O programa que salva
vidas – AA
Hoje se sabe que o tratamento mais barato para a
dependência química é gratuito, e salva vidas no mundo
todo: é o programa desenvolvido pelo grupo de ajuda
mútua de Alcoólicos Anônimos – AA.
Ele oferece um conjunto de ferramentas que podem
auxiliar o doente em alcoolismo em sua recuperação, com
o programa dos doze passos, das doze tradições, com os
serviços em favor de outros alcoólicos que precisem de
ajuda, com os lemas, as partilhas e o apadrinhamento
(por isso é chamada de “terapia de espelho”), a oração
da serenidade, e muito mais.
Mas afinal o que é a doença do alcoolismo?
É uma doença primária, crônica, progressiva, e que pode
ser fatal se não for contida, levando o indivíduo à
clínica, ao cárcere ou ao cemitério. Infelizmente, não
tem cura, mas tem recuperação. Ela é semelhante ao
diabetes, à pressão arterial, a doenças cardíacas que
têm tratamento mas não têm cura plena.
Duas coisas quero destacar sobre o programa de
Alcoólicos Anônimos:
1) É
um programa espiritual e não religioso; pessoas de
qualquer denominação religiosa podem participar. É um
equívoco que os religiosos cometem quando prometem a
cura, pois a Organização Mundial da Saúde (OMS)
reconhece a doença como crônica (incurável).
2) Outro
aspecto interessante do programa do AA é a partilha.
Essa mesma técnica da partilha já era aconselhada há
dois mil anos por Tiago, em carta apostólica: “Conversai
uns com outros e orai uns pelos outros, para que
sareis”. E, hoje, a moderna medicina psicossomática nos
recomenda: “Se você não quiser adoecer, fale de seus
sentimentos” – partilhe.
Ter o desejo de parar de beber é muito importante, e ir
à sala de reuniões do AA, melhor ainda para a
recuperação.
Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
traz uma boa notícia para dependentes de álcool que
decidiram apostar em grupos de autoajuda para livrar-se
do vício: entre os alcoólicos que frequentam ao menos
duas vezes por mês as reuniões do AA, 45% conseguem
ficar abstêmios por seis meses, período mínimo
necessário para se considerar o resultado do tratamento
satisfatório.
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em
dependência química pela USP/SP-GREA.
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