A
verdade é um veneno. Nem Jesus Cristo quis defini-la.
Quando Pilatos lhe perguntou o que era a verdade, ele
ficou em silêncio.
Se formos
falar a verdade na vida social, seremos considerados
indesejáveis e loucos.
Chico
preferia pegar a "avenida do contorno". Diante de perguntas
escorregadias, desviava com um "vamos estudar melhor a questão".
Para escapar de críticas aos poderosos do país, apelava para a
diplomacia: Eles estão tentando fazer o possível.
Como um
embaixador do outro mundo no Brasil, Chico Xavier aprendeu a
engolir em seco e a adiar a verdade. Era cauteloso, como bom
mineiro. Em 1955 saiu da defensiva e abriu a guarda para um
rapaz de 23 anos, vindo de Monte Carmelo com a mãe. Seu nome:
Waldo Vieira. Foi afinidade à primeira vista. O rapaz mostrou a
Chico um poema intitulado "Deus", ditado a ele por um espírito
anônimo. O autor do Parnaso de Além-Túmulo ficou
abismado. Era um soneto alexandrino perfeito.
A surpresa
cresceu após outra revelação. Waldo, com metade de sua idade,
dizia receber mensagens de um espírito chamado André Luiz,
homônimo do autor de Nosso Lar, mas com um currículo
diferente. De repente, o próprio apareceu para os dois. Um olhou
para o outro e perguntou:
- Esse aí é
o seu?
- É? Mas
este aí é o meu.
André Luiz
tinha apresentado históricos diferentes para os médiuns e foi
desmascarado ali mesmo. Seu nome era, na verdade, um pseudônimo
usado para encobrir sua verdadeira identidade. Um truque usado
para evitar processos por direitos autorais como o movido pela
família de Humberto de Campos.
Do livro As
vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
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