A ideia
cristã
O
Espiritismo
resgata
a
verdadeira
essência
dos
ensinamentos
de Jesus
“As
grandes
ideias
jamais
irrompem
de
súbito.” - Allan
Kardec
Quando a
humanidade
se
encontra
suficientemente
amadurecida
para
assenhorear-se
das
verdades
eternas,
Deus
envia
Seus
emissários
para
lançar
luz nas
trevas
da
ignorância.
Assim,
quando
chega o
momento
de
efetuar-se
uma nova
revelação,
ela não
surge de
súbito,
da noite
para o
dia,
pois uma
luz
muito
intensa
ofusca
ao invés
de
iluminar.
Primeiramente
surgem
suaves
lampejos
aqui e
acolá
que vão
se
encorpando
ao longo
do tempo
e,
finalmente,
chega
uma
criatura
enviada
por Deus
para
reunir
os
elementos
esparsos
e
costurá-los
num todo
lógico e
homogêneo.
Allan
Kardec1 revela
que tal
se deu
com a
Doutrina
Espírita.
Segundo
ele, “a
ideia
cristã
foi
pressentida
muitos
séculos
antes de
Jesus,
tendo
por
principais
precursores
Sócrates
e
Platão.
Sócrates,
como o
Cristo,
nada
escreveu,
ou, pelo
menos,
nenhum
escrito
deixou.
Como o
Cristo,
teve a
morte
dos
criminosos,
vítima
do
fanatismo,
por
haver
atacado
as
crenças
que
encontrara
e
colocado
a
virtude
real
acima da
hipocrisia
e do
simulacro
das
formas;
por
haver,
numa
palavra,
combatido
os
preconceitos
religiosos.
Do mesmo
modo que
Jesus, a
quem os
fariseus
acusavam
de estar
corrompendo
o povo
com os
ensinamentos
que lhe
ministrava,
também
ele foi
acusado
pelos
fariseus
do seu
tempo,
visto
que
sempre
os houve
em todas
as
épocas,
por
proclamar
o dogma
da
unidade
de Deus,
da
imortalidade
da alma
e da
vida
futura.
Assim
como a
doutrina
de Jesus
só a
conhecemos
pelo que
escreveram
seus
discípulos,
da de
Sócrates
só temos
conhecimento
pelos
escritos
de seu
discípulo
Platão.
Kardec
faz um
resumo1 da
doutrina
de
Sócrates
e Platão
em
paralelo
com a
Doutrina
de
Jesus,
alertando: “aos
que
considerarem
esse
paralelo
uma
profanação
e
pretendam
que não
pode
haver
paridade
entre a
doutrina
de um
pagão e
a do
Cristo,
diremos
que não
era pagã
a de
Sócrates,
pois que
objetivava
combater
o
paganismo;
que a de
Jesus,
mais
completa
e mais
depurada
do que
aquela,
nada tem
que
perder
com a
comparação;
que a
grandeza
da
missão
divina
do
Cristo
não pode
ser
diminuída;
que, ao
demais,
trata-se
de um
fato da
História,
que a
ninguém
será
possível
apagar”.
O
pensamento
de
Sócrates
continha
não só
fundamentação
cristã
como
também
alinhavava
vários
conceitos
do
Espiritismo,
o que é
uma
coisa
lógica
já que o
Espiritismo
vem, nos
dias de
hoje,
resgatar
a
verdadeira
essência
dos
ensinamentos
de
Jesus.
Não é,
pois, de
causar
admiração
o seu
fim
trágico,
vez que
hodiernamente,
em pleno
século
das
luzes,
os
ensinamentos
espíritas
cristãos
não são
aceitos
por
inúmeras
criaturas
que
permanecem
enviscadas
nos
dogmas e
preconceitos
hibernando
em
anestesiante
sono.
Entanto,
cedo ou
tarde a
verdade
aparece
e
aparece
de
muitos
modos e
em
muitos
lugares
diferentes.
Continua
Kardec1: “o
homem há
chegado
a um
ponto em
que a
luz
emerge
por si
mesma de
sob o
alqueire.
Ele se
acha
maduro
bastante
para
encará-la;
tanto
pior
para os
que não
ousem
abrir os
olhos.
Chegou o
tempo de
se
considerarem
as
coisas
de modo
amplo e
elevado,
não mais
do ponto
de vista
mesquinho
e
acanhado
dos
interesses
de
seitas e
de
castas”.
O autor
norueguês
Jostein
Gaarder,
escreveu
um livro
intitulado: “Sofies
Verden”. Em
português: “O
Mundo de
Sofia”, que
é uma
espécie
de
história
romanceada
da
filosofia
e,
repete
Kardec,
sem
conhecer-lhe
a obra,
quando
também
traça um
pormenorizado
paralelo
entre
Sócrates
e Jesus.
