Amor inteligente
A educação pelo medo deforma a alma.
Henrique M. Coelho Neto
Um lindo bebê no colo de sua mãe, o pai contente com sua
filhinha pela mão. Essas cenas que se repetem pelos
diversos lugares do vasto mundo nos fazem refletir a
necessidade da educação. Questão que se abre e desvenda
promessas, esperanças: o que é educar?
Rousseau, filósofo e educador suíço, argumenta que
educar se mescla com a própria vida, à medida que desde
o nascimento cada um de nós inicia um processo constante
de aprendizagem, que nos levará à humanização.
É por meio da educação que a criança ingressa de forma
gradativa no mundo, na sociedade. Por outro lado, ainda
que nossa vida seja demasiadamente breve para
apreender-lhe o sentido, é principalmente por meio da
educação que o indivíduo tem acesso a recursos e ensaios
que o ajudarão a melhorar-se e, com isso, dominar
virtudes e talentos colhidos no mais íntimo de si mesmo.
A criança está disponível à educação no ambiente
doméstico. Ela deve ser vista como um sujeito que está
aprendendo o mundo, que precisa, por isso,
temporariamente, de um adulto para orientá-la. Por sua
vez, o adulto que tem o dever de orientar a criança,
necessita, na hora de educar, apoiar-se em um amor
inteligente, sem esquecer que na convivência
familiar o respeito mútuo é essencial.
O pai ou a mãe que move a orientação infantil com base
no amor inteligente, naturalmente responsável, sabe
negar ao filho ou a filha o que necessita ser negado,
pois o “amor” que deseduca, que estrutura maus hábitos,
péssimos condicionamentos, é irresponsável, desvelando,
na realidade, adultos imaturos, levianos, mal
informados.
Toda criança, especialmente no primeiro setênio, urge
ser educada para a autodisciplina, responsabilidade,
cooperação, isto é, respeito por si mesma, respeito às
regras, respeito aos outros. O resultado de tudo isso
será uma criança, em casa, na escola, mais segura, mais
tranquila, mais empática e, no futuro, um adulto que não
temerá dialogar, expressar emoções ou pontos de vista,
apresentando-se mais resiliente e preparado para
solucionar seus problemas e assumir sua trajetória com
mais coragem, alegria e confiança.
Notinhas
Amor inteligente reivindica
o respeito no processo da educação da criança. Logo, no
dia a dia, não cabem autoritarismo, agressão física ou
qualquer atitude que gere crueldade (física ou
psíquica). De outro lado, esse amor inteligente é
capaz de dizer “sim, sim” e “não, não”, recusando o
adulto ser refém da vontade (imatura) da criança –
assim, por exemplo, é um ato leviano pôr coca-cola na
mamadeira da criança (aliás totalmente descabido
refrigerante na infância) ou o uso de celular na
infância...
Respeito,
derivado do latim “respectus”, de re (de novo) especere (olhar),
traduz a necessidade de um segundo olhar e, em
consequência, a evitação de julgamentos e ações
precipitadas. A presença do respeito no cotidiano da
criança estrutura nela, de modo progressivo, empatia,
compaixão, cooperação e responsabilidade – componentes
fundamentais a uma convivência ética, criativa e
pacífica.