Entre os Dois
Mundos
(Parte 34)
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial
do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria
de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por
Divaldo P. Franco no ano de 2004.
Questões preliminares
A. O plano do Benfeitor espiritual, quanto à desistência
de desapropriação do imóvel onde se situava a
instituição espírita, teve um final feliz?
Sim. O objetivo foi
alcançado, visto que naquele mesmo dia o sr. Prefeito
reuniu-se com o presidente da Câmara de Vereadores e
mantiveram eles demorada conversação, na qual ficou
resolvido que a área onde se fixava o santuário de amor,
de prece e de caridade ficaria preservada para o futuro,
por meio de mecanismos legais, evitando-se porvindouros
comprometimentos imobiliários. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
B. Qual a origem da obsessão enfrentada pelo médium
Izidro?
Segundo um instrutor espiritual, tudo havia começado 50
anos atrás, quando Izidro era jovem e encontrava-se no
apogeu das forças mediúnicas. Comunicou-se então por
seu intermédio um antigo adversário que o ameaçou de
inclemente vingança. Referia-se ao que ele – o obsessor
– sofrera em suas mãos por volta do século XVI, na
França católica, após a tormentosa Noite
de S. Bartolomeu.
Fixado no ódio que o consumia, desde então o buscara
para o desforço, por fim encontrando-o, novamente a
serviço de Jesus, somente que, agora, em outra
expressão, qual a de um verdadeiro cristão. Arrogante e
cruel, não podia permitir que o inimigo fruísse de paz
enquanto ele chafurdava e rebolcava-se no fosso do ódio
que o consumia lentamente. Essa, a origem do processo
obsessivo. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
C. A doutrinação feita naquela ocasião surtira algum
efeito sobre o obsessor de Izidro?
Não. A doutrinação feita
por abnegado servidor da Casa redundou, pelo menos na
aparência, inútil, pois que o Espírito, até o momento de
afastar-se dos equipamentos mediúnicos, afirmava seu
propósito doentio de desforra terrível. Em face disso, o
dirigente disse ao médium que ele poderia optar entre
ter o adversário a seu lado, na condição de
desencarnado, sem freio nem controle, ou também a seu
lado, porém no escafandro físico, no qual poderia
experimentar menos liberdade de ação. Após meditar
demoradamente, Izidro aceitou recebê-lo na condição de
companheiro carnal. O obsessor, então, voltou à Terra
pela via da reencarnação, mas seu ódio persistia. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
Texto para leitura
305. Naquele mesmo
dia o sr. Prefeito reuniu-se com o presidente da Câmara
de Vereadores e mantiveram demorada conversação, na
qual ficou resolvido que a área onde se fixava o
santuário de amor, de prece e de caridade ficaria
preservada para o futuro, por meio de mecanismos legais,
evitando-se porvindouros comprometimentos imobiliários.
Terminara, assim, o trabalho que conduzira a equipe
socorrista àquele recanto bucólico e rico de
fraternidade, onde o Mestre de Nazaré possuía um espaço
para recolher as filhas e os filhos do calvário que, de
alguma forma somos, quase todos nós. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
306. O companheiro
Ângelo, entusiasta e gentil, considerou com os amigos:
“Além da vitória lograda pelos simples e puros de
coração, que terão o seu recanto de paz para o serviço
do Senhor, alegra-me consideravelmente o feliz
resultado, ao verificar que muitos espíritos que
chegaram agressivos e tumultuados foram recolhidos nas
dependências da Organização, podendo ser transferidos
agora em outra condição para nossa esfera. Assim mesmo,
aqueles que permanecerem lá, por momentânea
impossibilidade compreensível, serão beneficiados pelas
vigorosas energias existentes e pelos estudos do
Evangelho diariamente realizados, despertando-os para
uma visão diferente e libertadora da vida”. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
307. Realmente
sensibilizado pelo ponto abordado, Manoel Philomeno
comentou: “Vive-se na Terra, hoje, um momento histórico
muito grave, no qual os sentimentos nobres vêm cedendo
lugar às paixões subalternas, que já deveriam estar
superadas pelo ser humano. Em face, porém, das
convulsões políticas perversas que abalam o globo,
gerando dores lancinantes, aumentando a miséria já
insuportável, fomentando a loucura da agressividade e
da violência, estimulando o recrudescer dos desvarios
sexuais e da drogadição, há uma avalancha de ódio e de
indiferença que, por pouco, não estarrece. Os valores
morais e os objetivos espirituais, quando não
desconsiderados, são deixados à margem, na indiferença
ou na zombaria, ameaçando-se reduzir todas as conquistas
da cultura, da ética e da civilização ao caos do
