Entre os Dois
Mundos
(Parte 39
e final)
Concluímos nesta edição o estudo metódico e sequencial
do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria
de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por
Divaldo P. Franco no ano de 2004.
Questões preliminares
A. Com base na visita feita pela equipe socorrista aos
que foram atendidos, a avaliação do trabalho realizado
foi positiva?
Sim. Contudo, era ainda
constrangedor o estado do Dr. Marco Aurélio, que
permanecia estertorando nas consequências do distúrbio
que o acometera, antes da terrível flagelação que
pretendia impor-se em relação ao futuro, assassinando a
esposa enferma. Sem poder entender a ocorrência
salvadora, lutava, em espírito, contra o corpo
semiamortecido, que lhe não correspondia às exigências,
lamentando o desencadear dos inúmeros infortúnios que
decorreram da sua conduta desregrada. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
B. A senhora Lucinda, a esposa desencarnada do Dr. Marco
Aurélio, já se recuperara dos impedimentos orgânicos que
padeceu em vida?
Sim. Jovial e refeita
totalmente dos mencionados impedimentos orgânicos, ela
compareceu à residência do seu esposo quando a equipe
socorrista o visitava. Quando tomou conhecimento de que
fora o Mentor da equipe socorrista quem operara as
alterações ocorridas no seu lar, na noite fatídica,
comoveu-se até as lágrimas, agradecendo a providencial
interferência e rogando a continuação da assistência
para o companheiro inválido e os filhos imaturos. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
C. Que sentimento a senhora Lucinda nutria pelo
ex-marido que – ela bem o sabia – havia tentado matá-la
e só não o conseguiu devido à interferência do Mentor
espiritual?
Ela disse que, apesar de
tudo, continuava a amá-lo e experimentava grande
tristeza por vê-lo na situação desditosa em que se
debatia, principalmente por sua falência ante o elevado
compromisso espiritual que lhe dizia respeito. Confiava,
porém, no Altíssimo, que lhe conferiria outra ocasião
para prosseguir, e não cessaria de interferir em seu
favor, porquanto a ocorrência infeliz de maneira
nenhuma afetava-lhe o sentimento de profundo amor.
Esperá-lo-ia após o decesso carnal, e se lhe dedicaria
como enfermeira eficiente, auxiliando-o no refazimento
após o túmulo. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
Texto para leitura
357. O jovem Dr.
Emir Tibúrcio Reis conseguia implantar discreta e
seguramente os procedimentos espíritas na clínica
psiquiátrica, sensibilizando alguns colegas, enquanto
suportava airosamente os opositores que sempre existem
em toda parte, gerando dificuldades e mantendo a
prosápia pessoal. O seu Mentor, Dr. Ximenes, informou a
equipe socorrista dos progressos alcançados e
referiu-se às expectativas do êxito que se delineava
para o futuro. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
358. Os resultados da
visita feita por Manoel Philomeno e seus companheiros
foram positivos, favorecendo a ampliação de conceitos e
de técnicas em benefício dos pacientes mentais sempre
credores de carinho e de consideração, especialmente
quando obsidiados e sem direção equilibrada de
comportamento. O mais constrangedor entre os atendidos
pela equipe foi o Dr. Marco Aurélio, que permanecia
estertorando nas consequências do distúrbio que o
acometera, antes da terrível flagelação que pretendia
impor-se em relação ao futuro, assassinando a esposa
enferma. Sem poder entender a ocorrência salvadora,
lutava, em espírito, contra o corpo semiamortecido, que
lhe não correspondia às exigências, lamentando o
desencadear dos inúmeros infortúnios que decorreram da
sua conduta desregrada. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
359. Assim mesmo, o
Mentor providenciou que Ângelo e Germano lhe aplicassem
socorro específico por meio dos passes, diminuindo a
agressão à área cerebral afetada, de modo a
propiciar-lhe menos aflição nos dias subsequentes.
