A caridade no lar
Se nos abstivermos do mundo externo e nos vincularmos
com atenção ao ambiente do lar onde iniciamos nossa
convivência social, iremos perceber quão rico e
promissor ele se apresenta para a nossa caminhada
evolutiva. A princípio, é naquele local que convivemos e
divergimos constantemente por conta da nossa falta de
compreensão, tolerância e indulgência com aqueles que
nos circundam no dia a dia. Quando partilhamos de um
mesmo ambiente devemos ter em mente que somos
individuais e, por conseguinte, diferentes.
A partir da aceitação dos preceitos de Jesus, que nos
ensina as virtudes do bem culminando com o maior delas,
o amor, devemos atentar para essa oportunidade que nos é
concedida para nosso aprimoramento moral.
Quantas divergências ocorrem naquele ambiente por conta
das nossas intransigências cristalizadas no orgulho e
egoísmo? Ao nos envolvermos com a Doutrina Espírita que
professa as orientações do Cristo, despertamos para a
importância desses desafios que são provas que nos
fortalecem para a elevação espiritual. Sabemos que
nossas existências são múltiplas e em cada uma delas
trazemos de forma inconsciente as experiências boas e os
equívocos do passado.
Nosso caráter petrificado na ancestralidade e encoberto
pelo véu do esquecimento manifesta-se em nossas
existências, onde buscamos nesse “arquivo
confidencial” tudo que já experimentamos para darmos
continuidade à vida presente. É inconteste que só
fazemos aquilo que sabemos e esses conhecimentos e
práticas permitem-nos tão somente praticá-los como
capítulos de uma nova vida corpórea...
Seguindo a Doutrina Espírita e consciente da realidade
do processo reencarnatório, devemos conceber esses
desafios como sendo a misericórdia do Pai, que nos
oportuniza reencontros com aqueles que temos diferenças
para reconciliar nossos sentimentos.
Recebemos essas dádivas a princípio como agruras, mas
pelo entendimento buscamos a construção em nosso lar de
um novo caminho em nossa estrada evolutiva, cujos
benefícios serão estendidos ao convívio social externo.
Observemos que regra geral essa prática não ocorre de
forma plena, por nos mantermos ainda fincados no dédalo
do orgulho e egoísmo.
Essa ausência de percepção dificulta os nossos passos a
caminho da redenção. Temos nas palavras de Jesus,
segundo Mt 5:25-26: “Concilia-te depressa com teu
adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que
não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o
juiz te entregue ao oficial, e te encerram na prisão. Em
verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali
enquanto não pagares o último ceitil”. Ao
praticarmos a paciência, indulgência e tantas outras
virtudes edificantes que nos elevam ao Criador,
estaremos vivenciando a caridade moral que esquecemos ou
postergamos.
Tenhamos em mente que a nossa parentela espiritual é
imensa e nossos reencontros sempre ocorrerão de forma
harmoniosa com aqueles que já temos afinidade, e também
os controversos nos sentimentos para os devidos resgates.
Essa é a Lei Divina do amor que agrega e soma
diferentemente do ódio e rancor, que desestabilizam e
destroem. “O lar é um canteiro fértil para semearmos
a caridade.”