Confissão de amigo
Era um homem violento,
Ligado às trevas do mal,
Espalhando o sofrimento
Em seu caminho triunfal.
Dispunha de muitas vidas,
Trazendo chicote à mão,
Era o retrato do crime,
No quadro da ingratidão.
Trazia os olhos em fúria,
Mostrando o orgulho na face,
Decretava a própria morte
A quem o desagradasse.
Revelando-se entre os homens
O adversário do bem,
Depois de desencarnado
Era um déspota do Além.
Se amigos lhe conseguiam
Um berço novo no mundo,
Voltava, de novo, a ser
O ódio mordente e profundo.
De nada valia a fé
A induzi-lo para o amor,
Era o fidalgo cruel,
Terrível, dominador…
Um dia, porém, chegou
Em que veio a se cansar
De suscitar tanto pranto,
Tanta ferida a sangrar…
Humilhou-se em oração,
Rogou aos Céus vida nova,
Desejava renovar-se
A fogo de angústia e prova.
Jesus escutou-lhe a prece.
Viu-lhe a mágoa desmedida
E deu-lhe a bênção da lepra
A fim de amparar-lhe a vida.
Ninguém suponha na história
Outro alguém que conheceu,
Devo dizer claramente
Que esse leproso sou eu.
Do livro Estradas
e Destinos, obra psicografada pelo médium Francisco
Cândido Xavier.