princípio. Governos embriagados pelo poder econômico e
bélico deliram, impondo-se aos demais povos de maneira
constrangedora e desafiando os códigos dos direitos
humanos conseguidos com muito empenho e sacrifício, a
fim de darem vazão aos seus conflitos internos e à sua
arrogância doentia. Como consequência, esses corifeus da
hediondez fomentam guerras de extermínio, tendo o
cuidado de permanecer muito distante das áreas
perigosas, resguardados na sua loucura, enquanto as
vidas jovens e idealistas de milhares de criaturas são
despedaçadas para aumentar a sua arbitrária dominação,
que será sempre de reduzido período de tempo... Não se
dão conta, esses agentes do mal, que o carro orgânico
desliza muito rapidamente pelas vias do calendário,
levando-os no rumo da fatalidade biológica, que culmina
com a morte...” (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
308. Nesse ponto
Petitinga observou: “E alguns deles, fascinados pela
própria falácia, acreditam-se cristãos e dizem-se
profetas de Deus...”. “O exemplo daqueles que os
anteciparam – considerou Germano – de forma alguma
desperta-os para a fragilidade que fingem ignorar. Onde
se encontram os dominadores da Terra, enlouquecidos e
destruidores, que submeteram o planeta ao talante das
suas alucinações? Todos sucumbiram. Alguns foram
desapeados do poder por outros semelhantes que os
odiavam enquanto os serviam; inúmeros foram consumidos
por enfermidades degenerativas que já traziam no âmago
do ser; muitos enlouqueceram completamente nos desmandos
e nas orgias; um sem--número envelheceu na prepotência
em que a morte os arrebatou...” (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
309. Ângelo então lembrou
que todos eles, porém, têm retornado ao carreiro das
reencarnações, expiando os delitos graves em
desequilíbrios mentais tormentosos, com a consciência
açodada pelas lembranças inditosas dos dias de poder
mentiroso e pelas suas vítimas que os não perdoam,
perseguindo-os com a inclemência de que foram objeto.
Renascem nos catres da absoluta miséria moral, social,
econômica, ou em injunções de terríveis expiações por
paralisia, cegueira, surdez, mudez, deformidades físicas
e transtornos emocionais, em face da Misericórdia de
Deus, que não deseja a morte do pecador, mas o
desaparecimento do pecado. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
310. Dr. Almeida
considerou então: “Quando o conhecimento da reencarnação
luzir no íntimo do ser humano, ele saberá como
conduzir-se, constatando que a existência física é dom
de Deus para o processo de desenvolvimento da sabedoria
que nele jaz. Nessa oportunidade, o bem triunfará sobre
o mal, a justiça dignificará os atos dos indivíduos, o
reto culto do dever se elevará a culminâncias dantes
jamais logradas, o respeito à vida e a todos os seus
recursos terá primazia sob a soberana Lei de Amor que
vigerá em todos os sentimentos e em todas as mentes”. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
311. A equipe dirigiu-se
em seguida a outro núcleo de trabalho, onde estava sendo
aguardada. A cidade era movimentada e rica de sol. O
grupo dirigiu-se à área suburbana sob a orientação do
Benfeitor. Numa construção de alvenaria simples e ampla,
com alguns telheiros, encontravam-se idosos, crianças,
homens e mulheres muito necessitados. Pessoas generosas
movimentavam-se em ampla cozinha, preparando suculenta
sopa que seria servida àqueles sofredores. Enquanto
aguardavam o alimento, dois jovens alternavam-se na
leitura de páginas de O Evangelho segundo o
Espiritismo, de Allan Kardec, cujo conteúdo quase
não era absorvido, em face da algazarra infantil, das
reclamações de alguns enfermos e da irritação dos mais
exaltados. Apesar disso, havia presenças espirituais
afeiçoadas ao bem, ajudando-os. Elas receberam a equipe
visitante com gestos de espontânea amizade e de
carinho. O instrutor da Casa, nobre trabalhador do
Espiritismo no passado, agora desencarnado, que
prosseguia no labor que desenvolvera na Terra, quando
fundara a Instituição sob as bênçãos do venerando
Vicente de Paulo, conduziu a todos a pequena sala onde
se aplicavam passes aos enfermos de vária ordem e onde
se experimentava uma psicosfera superior. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
312. Convidando os
visitantes a que se sentissem à vontade, agradeceu a
visita e referiu-se ao programa para o qual ali a equipe
se encontrava. Tratava-se do dedicado médium Izidro –
considerou com afabilidade –, sobre quem repousavam as
elevadas responsabilidades de condução dos serviços de
intercâmbio e de correspondência entre o além-túmulo e
as criaturas humanas. O amigo afeiçoado encontrava-se
desanimado e exaurido nas suas energias, que dedicava à
prática da caridade sob todos os aspectos possíveis.
