O Criador sobrenatural
“Há um Sol transcendente, que é o Arquétipo Primacial –
a Divindade – que se irradia como fonte de vida, de
calor, de energia, Eixo central do Universo e Gerador do
Cosmos, que atrai na Sua direção todas as expressões que
O manifestam na Criação.” – Joanna de Ângelis.
A revista VEJA, edição 2365 de 19 de março de
2014, em suas páginas amarelas, traz uma
reportagem com o pesquisador da Universidade de Harvard,
Joshua Greene, que conjuga filosofia e neurociência em
uma proposta ambiciosa de abordar os dilemas morais do
aborto à distribuição de renda. Professor de psicologia
da Universidade, ele tem se dedicado a pesquisar o modo
como as decisões morais são processadas pela mente
humana. A última pergunta dirigida a esse cientista na
entrevista foi: qual o papel da religião na moral. Vamos
à resposta dada por ele: “Sou ateu e, portanto, acho
errônea a ideia de um Deus, de um criador sobrenatural.
Mas não sou um oponente vigoroso da religião, como
alguns dos meus pares. A religião tem uma função na vida
de muitas pessoas. Ela lhes confere um senso de
objetivo, de significado, e não se pode pedir que elas
desistam disso. Muitas religiões são demasiadamente
tribais. Essas são boas para seus membros, ruins para
todos os demais. Mas nem todas. Tem havido uma mudança
na Igreja Católica com a chegada do Papa Francisco.
Talvez por sua formação jesuíta, o Papa Francisco é
claramente pós-tribal. Resumindo, não é um problema,
para mim, viver em um mundo em que tantas pessoas
cultivam crenças que considero falsas. O respeito mútuo
é o fator essencial nesse cenário”.
O pesquisador está errado? Não. Da forma como apresentam
e apresentaram esse deus antropomórfico para ele, seu
posicionamento como ateu é completamente compreensível.
Vejamos: como crer em um deus que fez o Universo em sete
dias com tudo o que ele contém até hoje, quando a
ciência da Geologia demonstra o contrário? É a teoria
criacionista do Universo. Tudo o que existe,
absolutamente tudo, foi criado dessa forma desde o
início. Não há evolução. A teoria evolucionista de
Darwin não existe porque afronta a grandeza de Deus. Só
gostaria de entender o que a evolução depõe contra o
Criador. Como não depõe contra Ele a história que contam
para as criancinhas e que os adultos também acreditam
sobre Adão e Eva? Esse casal, o primeiro criado por esse
deus antropomórfico, teve três filhos do sexo masculino
– Caim, Abel e Sete – e povoaram o mundo! Caim matou
Abel e fugiu para uma localidade chamada Nod e ali
encontrou uma mulher com quem se casou e teve um filho
chamado Enoch. Deu para entender? Se somente existia o
casal – Adão e Eva – e três filhos, com quem Caim se
casou? Então Adão e Eva não eram os únicos! Na Gênesis
Bíblica, Deus teria criado a luz antes do sol! Dá para
algum cientista acostumado a raciocinar, aceitar essa
explicação? Na Gênesis Bíblica, Deus criou as plantas
antes do sol. Sabemos que o sol é indispensável para a
vida dos vegetais. Sem o sol, via de regra, não existe
fotossíntese, mecanismo básico do vegetal obter energia
para viver. Como podemos querer que um homem de ciência
se curve a um absurdo desses? E a história do dilúvio
que teria acabado com o mundo? E as espécies de todos os
animais que existem até hoje trazidos dentro de uma arca
para repovoarem a Terra, dá para um cientista aceitar?
Pena é que Noé trouxe o mosquito da dengue na sua arca e
agora pagamos o preço disso. Não dava para deixar o
bichinho quietinho lá? Como acreditar num deus guerreiro
que mandava passar a fio de espada os inimigos? Um deus
que tinha um povo preferido e os outros é que se
ardessem, de preferência, no fogo do inferno? Dá para um
homem acostumado a raciocinar aceitar tais explicações?
Qual outro raciocínio um cientista poderia ter sobre
esse deus senão a ideia de que ele seja sobrenatural?
Sim, porque só um ser sobrenatural é capaz de tamanhos
absurdos, de tamanhas discrepâncias, exatamente por não
existir.
Tudo muda quando o conceito de Arquétipo Primacial
designa uma forma de explicar o Deus que nos criou e não
o criado por nós. O Arquétipo, o imaterial, em torno do
qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar. A
estrutura básica em torno da qual tudo adquire sentido,
tudo se explica. A causa incausada de todo o Universo. A
razão máxima e primeira de tudo e de todos. A
inteligência suprema, ou seja, como queiramos defini-Lo,
menos como um ser com os defeitos e viciações do
pequeníssimo ser humano que ainda se atreve a entender e
definir Deus sem entender e definir a si mesmo...
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