Chico Xavier, o aprendiz do Cristo
Chico foi um brasileiro, de Minas Gerais; um jovem pobre,
que não cursou universidade; trabalhou em modesto
escritório de empresa agropecuária; viveu por muito
tempo, no fim da vida, de um salário de aposentadoria;
nunca teve carro nem poupança; nasceu na simplicidade e
retornou à vida espiritual da mesma forma...
Entretanto, foi o maior comunicador com os Espíritos dos
últimos dois mil anos, recebendo mensagens de
brasileiros e estrangeiros, num total de quase 500
livros psicografados (nenhum deles ele considerou de sua
autoria).
Abro um parêntese para falar que ninguém gosta de
sofrer, seja dor física, seja dor emocional ou moral.
Muitos de nós gostaríamos de fugir delas, mas ninguém
consegue. Em algum momento, ou, se preferirmos, em
alguns momentos de nossas vidas, ei-las que surgem, de
forma e intensidade variadas, sem pedir licença,
trazendo consigo situação de desespero, tristeza e
angústia.
O sofrimento sempre nos convida a uma reflexão sobre
nosso comportamento perante a vida, num contexto
individual ou coletivo, exigindo muitas vezes mudança no
pensar e no agir.
Todos ainda sofremos na Terra. E o Cristo também passou
pelo sofrimento. Isso é incontestável. Mas quantos de
nós sabemos sofrer? Saber sofrer e sofrer bem, para
crescer espiritualmente?
A palavra-chave para suportarmos a prova do sofrimento e
de elevação é a aceitação e a serenidade, humildade e
resignação.
Ninguém escolhe livremente sofrer, mas passar por
sofrimentos faz parte do aprendizado de todos nós. Estar
preparado para enfrentar dificuldades da vida, da
profissão, da família, ajudar o próximo e as pessoas que
amamos são desafios e decisões que exigem atitude.
Podemos contar sempre com Deus, nosso Pai amantíssimo,
mas ele não pode fazer por nós aquilo que precisamos
fazer: tomar a iniciativa e pôr em prática o que nos
compete fazer.
E foi isso que aprendi com o médium Chico Xavier. Numa
circunstância desagradável ele foi execrado numa
reportagem tendenciosa da revista O Cruzeiro.
Estava triste e abatido quando seu mentor espiritual lhe
apareceu, dizendo:
— Chico... você só foi levado às páginas da Cruzeiro.
Nosso mestre foi levado à cruz do Cruzeiro (lugar onde
os condenados eram crucificados)!
De outra feita, Chico chorava porque sua irmã obsidiada
e perturbada mentalmente fora internada num sanatório.
Queixou-se da falta de proteção dos Espíritos, por terem
deixado que sua irmã chegasse àquele estado.
Surge novamente seu protetor e pergunta:
— Por que você está chorando e se queixando?
E o mineiro respondeu de pronto:
— Você não está vendo e sabendo que minha irmã está
internada num hospital psiquiátrico?
Emmanuel, então, disciplinador, diz:
— Eu estive com você lá e não vi você chorando pelas
outras 200 mulheres em sofrimento no sanatório. Não será
falta de amor para com o próximo?
Cabe ainda recordar mais esta passagem. Estando ele com
sérios problemas de saúde, mais magro, usando uma peruca
de cabelos lisos, repartidos de lado, e óculos escuros
para cobrir a doença numa das vistas, “o mal de São
Guido”, deixara de ir, certa noite, aos trabalhos do
Grupo Espírita da Prece.
Seu guia lhe aparece e diz:
— Você não foi ao centro hoje.
Ao que o médium respondeu:
— Você não vê o meu olho?
— Ter dois olhos é luxo. Levante e vamos atender aos
necessitados com dores maiores que as nossas.
Após várias doenças que já lhe pesavam sobre o corpo
frágil, Chico viu-se acometido ainda por problemas
cardíacos. E orava, pedindo a intervenção dos Espíritos
amigos em favor de sua recuperação.
E quando se encontrava em prece, surge mais uma vez à
sua frente o benfeitor Emmanuel.
— Chico... você vem pedindo ajuda. Mas aconselho você a
abrir o Evangelho do Nosso Senhor Jesus, para ler o que
o Mestre nos diz.
E lá estava a proposta do Cristo, em Mateus 11:28: Vinde
a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos
aliviarei.
Complementando o ensinamento, o mentor acrescenta:
— Jesus promete alívio, e não a cura. E
alívio você tem recebido de todos nós.
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