As três grandes mentiras do ser
humano
A revista VEJA, edição 2355 de 8 de janeiro de
2014, traz uma longa reportagem sobre a mentira, que se
inicia na página 50 indo até a página 59. Vamos utilizar
apenas um pequeno trecho do início: “De um jeito ou de
outro, muito ou pouco, você vai mentir neste ano. Você
também vai ouvir muitas mentiras em 2014. Assim é a vida
desde que o primeiro hominídeo indicou erradamente o
lado onde estava a caça, roubando assim do rival a
chance de dividir com ele mais tarde um naco de carne
defumada. A mentira é um recurso puramente humano, tão
privativo da nossa espécie quanto a fala e a negociação.
Nenhum outro conhece os mecanismos de troca. Nem o
chimpanzé, nosso primo mais próximo, é capaz de oferecer
a outro, digamos, um cacho de bananas com a condição de
ganhar um lugar mais aconchegante na árvore. A
capacidade de falar, negociar e mentir foi sendo
refinada durante a trajetória evolutiva humana até
chegar a seu ápice na figura de um político treinado por
um marqueteiro em ano eleitoral”.
Ainda segundo a mesma reportagem, uma pesquisa conduzida
pelo psicólogo Jerald Jellison, da Universidade da
Califórnia do Sul, nos Estados Unidos, mostra que cada
pessoa ouve 100 mentiras por dia!
Em uma das sempre brilhantes palestras de Divaldo, ele
faz uma afirmação hilária, porém verdadeira: quem afirma
que nunca mentiu, está mentindo pela primeira vez.
Obviamente que não duvidamos que existam Espíritos
encarnados neste planeta de provas e expiações que sejam
exceção a essa regra.
Sobre a afirmativa costumeira de que, muitas vezes,
precisamos dizer a verdade nua e crua, contrapõe-se o
ensinamento e o bom senso de André Luiz no livro
Agenda Cristã, de que ninguém ensina ferindo.
Chico Xavier ensinando sobre a utilização da verdade,
criou uma importante lição comparando-a ao diamante.
Essa pedra preciosa, diz o Chico, ofertada a uma jovem
mulher transforma-se numa joia que realça a sua beleza.
O diamante, continua ensinando o Chico, ofertado a um
pobre irmão enfermo, proporciona a oportunidade de
convertê-lo em dinheiro para a aquisição do alimento e
do remédio. Entretanto, o diamante, num momento de
descontrole emocional (e quem não os tem?), atirado à
face de alguém, pode ferir, trazendo até àquele que fere
os sentimentos de ira, de vingança e de ódio. A verdade
deve ser, então, dosada para que não funcione à
semelhança da pedra preciosa atirada com violência e
desdém contra alguma pessoa, ferindo-a.
Joanna de Ângelis nos ensina que a mentira deve ser
rechaçada sob qualquer forma em que se apresente, face
aos prejuízos morais que provoca, levando à
maledicência, à calúnia e a todo um séquito de terríveis
distonias psicológicas e éticas no comportamento social.
O mentiroso é alguém enfermo, sem dúvida, no entanto
provoca desprezo, em razão da forma de proceder,
tornando sua palavra desacreditada mesmo quando se
expressa corretamente, o que nem sempre acontece. De tal
forma se lhe faz natural alterar o conteúdo ou a
apresentação dos fatos, que os revela de forma irreal,
esperando manipular as pessoas através desse ignóbil
ardil.
O ser humano gosta de contar a si mesmo três grandes
mentiras. Juntas ou isoladamente. A primeira delas é
afirmar que Deus não existe. Com isso o mentiroso afirma
que pode existir efeito sem causa, contrariando a tão
endeusada ciência humana. Se Deus não existe, o Universo
ou os múltiplos Universos existentes são efeitos sem
causa. Talvez essa seja uma lei que ainda venha a ser
descoberta pelos “gênios” que negam a existência de uma
Inteligência absoluta, causa incausada de tudo que
existe.
A outra mentira é aquela que afirma que o túmulo é o fim
do ser existente. Os que assim pensam, se autoconferem o
direito de viver da maneira que pensam, entregando-se às
conquistas materiais sem ética nenhuma já que o túmulo
acerta todas as contas nivelando por baixo, muito por
baixo, todos os que procuram viver dentro da melhor
moral possível, da ética e do respeito pelos direitos
alheios.
Por fim, a última mentira que o ser humano gosta de
contar a si mesmo é da suposta enorme distância que
ainda mantém de sua própria morte como ser físico.
Jacques Bossuet, historiador francês do século 17,
afirmava que nos funerais só se ouvem palavras de
surpresa por aquele mortal estar morto! Enquadrou com
perfeição aqueles que se julgam muito distantes,
extremamente distantes do momento fatal de todo ser
humano. Fernando Pessoa, por sua vez, afirmava que o
humano é somente um cadáver adiado. Como seria útil essa
consciência para cuidarmos de bem viver, ao invés de
viver bem a qualquer preço! Se não foi suficiente,
citemos o filósofo Sêneca que afirmava que a hora final,
quando cessamos de existir, não nos traz a morte. Ela
simplesmente completa o processo de morrer.
Desse modo, de mentira em mentira para si mesmo, o ser
humano deixa o precioso tempo de a reencarnação escoar
pela ampulheta do tempo que o leva, creia ou não, minta
ou não, à grande realidade de onde viemos e para onde
sempre retornaremos.
Até quando continuaremos a ser em relação à vida
“grandes pinóquios”?