O erro
Nós que habitamos um orbe de expiações e provas, desde o
primeiro suspiro até o último, faz-nos companhia perene
“o erro”.
Ora! Devemos saber que “o engano” é coisa inerente ao
ser humano.
Entretanto, temos uma defesa: nosso livre-arbítrio!
Assemelhamo-nos a um dial de um rádio.
No aparelho radiofônico, se quer ouvir música basta
girar o botão um pouco mais para lá ou para cá. Se
futebol, continue rodando-o. Ah!... Quer jornal, mova-o
mais um pouco.
Também nós agimos assim, escolhendo onde queremos ficar
sintonizados; se no bem ou no mal.
Insano é todo aquele que não tenta seguir o mandamento
do Altíssimo: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo” Mt 22,34-40; e aqueloutro do
Mestre Jesus: “que vos ameis uns aos outros; assim como
eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos
outros”, daí “conhecerão todos que sois meus discípulos”
Jo 13,34-35; as várias outras palavras do Divino
Jardineiro e etc.
Sei que é difícil.
Mas, se você tentar, com firme vontade, certamente
melhorará sua sintonia.
Como nos diz Kardec: “Reconhece-se o verdadeiro espírita
pela sua transformação moral e pelos esforços que
emprega para domar suas inclinações más”. (ESE, cap. 17,
it. 4)
Nós dizemos sempre uma frase: “não é fácil ser Espírita,
o Espiritismo só é para aqueles que aguentam”.
Achamos que essa prática de se equivocar mais ou menos é
dos principiantes na Doutrina Kardeciana. Todavia, o
conselho que iremos lhes dar serve para todas as escalas
daqueles que seguem Allan Kardec.
Conhecimento de si mesmo
919. Qual
o meio prático mais eficaz que tem o homem de se
melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
“Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti
mesmo.”
a) - Conhecemos
toda a sabedoria desta máxima, porém, a dificuldade está
precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o
meio de consegui-lo?
“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do
dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao
que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a
algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se
queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o
que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as
noites, evocasse todas as ações que praticara durante o
dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera
feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o
esclarecessem, grande força adquiriria para se
aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria.
Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos
sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes
em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma
coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se
obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar.
Perguntai ainda mais: ‘Se aprouvesse a Deus chamar-me
neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao
entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode
ser ocultado’.
“Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois
contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos.
As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa
consciência, ou a indicação de um mal que precise ser
curado.
“O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do
progresso individual. Mas, direis, como há de alguém
julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do
amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las
desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e
previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade.
Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que
não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o
valor de uma de vossas ações, inquiri como a
qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a
censurais noutrem, não na poderia ter por legítima
quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas
medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também
saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não
desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto
esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus
muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a
fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o
faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua
consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério
de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus
pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas;
dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do
comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos
asseguro que a conta destes será mais avultada que a
daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá
dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra
vida.
“Formulai, pois, de vós
para convosco, questões nítidas e precisas e não temais
multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos
para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais
todos os dias com o fito de juntar haveres que vos
garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso
o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz
suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que
é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas
enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o
homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns
esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o
presente e incerto o futuro. Ora, esta é exatamente a
ideia que estamos encarregados de eliminar do vosso
íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse
futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa
alma. Por isso foi que primeiro chamamos a vossa atenção
por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e
que agora vos damos instruções, que cada um de vós se
acha encarregado de espalhar. Com este objetivo é que
ditamos O Livro
dos Espíritos”. (SANTO
AGOSTINHO)
Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas.
Se, efetivamente, seguindo o conselho de Santo Agostinho,
interrogássemos mais amiúde a nossa consciência,
veríamos quantas vezes falimos sem que o suspeitemos,
unicamente por não perscrutarmos a natureza e o móvel
dos nossos atos. A forma interrogativa tem alguma coisa
de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes
deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas
categóricas, por um sim ou não, que não abrem lugar para
qualquer alternativa e que são outros tantos argumentos
pessoais. E, pela soma que derem as respostas, poderemos
computar a soma de bem ou de mal que existe em nós.
Referências bibliográficas:
OLE q. 919.
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