Diz o
filósofo
norueguês: “(...)
Sócrates
sempre
dizia
que
ouvia
uma voz
divina
dentro
de si.
No ano
de 399
a.C. ele
foi
acusado
de ‘corromper
a
juventude’ e
de ‘não
reconhecer
a
existência
dos
deuses’. Por
uma
maioria
apertada,
Sócrates
foi
considerado
culpado
por um
júri de
cinquenta
pessoas.
Ele
poderia
muito
bem ter
pedido
clemência.
E
poderia
ter
salvado
sua vida
se
concordasse
em
deixar
Atenas.
Mas se
tivesse
feito
isto,
não
teria
sido
Sócrates.
Tal o
ponto
que ele
considerava
sua
própria
consciência
e a
verdade
mais
importante
do que
sua
vida.
Ele
afirmou
o tempo
todo que
tudo o
que
fizera
fora
para o
bem do
Estado.
Não
adiantou.
Pouco
depois,
na
presença
de seus
amigos
mais
íntimos,
bebeu um
cálice
de
cicuta.
Por que
Sócrates
teve de
morrer?
Até hoje
as
pessoas
fazem
esta
pergunta.
Mas ele
não foi
o único
na
História
a ir às
últimas
consequências
e pagar
suas
ideias
com a
própria
vida. Já
citei
aqui
Jesus
Cristo,
e entre
Jesus e
Sócrates
podemos
estabelecer
diversos
paralelos.
Vou
mencionar
apenas
alguns:
Jesus e
Sócrates
já eram
considerados
pessoas
enigmáticas
no tempo
em que
viveram.
Nenhum
dos dois
deixou
qualquer
registro
escrito
de suas
ideias.
Assim,
não nos
resta
outra
saída
senão
confiar
na
imagem
deles
que nos
foi
legada
por Seus
discípulos.
Uma
coisa,
porém, é
certa:
ambos
eram
mestres
da
retórica.
Além
disso,
ambos
tinham
tanta
autoconfiança
no que
diziam
que
podiam
tanto
arrebatar
quanto
irritar
seus
ouvintes.
Para
completar,
ambos
acreditavam
falar em
nome de
uma
coisa
que era
maior do
que eles
mesmos.
Eles
desafiavam
os que
detinham
o poder
na
sociedade,
porque
criticavam
todas as
formas
de
injustiça
e de
abuso de
poder.
No fim,
esta
forma de
agir
lhes
custou a
vida.
Também
há
paralelos
entre os
processos
de
acusação
de Jesus
e de
Sócrates.
Ambos
podiam
ter
pedido
clemência
e, com
isso,
ter
salvado
suas
vidas.
Mas eles
acreditavam
que
estariam
traindo
suas
respectivas
missões
se não
fossem
até às
últimas
consequências.
E o fato
de terem
enfrentado
a morte
de
cabeça
erguida
lhes
garantiu
a
fidelidade
das
pessoas
mesmo
depois
de
mortos.
Mas,
atenção!
Ao
traçar
esses
paralelos
entre
Jesus
Cristo e
Sócrates,
não
estou
querendo
colocar
um sinal
de igual
entre os
dois. Quero
dizer
apenas
que
ambos
tinham
uma
mensagem
a
transmitir
e que
esta
mensagem
estava
indissoluvelmente
associada
à
coragem
pessoal
de cada
um”.
Podemos
acrescentar
que
tanto
Sócrates
quanto
Jesus
possuíam
métodos
de
ensinos
semelhantes,
utilizando-se
ambos da
maiêutica,
que é um
processo
dialético
e
pedagógico
em que
se
multiplicam
as
perguntas,
a fim de
obter
por
indução
dos
casos
particulares
e
concretos,
um
conceito
geral do
objeto
em
questão.
Esse
método é
de molde
a
alavancar
do
íntimo
de cada
criatura
a
solução
para as
questões
propostas,
vez que,
segundo
o
filósofo, aprender
é
recordar.
Tanto
Sócrates
e mais
particularmente
Jesus
visavam
ao
combate
íntimo e
individual
do mal
que
existe
nas
criaturas
e,
segundo
explicação
de
Kardec,
“(...) a
forma
interrogativa
tem
alguma
coisa de
mais
preciso
do que
qualquer
máxima,
que
muitas
vezes
deixamos
de
aplicar
a nós
mesmos.
Aquela
exige
respostas
categóricas,
por um
sim ou
um não,
que não
abrem
lugar
para
qualquer
alternativa
e que
são
outros
tantos
argumentos
pessoais.
E pela
soma que
derem as
respostas,
poderemos
computar
a soma
de bem
ou de
mal que
existe
em nós”.
- KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 129. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009 – Introdução.
|