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por Ricardo Orestes Forni

 

As três grandes mentiras do ser humano


A revista VEJA, edição 2355 de 8 de janeiro de 2014, traz uma longa reportagem sobre a mentira, que se inicia na página 50 indo até a página 59. Vamos utilizar apenas um pequeno trecho do início: “De um jeito ou de outro, muito ou pouco, você vai mentir neste ano. Você também vai ouvir muitas mentiras em 2014. Assim é a vida desde que o primeiro hominídeo indicou erradamente o lado onde estava a caça, roubando assim do rival a chance de dividir com ele mais tarde um naco de carne defumada. A mentira é um recurso puramente humano, tão privativo da nossa espécie quanto a fala e a negociação. Nenhum outro conhece os mecanismos de troca. Nem o chimpanzé, nosso primo mais próximo, é capaz de oferecer a outro, digamos, um cacho de bananas com a condição de ganhar um lugar mais aconchegante na árvore. A capacidade de falar, negociar e mentir foi sendo refinada durante a trajetória evolutiva humana até chegar a seu ápice na figura de um político treinado por um marqueteiro em ano eleitoral”.

Ainda segundo a mesma reportagem, uma pesquisa conduzida pelo psicólogo Jerald Jellison, da Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos, mostra que cada pessoa ouve 100 mentiras por dia!

Em uma das sempre brilhantes palestras de Divaldo, ele faz uma afirmação hilária, porém verdadeira: quem afirma que nunca mentiu, está mentindo pela primeira vez. Obviamente que não duvidamos que existam Espíritos encarnados neste planeta de provas e expiações que sejam exceção a essa regra.

Sobre a afirmativa costumeira de que, muitas vezes, precisamos dizer a verdade nua e crua, contrapõe-se o ensinamento e o bom senso de André Luiz no livro Agenda Cristã, de que ninguém ensina ferindo.

Chico Xavier ensinando sobre a utilização da verdade, criou uma importante lição comparando-a ao diamante. Essa pedra preciosa, diz o Chico, ofertada a uma jovem mulher transforma-se numa joia que realça a sua beleza. O diamante, continua ensinando o Chico, ofertado a um pobre irmão enfermo, proporciona a oportunidade de convertê-lo em dinheiro para a aquisição do alimento e do remédio. Entretanto, o diamante, num momento de descontrole emocional (e quem não os tem?), atirado à face de alguém, pode ferir, trazendo até àquele que fere os sentimentos de ira, de vingança e de ódio. A verdade deve ser, então, dosada para que não funcione à semelhança da pedra preciosa atirada com violência e desdém contra alguma pessoa, ferindo-a.

Joanna de Ângelis nos ensina que a mentira deve ser rechaçada sob qualquer forma em que se apresente, face aos prejuízos morais que provoca, levando à maledicência, à calúnia e a todo um séquito de terríveis distonias psicológicas e éticas no comportamento social. O mentiroso é alguém enfermo, sem dúvida, no entanto provoca desprezo, em razão da forma de proceder, tornando sua palavra desacreditada mesmo quando se expressa corretamente, o que nem sempre acontece. De tal forma se lhe faz natural alterar o conteúdo ou a apresentação dos fatos, que os revela de forma irreal, esperando manipular as pessoas através desse ignóbil ardil.

O ser humano gosta de contar a si mesmo três grandes mentiras. Juntas ou isoladamente. A primeira delas é afirmar que Deus não existe. Com isso o mentiroso afirma que pode existir efeito sem causa, contrariando a tão endeusada ciência humana. Se Deus não existe, o Universo ou os múltiplos Universos existentes são efeitos sem causa. Talvez essa seja uma lei que ainda venha a ser descoberta pelos “gênios” que negam a existência de uma Inteligência absoluta, causa incausada de tudo que existe.

A outra mentira é aquela que afirma que o túmulo é o fim do ser existente. Os que assim pensam, se autoconferem o direito de viver da maneira que pensam, entregando-se às conquistas materiais sem ética nenhuma já que o túmulo acerta todas as contas nivelando por baixo, muito por baixo, todos os que procuram viver dentro da melhor moral possível, da ética e do respeito pelos direitos alheios.

Por fim, a última mentira que o ser humano gosta de contar a si mesmo é da suposta enorme distância que ainda mantém de sua própria morte como ser físico. Jacques Bossuet, historiador francês do século 17, afirmava que nos funerais só se ouvem palavras de surpresa por aquele mortal estar morto! Enquadrou com perfeição aqueles que se julgam muito distantes, extremamente distantes do momento fatal de todo ser humano. Fernando Pessoa, por sua vez, afirmava que o humano é somente um cadáver adiado. Como seria útil essa consciência para cuidarmos de bem viver, ao invés de viver bem a qualquer preço! Se não foi suficiente, citemos o filósofo Sêneca que afirmava que a hora final, quando cessamos de existir, não nos traz a morte. Ela simplesmente completa o processo de morrer.

Desse modo, de mentira em mentira para si mesmo, o ser humano deixa o precioso tempo de a reencarnação escoar pela ampulheta do tempo que o leva, creia ou não, minta ou não, à grande realidade de onde viemos e para onde sempre retornaremos.

Até quando continuaremos a ser em relação à vida “grandes pinóquios”?


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita