Não te
afastes
No
Evangelho
de
Mateus
encontramos
a
seguinte
frase de
Jesus: “Mas,
livra-nos
do mal” ¹.
Quantos
já não
pronunciaram
essas
palavras,
seja em
estado
de
preocupação
verdadeira,
seja
pedindo
ao Pai
para nos
colocar
a salvo
de
perigos
e
tentações,
na vida
diária.
Em dois
momentos,
mostra-nos
o
Evangelho,
Jesus
faz essa
solicitação
a Deus:
primeiro,
na
oração
que nos
ensinou,
ao
encerrar
o Sermão
da
Montanha,
dizendo
“não
nos
deixes
cair em
tentação,
mas
livra-nos
do mal”;
e,
depois,
no
Sermão
do
Cenáculo
ou
última
ceia
como é
conhecida
essa
passagem,
quando,
despedindo-se
dos
discípulos,
o faz em
voz
alta,
para que
ficasse
gravada
na mente
dos
amigos
queridos
a Oração
dos
Discípulos,
na qual
diz: “não
peço que
os
tireis
do
mundo,
mas,
sim, que
os
guardeis
do
mal”. Nas
duas
ocasiões,
Jesus
roga o
amparo e
a
sustentação
a nós e
aos
discípulos
e não o
nosso
afastamento
do
mundo. E
por que
Ele age
assim?
Para
entender
isso é
necessário
compreender
o homem
no meio
em que
ele
vive. O
homem é
um ser
biológico,
enquanto
matéria;
um ser
psíquico,
enquanto
Espírito;
e um ser
social,
enquanto
relacionado
com
outros.
Assim,
quanto
mais o
homem
evolui,
mais
aumenta
a
interdependência
dele com
as
outras
pessoas.
Por
isso, o
progresso
só
acontece
quando
há
trabalho
em
grupo,
ajuda
mútua.
Sozinhos
nos
embrutecemos
e nos
debilitamos,
porque
somos
seres
gregários,
criados
para
viver em
sociedade,
equipados
com
todos os
instrumentos
que
possibilitam
tal
convivência.
Dessa
forma,
vamos
ajudando
e sendo
ajudados,
aprendendo
e
ensinando,
amando e
sendo
amados.
Com isto
em
mente, é
fácil
perceber
que só
seremos
úteis
vivendo
em
grupo.
Então,
quando
Jesus
nos
ensina,
no Pai
Nosso,
para que
Deus nos
livre do
mal, e
pede a
Ele que
não
afaste
os seus
discípulos
do
mundo,
mas que
também
os
proteja
do mal,
deixa
claro
que os
homens
não
precisam
isolar-se
a
pretexto
de
melhor
servirem
a Deus.
Se
antigamente
o
isolamento
de
homens,
que até
hoje são
reverenciados,
era para
despertar
esse
mesmo
homem
para os
problemas
da alma,
hoje
esse
comportamento “sem
finalidade
prática,
sem
proveito
para os
semelhantes,
expressaria
egoísmo
e
acomodação
à boa
vida.
Significaria
fuga ao
trabalho”.
² O
mundo é,
sem
sombra
de
dúvida,
a grande
escola
dos
Espíritos
encarnados.
Diante
disso,
podemos
entender
que é “impossível
o
ensinamento,
fugindo
à lição.
Ninguém
sabe,
sem
aprender”³.
Para
tanto,
citando
judiciosa
afirmação
de
Emmanuel,
estimado
benfeitor
espiritual,
é
importante
observarmos
ao nosso
redor
para
reconhecer “onde,
como e
quando
Deus nos
chama,
em
silêncio,
para
colaborar
com ele
no
desenvolvimento
das boas
obras,
na
sustentação
da
paciência,
na
intervenção
caridosa
em
assuntos
inquietantes
para que
o mal
não
interrompa
a
construção
do bem,
na
palavra
iluminativa
ou na
seara do
conhecimento
superior,
habitualmente
ameaçada
pelo
assalto
das
trevas”.
Todavia,
o que
encontramos,
ainda, é
um
grande
número
de
discípulos
do
Evangelho
que, ao
entenderem,
ainda
que de
forma
incipiente,
a luz
espiritual,
recusam-se
a
continuar
aprendendo,
tendo em
vista a
ideia
enganosa
de que
já sabem
o
suficiente.
Mas, se
não
aprenderam,
não
vivenciaram;
e, se
não
vivenciaram,
não
podem
dar
testemunhos
da sua
evolução.
Não
aceitam
as
tarefas
para as
quais
foram
encaminhados
e
recuam,
assim,
diante
do
esforço
que os
levará à
frente.
Declaram-se
desejosos
da união
com o
Cristo,
mas
abandonam
os
irmãos
necessitados
de
amparo,
esquecidos
de que o
Mestre
amado,
em
momento
algum,
afastou-se
da
humanidade
terrena.
Estimam
a oração
que ele
ensinou,
mas
esquecem
de que
Jesus
rogou ao
Pai que
nos
libertasse
do mal,
e não
que nos
afastasse
da luta.
Lembra-nos
Emmanuel
de que a
sabedoria
do
Cristianismo
não
consiste
em
isolar o
aprendiz
na
santidade
artificialista,
e, sim,
em
fazê-lo
no campo
de luta
ativa de
transformação
do mal
em bem,
da treva
em luz e
da dor
em
bênção.
A
fidelidade
que
muitos
dizemos
ter ao
Cristo
não
significa
adoração
eterna
em
sentido
literal;
significa,
sim,
espírito
de
serviço
até o
último
momento
das
nossas
forças
físicas.
Em
relação
aos
discípulos,
no
Sermão
do
Cenáculo,
Jesus
diz a
Deus que
Ele não
pede que
sejam
tirados
do
mundo,
mas,
sim, que
sejam
guardados
do mal,
pois
sabia
das
dificuldades
pelas
quais
passariam,
das
lutas
que
enfrentariam,
após sua
morte, e
que
poderiam
impedir
os
discípulos
de darem
continuidade
à Sua
tarefa.
Tudo
isso
poderia
criar um
precedente
perigoso
para as
futuras
realizações
do
Evangelho.
Tanto
eles,
ontem,
quanto
nós
próprios,
hoje,
não
prescindimos
das
lutas
terrenas,
porque
elas
corrigem,
aperfeiçoam
e
iluminam
os
Espíritos
necessitados,
que
retornam
ao corpo
físico
para
prosseguirem
sua
jornada
iluminativa.
O certo
é que “ninguém
pode dar
testemunho
de valor
espiritual
se não
vive
provas
difíceis,
dramas
intensos,
complicados
problemas...
Ninguém
pode dar
testemunho
de
resistência
moral se
não
sentiu o
impacto
de
fortes
tentações,
sobrepondo-se,
no
entanto,
a todas
elas,
pela
inabalável
determinação
de
vencer,
pelo
desejo
de
realizar-se”4,
ao menos
aqueles
que
ainda
estão
atrelados
à vida
material
grosseira,
como é o
caso da
humanidade
que vive
sobre
este
planeta.
É prova
difícil
viver no
mundo,
sabemos;
mas não
impossível.
Por essa
razão o
pedido
de
Jesus,
tanto em
uma
quanto
na outra
oração,
é
exortação
à
vigilância,
para que
não
venhamos
a
sucumbir
ante o
mal, nas
suas
mais
diferentes
manifestações,
pois o
mal, em
qualquer
circunstância,
é
desarmonia
à frente
da Lei,
e todo
desequilíbrio
tem como
consequência
a
dificuldade
e o
sofrimento.
Mas,
independentemente
de tudo
isso,
fortalecidos
pelas
eternas
lições
do
Excelso
amigo,
nós nos
converteremos,
como
muitos
já o
fizeram,
em
exemplos
vivos e
atuantes
de amor
e
trabalho
no bem.
O
Apóstolo
Paulo de
Tarso,
na Carta
aos
Romanos,
capítulo
12,
versículo
21, pede
que não
nos
deixemos
vencer
pelo
mal, mas
que
vençamos
o mal
com o
bem,
pois,
passada
a
tempestade,
tudo se
encaminha
para o
reajustamento
e a
harmonia.
Sem
dúvida,
em lugar
algum e
em tempo
algum,
nada
conseguiremos
planejar,
organizar,
conduzir,
instituir
ou fazer
sem
Deus; no
entanto,
em
atividade
alguma,
não nos
é lícito
esquecer
de que
Deus,
igualmente,
espera
por nós.
Bibliografia:
1 -
MATEUS,
6:13.
2 -
PERALVA,
Martins. Estudando
o
Evangelho,
6ª ed.,
Edições
FEB –
RIO DE
JANEIRO/RJ
- 1992 -
cap. 5 –
“O
Cristão
e o
Mundo”,
p. 40.
3 –
EMMANUEL
(Espírito). Vinha
de Luz,
[psicografado
por] F.
C.
Xavier,
14ª ed.,
Edições
FEB –
RIO DE
JANEIRO/RJ
- 1996
- lição
57.
4 –
PERALVA,
Martins. Estudando
o
Evangelho,
6ª ed.,
Edições
FEB –
RIO DE
JANEIRO/RJ
- 1992 -
cap. 5 –
“O
Cristão
e o
Mundo”,
p. 41. |