Na sociedade
Não é raro
conhecermos pessoas que, apesar de viverem em condições
adversas, em ambientes viciosos, conseguem furtar-se às
influências negativas do meio e se destacam como homens
dignos. Há outros que, mesmo depois de terem
experimentado uma vida de transgressões, conseguem se
recuperar, tornando-se referência para outros. Estes
exemplos de superação mostram que o ser humano é capaz
de fazer sua reforma moral quando tem força de vontade e
correto uso do livre-arbítrio.
Para o Espírito evangelizado, perdão e esquecimento
devem caminhar juntos, embora prevaleça sempre a
necessidade de vigilância e oração. O perdão é tão
indispensável ao equilíbrio quanto o ar é imprescindível
à existência. Devemos não só perdoar os prejuízos e
desvantagens, insultos e desconsiderações maiores que
nos atinjam, mas suportar com paciência e esquecer
completamente todas as pequenas injustiças do cotidiano,
começando na compreensão e na bondade perante os
diminutos pesares do mundo íntimo.
Todos somos suscetíveis de erros e, por isso mesmo,
perdão é serviço de todo instante. Por mais inteligente
que seja, aquele que sempre considera suas atitudes
desculpáveis atrasa sua evolução espiritual por
postergar sua mudança interior. O desculpismo é
improcedente; antes de ser vã tentativa de iludir os
outros, constitui a realização efetiva da ilusão naquele
que o promove.
É necessário sair da condição de indivíduos conduzidos
pelos envolvimentos do meio, reagindo e mudando para
passarmos à categoria de condutores de nós mesmos com
amplo conhecimento das nossas potencialidades em
desenvolvimento.
O desejo de praticar o mal ou outros vícios podem ser
tão repreensíveis quanto o próprio mal, contudo, aquele
que resiste às tentações, se afastando, tem grande
mérito, mas não basta deixar de praticá-lo, é preciso
que faça o bem, pois cada um responderá por todo o mal
que resulta da omissão em praticá-lo.
Aqueles que te recorrem aos préstimos contam com o apoio
que lhes é necessário, seja um gesto de amparo
substancial, uma nota de solidariedade, uma palavra de
bom ânimo ou um aviso oportuno. Auxilia em silêncio,
entendendo a situação que cada um está vivendo,
temperando a bondade com a energia, e a fraternidade com
a justiça.
O Espiritismo não se impõe a quem quer que seja, ele
quer ser aceito a partir das convicções e novas ideias.
Depois de compreendido ele é aceito, porque toca no
aspecto da felicidade.
O homem só é infeliz quando se afasta da Lei de Deus,
que está na consciência de cada um. Abraçando o
Espiritismo, pede a cada passo orientação para as
atitudes que a vida te solicita.
Somos trazidos à escola espírita a fim de auxiliarmos e
sermos auxiliados na permuta de experiências e na
aquisição de conhecimento. O apostolado de Allan Kardec
é a restauração do Cristianismo simples e claro, em que
Jesus procura o povo e o povo O encontra.
Diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo,
seja com quem for e como for, analisemos suas tendências
mais íntimas e depois verifiquemos se estamos em
condições de censurar alguém. Nas quedas do sentimento
há de considerar não somente a fraqueza necessitada de
compaixão, mas também o processo obsessivo que reclama
socorro em vez de censura.
Estejamos certos de que o bem de todos começa sempre no
esforço construtivo de cada um, adotando as normas de
tolerância construtiva, respeitando aqueles que se
desviaram da senda justa, proporcionando-lhe novas
oportunidades de serviço e elevação. A verdadeira
caridade se resume na compreensão para além das
aparências com as quais se convive, perdoando e ajudando
silenciosa e desinteressadamente onde estejamos, como se
faça necessário e tanto quanto seja possível.
Aproveitemos o ensejo de ser útil com a inteligência de
quem sabe que é preciso plantar hoje para colher amanhã.
Cultivemos a verdade, a justiça, a lógica e a ordem,
buscando a caridade e reservando em todos os nossos atos
e pensamentos um lugar para ela. Que o desenvolvimento
das virtudes seja o objetivo das nossas existências para
que possamos viver de forma simples e humilde.
Hoje, em nossa sociedade, para ser cristão não é preciso
o holocausto do mártir, nem o sacrifício da vida, mas
apenas o sacrifício do egoísmo, do orgulho e da vaidade.
Triunfaremos se a caridade nos inspirar e se a fé nos
sustentar.
Amemos como Ele nos amou, sem esperar recompensa e de
modo completo: aos que nos amam e aos que nos odeiam e
prejudicam.
Só assim estaremos seguindo o Cristo e criando em nosso
próprio benefício o verdadeiro progresso espiritual.
Referências bibliográficas:
KARDEC, Allan. A Gênese.
Ed. FEB. Rio de Janeiro, 2007, Cap. I, item 55.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
Ed. IDE. Araras, 2009, 365ª edição. Cap. XVII, XI e XII.
RIGONATTI, Eliseu. O Espiritismo Aplicado. Ed.
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TORCHI, Christiano. As Leis Morais na Atualidade.
Ed. FEB, Brasília, 1ª edição, 2014 – Cap. II, pág. 25 e
123.
XAVIER, Francisco Cândido – Pelo Espírito Emmanuel.
Reformador. Março de 1961.
XAVIER, Chico; VIEIRA, Waldo – Pelos Espíritos Emmanuel
e André Luiz. Estude e Viva. 14ª
Edição, Brasília, Ed. FEB, 2013. Pág. 15, 38, 60, 61,
64, 98, 146.