Enquanto o grupo se encontrava assistindo-o, acompanhada
pela genitora, deu entrada na enfermaria especializada a
senhora Lucinda, esposa desencarnada do falido advogado.(Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
360. Jovial e refeita
totalmente dos impedimentos orgânicos que a retiveram
no leito e, por pouco, não facultaram o crime hediondo
programado pelos perversos comparsas do seu marido
invigilante, saudou a todos agradavelmente e, tomando
conhecimento de que fora o Mentor da equipe socorrista
quem operara as alterações ocorridas no seu lar, na
noite fatídica, comoveu-se até as lágrimas, agradecendo
a providencial interferência e rogando continuação de
assistência para o companheiro inválido e os filhos
imaturos. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
361. Informou que, logo
se recuperou do fenômeno da desencarnação, desejou
visitar aquele que pensara em eliminá-la fisicamente.
Aduziu que houvera percebido a sua intenção, mas que,
impossibilitada de qualquer atitude, em face da
paralisia que a tomara, experimentou angústia infinita,
até a ocorrência calamitosa a que ele dera lugar, com a
sua consequente liberação do corpo, em razão da
Misericórdia Divina. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
362. Esclareceu que, nada
obstante, amava-o, experimentando tristeza por vê-lo na
situação desditosa em que se debatia e, principalmente,
pela falência ante o elevado compromisso espiritual que
lhe dizia respeito. Confiava, porém, no Altíssimo, que
lhe conferiria outra ocasião para prosseguir, talvez em
condição diferente da atual, mas que não cessaria de
interferir em seu favor, porquanto a ocorrência infeliz
de maneira nenhuma afetava-lhe o sentimento de profundo
amor. Esperá-lo-ia após o decesso carnal, e se lhe
dedicaria como enfermeira eficiente, auxiliando-o no
refazimento após o túmulo. Ela acercou-se do leito e,
tocando o chacra coronário do enfermo, chamou-o
docemente, mais de uma vez. Embora o estado grave e a
desarmonia cerebral, ele escutou-a no recesso do ser,
identificando-lhe a voz e comovendo-se. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
363. Um relâmpago de
remorso feriu-lhe o pensamento e ele desejou
prosternar-se em atitude humilde para rogar-lhe perdão,
sem que pudesse expressar o sentimento que o invadiu.
Ela, no entanto, captou-lhe a vibração e, enternecida,
acarinhou-lhe a cabeça úmida de suor, transmitindo-lhe
palavras de alento e de fé na Misericórdia Divina, que
ele desdenhara. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
364. Saindo dali, a
equipe e o Mentor rumaram para a base de atividades que
não ficava distante daquele local. A noite havia chegado
e o silêncio era profundo. Quando alcançaram o campo
onde se erguiam as edificações reservadas às diversas e
numerosas equipes, Manoel Philomeno notou que, de
momento a momento, a noite era cortada por curioso
rastro de luz, que recordava o atrito de algum meteoro
com a atmosfera, mas o Benfeitor informou serem as novas
caravanas que agora viriam substituir os grupos que
retornariam ao seu domicílio na erraticidade. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
365. Menos de uma hora
transcorrida, com o coração túmido de alegria, Manoel
Philomeno dirigiu-se ao edifício central, onde já se
encontravam diversos grupamentos que operaram em
diferentes regiões do país, esplendentes de felicidade
em decorrência do labor cumprido. Havia transcorrido um
mês desde quando ele e seus colegas chegaram para dar
início ao périplo de auxílio fraternal. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
366. Para surpresa de
todos, o Benfeitor Crescêncio, em Espírito,
encontrava-se no recinto, exultante com os resultados
da providência proposta pelo mártir Policarpo. A reunião
iniciou-se com ungida oração de agradecimento a Deus
pela oportunidade de serviço a Jesus, Seu Filho amado,
que foi proferida pelo responsável do cometimento, e,
logo após, os diversos diretores dos grupos
apresentaram breve relatório de resultados, recebendo o
aval do Guia gentil. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
367. O Dr. Arquimedes
igualmente sintetizou o trabalho executado, demonstrando
a necessidade de futuras visitas aos beneficiários, de
modo que prosseguissem fortalecidos na execução dos
objetivos abraçados, no que foi secundado pelos demais
dirigentes. O venerando irmão Crescêncio anuiu de
boamente com a sugestão, informando que aqueles que
haviam recebido a valiosa contribuição espiritual de
cada equipe continuariam sob a sua fraternal
assistência, conforme as possibilidades pertinentes,
assim prosseguindo sustentados até o término da jornada
terrestre. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
368. Tratava-se de uma
providência feliz, porquanto não poucas vezes, no
transcurso de qualquer realização, surgem desafios novos
e surpresas perturbadoras que podem contribuir para o
insucesso ou, pelo menos, para retardar o êxito do
acometimento. Assim, periodicamente, em grupo ou
individualmente, os irmãos receberiam nossas visitas e
quaisquer providências que fossem necessárias de ser
aplicadas seriam levadas ao Mentor, para definição,
assim mantendo o clima otimista de realização sob as
bênçãos de Jesus. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
369. Três horas, mais ou menos, após o início da
reunião, soou o momento de finalizá-la. Enquanto música
suave tocava as fibras mais delicadas do sentimento dos
presentes, ouviu-se a exoração, mesclada de súplica e de
reconhecimento, proferida pelo apóstolo representante
do mártir cristão:
Senhor Jesus:
Aqueles que Te amavam no passado, ofereciam as
existências em holocaustos de amor, que aceitavas em
júbilo.