Especialmente, porque vivia vampirizado por antigo
obsessor, que ora se encontrava a seu lado no corpo
físico e era inclemente cobrador, constituindo-lhe
motivo de contínuo sofrimento. Soberbo e ingrato, o
comensal da sua fraternidade extrapolava com facilidade
na execução de qualquer tarefa, caracterizando-se pela
crueldade esquizofrênica de que era portador e pelos
distúrbios epilépticos que o estertoravam com relativa
frequência, quando os adversários do passado mais lhe
dominavam a usina mental. Rebelde e vulgar, agredia a
todos, gerava dificuldades, acreditando no apoio que lhe
oferecia o benfeitor obrigado à carga pesada. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
313. Segundo o instrutor, não haviam sido poucos os
momentos profundamente desagradáveis e antievangélicos
propiciados pelo comparsa das trevas, agasalhado no
coração do missionário do amor. Em face disso, aqueles
estavam sendo dias terríveis, ante os quais
preocupava-se o amigo com as débeis resistências de
Izidro, que sorvia o cálice da amargura decorrente da
presença do vingador. Por que Izidro o acolhia junto ao
coração, se ele lhe constituía um obstáculo à
realização dos objetivos espirituais? Ante essa
pergunta, o instrutor informou: “Tudo começou há 50
anos, mais ou menos, quando Izidro era jovem e
encontrava-se no apogeu das forças mediúnicas.
Dedicando-se ao ministério da mediunidade,
especialmente no campo da desobsessão, oportunamente
comunicou-se por seu intermédio um antigo adversário
que o ameaçava de consumpção por processos inclementes
de vingança. Referia-se ao que sofrera em suas mãos de
pessoa religiosa por volta do século XVI, na França
católica, após a tormentosa Noite
de S. Bartolomeu.
Fixado no ódio que o consumia, desde então o buscara
para o desforço, por fim encontrando-o, novamente a
serviço de Jesus, somente que, agora, em outra
expressão, qual a de um verdadeiro cristão. Arrogante e
cruel, não podia permitir que o inimigo fruísse de paz
enquanto ele chafurdava e rebolcava-se no fosso do ódio
que o consumia lentamente. Havia-se comprometido com
outros inimigos do médium e da Mensagem Espírita que
liberta da ignorância, e tornara-se o ferrete em brasa
da vingança nos seus sentimentos até alcançar o objetivo
infame”. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.)
314. A
doutrinação paciente feita por abnegado servidor da Casa
redundou, pelo menos na aparência, inútil, pois que o
Espírito, até o momento de afastar-se dos equipamentos
mediúnicos, afirmava seu propósito doentio de desforra
terrível. Ao terminar a reunião, porque os seus membros
e o médium apresentassem significativa preocupação, o
dirigente da reunião lembrou-lhes que a colheita é
sempre inevitável, desde que anteriormente haja existido
a sementeira. No entanto, são muitas as formas de
resgate, pois que a Justiça Divina é também rica de
misericórdia. E com muita sabedoria propôs ao médium que
poderia optar entre ter o adversário a seu lado, na
condição de desencarnado, sem freio nem controle, ou
também a seu lado, porém no escafandro físico, no qual
poderia experimentar menos liberdade de ação. Após
meditar demoradamente, em dias posteriores, Izidro
aceitou recebê-lo na condição de companheiro carnal. Uma
vez que vivia em castidade, a fim de canalizar todas as
suas energias para a função mediúnica, aceitou o
inimigo em futuro corpo físico, por intermédio de
outrem, a fim de ajudá-lo, investindo sacrifício e
abnegação por amor a Jesus. O obsessor, então, voltou à
Terra pela via da reencarnação. (Entre
os dois mundos. Capítulo 22: O despertar coletivo de
consciências.) (Continua
no próximo número.)