A fogueira das vaidades
A expressão popular refere-se ao relacionamento entre
pessoas vaidosas. Mas o que é a vaidade?
É muito comum usarmos as palavras vaidade e orgulho como
sinônimas, porém não é somente isso. Assim sendo, no
desejo de melhor estudar e refletir sobre um dos vícios
mais nefandos da humanidade, convém tentar traçarmos a
diferença entre os dois e discorrermos sobre a vaidade.
Auguramos como corolário dessa reflexão que isso
contribua no momento do Bom Combate.
Alguns dicionários da língua portuguesa dentre outras
definições estabelecem: “Vaidade, substantivo feminino:
valorização que se atribui à própria aparência, ou
quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais”,
“Orgulho, substantivo masculino: arrogância, soberba,
atitude prepotente ou de desprezo com relação aos
outros”.
Da análise das duas definições destaca-se que a vaidade
está intimamente ligada ao valor que se atribui às
próprias qualidades, conquanto o orgulho se caracterize
pela suposição de que nossas qualidades são superiores
às dos semelhantes. Ou seja, vaidade é supor que
possuímos mais valia do que realmente temos, ou somos. E
o orgulho é supormos que somos superiores aos outros.
Da visão imprecisa de nossas qualidades, ou do valor que
elas possam ter, surgem pessoas insuportáveis para a
vida de relação, os vaidosos.
A situação dos orgulhosos é bem pior, porém, devido aos
limites deste artigo, peço licença aos leitores para
discorrer somente sobre a vaidade. Por óbvio,
atribuindo-lhe o sentido acima exposto.
Então, por que nascemos? São duas as finalidades da
encarnação, conforme se pode depreender da questão 132
de O Livro dos Espíritos, resumindo: encarnamos para
progredir e concorrer para a obra de Deus. Ora, o
progresso moral se faz eliminando as paixões inferiores
que adquirimos. Portanto, o vício da vaidade deve ser
erradicado do nosso íntimo para que possamos atingir o
objetivo de estarmos vivos.
Uma pergunta se impõe. Como devemos combater a vaidade?
Não será armados de espada e escudo, também não será
mortificando o corpo como supõem alguns fascinados.
Combate-se um vício, cultivando a virtude que lhe é
oposta, pois o que é bem se impõe sobre o que é mal, que
deixa de existir em sua presença.
A virtude oposta à vaidade é a modéstia que é assim
definida: “Modéstia, substantivo feminino: ausência de
vaidade em relação ao próprio valor, às próprias
realizações, êxitos etc.; despretensão”.
Portanto, ao detectarmos o menor sinal de vaidade
devemos afastar a ideia, e prestarmos atenção ao real
valor do que imaginamos ser alguma qualidade ou
vantagem. Com a correta avaliação certamente veremos que
pouco ou quase nada realmente vale aquilo que tínhamos
como “um grande feito”, ou “uma grande virtude”.
Podemos mencionar um sinal que pode revelar a mais pura
vaidade. Quando pensamos que somos vítimas da inveja
alheia. Quase sempre, vaidade. A modéstia nos defenderá
do “olho gordo” com muito mais eficiência que as
fitinhas vermelhas.
Mas a grande dificuldade reside exatamente em enxergar
nos nossos próprios méritos o seu real valor. Um olhar
crítico, minucioso, imparcial sempre considerando a
perfeição de Jesus Cristo, certamente nos colocará em
nosso devido lugar, nos lembremos disso.
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