Entregavam-Te a vida, sem qualquer condição,
demonstrando aos inimigos do Amor que somente através
da doação total é possível viver-se em plenitude.
Respeitavam a existência orgânica e nunca temiam a
morte, em contínuos testemunhos de fé e de exaltação do
Teu Nome, sem coragem de dirigir-se ao Pai que Te enviou
para nós.
Seguiam-Te os exemplos e viviam as Tuas palavras com
arrebatamento e, por isso mesmo, modificaram os rumos da
História, insculpindo-Te o nome nas suas fulgurantes
páginas.
Foram os demarcadores dos caminhos do futuro, por onde
deveriam seguir aqueles que viriam depois.
Mas, que fizeram os seus sucessores? Ainda não
amadurecidos para a liberdade, nem firmados com
segurança nos propósitos santificantes da abnegação,
inverteram a ordem dos Teus ensinamentos, profanando os
Teus postulados e entregando-se às paixões
dissolventes, em que se comprometeram.304 Divaldo
Franco /Manoel Philomeno de Miranda
Tu acompanhaste a alucinação generalizada, tomado de
infinita compaixão por todos esses equivocados.
Nunca, porém, os abandonaste, perseverando amorosamente
ao seu lado, ensejando-lhes o ir e vir pelo carreiro das
reencarnações até que despertassem realmente para
assumir a postura de servidores fiéis da verdade.
Eis que, agora, muitos daqueles desatinados
recuperam-se da desdita a que se entregaram, e estão
dispostos a corrigir-se, empenhando-se, com total
dedicação, no ministério redentor.
Aceita-nos o débil esforço e socorre-nos com a Tua
providencial misericórdia, a fim de que não voltemos a
desfalecer, nem a comprometer-nos com a loucura outra
vez.
Recebe, desse modo, a nossa insignificante doação de
amor e de respeito, mediante o serviço de auxílio ao
nosso próximo emaranhado em dificuldades ou equivocado
conforme já estivemos. É a nossa única forma de
dizer-Te que estamos no caminho, trôpegos ainda, porém,
avançando pela trilha que nos traçaste em luz.
Abençoa este nosso esforço, envolvendo aqueles a quem
levamos o Teu conforto, com as Tuas concessões de luz e
de sabedoria, para que se vençam a si mesmos e realizem
o encontro final contigo.
Mestre Inolvidável!
Distende o Teu olhar de
compaixão sobre nós e guarda-nos na Tua paz de que
muito necessitamos. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
370. Ao término da
oração, harmonias siderais dominavam a sala ampla. Todos
choravam discretamente. O Mensageiro do Mundo Maior
deteve-se, por um pouco, em silêncio, após o que liberou
a todos, exortando-lhes: – Ide em paz de retorno aos
vossos deveres habituais! Que o Senhor de bênçãos vos
abençoe e vos conduza por onde quer que fordes! Recebei
a gratidão daqueles que mourejamos convosco na
construção do reino de paz e de plenitude. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
371. Não era necessário
acrescentar mais nada, nem isso aconteceu. As
despedidas, portanto, foram sem palavras. Havia uma
inconfundível vibração de paz e de felicidade em todos
os grupos que, de imediato, desapareceram no zimbório
estrelado, deixando o rastro de luz, qual fizeram os que
estavam chegando. (Entre
os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e
despedidas.)
Fim