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por Temi Mary Faccio Simionato

 

Na sociedade

Não é raro conhecermos pessoas que, apesar de viverem em condições adversas, em ambientes viciosos, conseguem furtar-se às influências negativas do meio e se destacam como homens dignos. Há outros que, mesmo depois de terem experimentado uma vida de transgressões, conseguem se recuperar, tornando-se referência para outros. Estes exemplos de superação mostram que o ser humano é capaz de fazer sua reforma moral quando tem força de vontade e correto uso do livre-arbítrio.
Para o Espírito evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça sempre a necessidade de vigilância e oração. O perdão é tão indispensável ao equilíbrio quanto o ar é imprescindível à existência. Devemos não só perdoar os prejuízos e desvantagens, insultos e desconsiderações maiores que nos atinjam, mas suportar com paciência e esquecer completamente todas as pequenas injustiças do cotidiano, começando na compreensão e na bondade perante os diminutos pesares do mundo íntimo.
Todos somos suscetíveis de erros e, por isso mesmo, perdão é serviço de todo instante. Por mais inteligente que seja, aquele que sempre considera suas atitudes desculpáveis atrasa sua evolução espiritual por postergar sua mudança interior. O desculpismo é improcedente; antes de ser vã tentativa de iludir os outros, constitui a realização efetiva da ilusão naquele que o promove.
É necessário sair da condição de indivíduos conduzidos pelos envolvimentos do meio, reagindo e mudando para passarmos à categoria de condutores de nós mesmos com amplo conhecimento das nossas potencialidades em desenvolvimento.
O desejo de praticar o mal ou outros vícios podem ser tão repreensíveis quanto o próprio mal, contudo, aquele que resiste às tentações, se afastando, tem grande mérito, mas não basta deixar de praticá-lo, é preciso que faça o bem, pois cada um responderá por todo o mal que resulta da omissão em praticá-lo.
Aqueles que te recorrem aos préstimos contam com o apoio que lhes é necessário, seja um gesto de amparo substancial, uma nota de solidariedade, uma palavra de bom ânimo ou um aviso oportuno. Auxilia em silêncio, entendendo a situação que cada um está vivendo, temperando a bondade com a energia, e a fraternidade com a justiça.
O Espiritismo não se impõe a quem quer que seja, ele quer ser aceito a partir das convicções e novas ideias. Depois de compreendido ele é aceito, porque toca no aspecto da felicidade.
O homem só é infeliz quando se afasta da Lei de Deus, que está na consciência de cada um. Abraçando o Espiritismo, pede a cada passo orientação para as atitudes que a vida te solicita.
Somos trazidos à escola espírita a fim de auxiliarmos e sermos auxiliados na permuta de experiências e na aquisição de conhecimento. O apostolado de Allan Kardec é a restauração do Cristianismo simples e claro, em que Jesus procura o povo e o povo O encontra.
Diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, analisemos suas tendências mais íntimas e depois verifiquemos se estamos em condições de censurar alguém. Nas quedas do sentimento há de considerar não somente a fraqueza necessitada de compaixão, mas também o processo obsessivo que reclama socorro em vez de censura.
Estejamos certos de que o bem de todos começa sempre no esforço construtivo de cada um, adotando as normas de tolerância construtiva, respeitando aqueles que se desviaram da senda justa, proporcionando-lhe novas oportunidades de serviço e elevação. A verdadeira caridade se resume na compreensão para além das aparências com as quais se convive, perdoando e ajudando silenciosa e desinteressadamente onde estejamos, como se faça necessário e tanto quanto seja possível.
Aproveitemos o ensejo de ser útil com a inteligência de quem sabe que é preciso plantar hoje para colher amanhã. Cultivemos a verdade, a justiça, a lógica e a ordem, buscando a caridade e reservando em todos os nossos atos e pensamentos um lugar para ela. Que o desenvolvimento das virtudes seja o objetivo das nossas existências para que possamos viver de forma simples e humilde.
Hoje, em nossa sociedade, para ser cristão não é preciso o holocausto do mártir, nem o sacrifício da vida, mas apenas o sacrifício do egoísmo, do orgulho e da vaidade.
Triunfaremos se a caridade nos inspirar e se a fé nos sustentar.
Amemos como Ele nos amou, sem esperar recompensa e de modo completo: aos que nos amam e aos que nos odeiam e prejudicam.
Só assim estaremos seguindo o Cristo e criando em nosso próprio benefício o verdadeiro progresso espiritual.


 

Referências bibliográficas:

KARDEC, Allan. A Gênese. Ed. FEB. Rio de Janeiro, 2007, Cap. I, item 55.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Ed. IDE. Araras, 2009, 365ª edição. Cap. XVII, XI e XII.
RIGONATTI, Eliseu. O Espiritismo Aplicado. Ed. Pensamento. São Paulo, abril 1989. Pág. 52.
TORCHI, Christiano. As Leis Morais na Atualidade. Ed. FEB, Brasília, 1ª edição, 2014 – Cap. II, pág. 25 e 123.
XAVIER, Francisco Cândido – Pelo Espírito Emmanuel. Reformador. Março de 1961.
XAVIER, Chico; VIEIRA, Waldo – Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. Estude e Viva. 14ª Edição, Brasília, Ed. FEB, 2013. Pág. 15, 38, 60, 61, 64, 98, 146. 



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita