A Bíblia não é a palavra de Deus, mas a
palavra sobre Deus
A Bíblia é um tratado sobre Deus interpretado segundo as
doutrinas judaico-cristãs. A Teosofia é também um
tratado sobre Deus, mas numa visão universal sobre Deus.
Podemos dizer também que a Bíblia é uma narração sobre
Deus, o homem e os nossos deveres para com Deus e os
nossos semelhantes. Mas a visão das doutrinas
judaico-cristãs sobre Deus, nosso relacionamento com Ele
e nosso próximo, muitas vezes, está “vencida”, pois as
nossas crenças em Deus e nas doutrinas religiosas são
das coisas que mais evoluem.
O deísta crê em Deus, mas não em revelações e rituais ou
cerimônias religiosas. Ele não tem religião. Já o teísta
acredita em Deus, nos preceitos e rituais de uma
religião seguida por ele. E há o agnóstico, o qual é
neutro com relação à existência de Deus. Ele não afirma
que Deus existe, mas também não nega a sua existência.
Deus é um ser desconhecido por ele. E isso até lembra um
pouco o Deus de são Paulo que disse, no Areópago, que o
Deus dele era desconhecido. (Atos 17: 23).
Por ser Deus um Ser infinito, com nossa inteligência
finita é-nos impossível conhecê-lo tal como Ele é.
Devemos, pois, ser comedidos em falar sobre o que Deus
é. Mas o que os teólogos cristãos antigos mais fizeram
foi definir Deus em detalhes. E, assim, ensinaram erros.
Por exemplo, a antropomorfização de Deus,
caracterizando-o como um ser humano e mitológico. E o
pior é que alguns desses erros são, em pleno Século 21,
ainda considerados como verdades dogmáticas e intocáveis
por uma grande maioria dos teólogos cristãos, com
exceção dos teólogos espíritas. E justificam sua crença
afirmando erradamente que os teólogos antigos eram
infalíveis nas suas decisões teológicas. Será que os de
hoje são totalmente sinceros?
Jesus Cristo foi quem mais nos ensinou sobre o que é
realmente Deus. Aliás, Ele é denominado de o Verbo de
Deus, quer dizer, a palavra de Deus. E merece destaque
este seu ensino: Deus é Pai Dele e Pai de todos nós. Por
isso, é claro que Jesus é nosso irmão. E é nosso irmão
maior e modelo, no sentido de sua grande perfeição
espiritual e moral. Ao ressuscitar ou aparecer para
Maria Madalena, vejamos o que Ele lhe disse: “... não me
detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai
ter com os meus irmãos, e dize-lhes: Subo para meu Pai e
vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (São João 20:
17). Essa passagem bíblica, além de nos demonstrar que
Deus é, figuradamente, nosso Pai, e que Jesus é nosso
irmão, como ser humano que é, demonstra-nos, também, que
Jesus não é Deus. De fato, se não fosse assim, haveria
mais de um Deus, o que seria totalmente contra o
monoteísmo, o principal ensino do excelso Mestre. Também
de Paulo lemos: “Porquanto, há um só Deus e um só
mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1
Timóteo 2: 5).
Respeitemos, pois, a Bíblia que nos fala verdades muito
importantes sobre Deus, Jesus e nós, através de
Espíritos iluminados encarnados e desencarnados. Mas
eles, por não serem infalíveis, escreveram também nela
contradições e erros absurdos que não podem ser
atribuídos a Deus.
Por isso, corrijamos a afirmação de que a Bíblia é a
palavra de Deus, substituindo-a por esta: A Bíblia é a
palavra sobre Deus!