diante das calúnias a
ele dirigidas, foi essa: "as pedras que me atiram, não
as recolho, nem as devolvo". Outra característica
marcante em Kardec era a sua grande preocupação em
ensinar e explicar a Doutrina, com imensa paciência.
Para nós brasileiros, acostumados a nos deixar levar
pela emoção, Kardec poderia parecer uma pessoa fria, por
agir com a razão. Calmo, cauteloso, ponderado, ele foi o
exemplo vivo da fé inabalável! Quanto temos a aprender
com suas virtudes!
Neste ano também alcançamos os 150 anos de nascimento de
Cairbar Schutel (nascido em 22/09/1868). É possível
fazer uma conexão entre o trabalho da Revista
Espírita e o legado de Schutel?
Sim, claro! Por trás da obra, está o autor, não é mesmo?
Que essa data comemorativa possa ser utilizada não
apenas para destacar as obras de Cairbar mas também para
destacar o seu exemplo, suas lutas, sua dedicação aos
sofredores e ao Espiritismo, sua convicção espírita! Uma
ênfase especial para sua biografia! Fico tentando
imaginar, como é que ele e Kardec, com os poucos
recursos tecnológicos disponíveis na época, conseguiram
realizar tanto com tão pouco! São Espíritos experientes
e disciplinados, que já se encontram muito acima do
homem comum! Temos muito a aprender com os exemplos de
vida que nos deixaram.
De sua experiência na vivência espírita, que gostaria de
dizer ao leitor, especialmente considerando essas duas
efemérides importantes de 2018?
Que aproveitemos essas oportunidades para estudar e
aprender, trabalhar e servir mais com Jesus, tomando os
exemplos que Kardec e Cairbar nos legaram. Que
aproveitemos o tempo para nos instruirmos e auxiliarmos
aqueles que ainda não têm a coragem e o ânimo para
começar. Que não percamos tempo em discussões sobre
pontos que ainda não conseguimos comprovar. Sejamos
sobretudo fraternos, unidos, misericordiosos! De vez em
quando é bom recordarmos em que estado estávamos quando
o Espiritismo nos acolheu: aflitos, desesperados,
doentes, obsidiados. Que nosso conhecimento doutrinário
não se transforme em trevas...
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Que se renovem e multipliquem, para todos nós, as
oportunidades de continuar aprendendo e servindo na
seara espírita com Jesus! Compartilho com vocês as
palavras de um amigo espiritual: "ampliem seus
horizontes pelo estudo!".
Suas palavras finais.
Agradeço pela oportunidade de compartilhar com os
leitores um pouco de nossas próprias reflexões e
estudos! Que nossa vivência pessoal, como espírita,
possa ser de utilidade para alguém, é meu desejo maior!
Nota da Redação:
A Revista Espírita vem sendo estudada nesta
revista, de forma sequencial e metódica, desde a edição
503, com tradução para os idiomas inglês e espanhol.
Para acessar o estudo que deu início à série,
clique aqui