Cuidados dos pais para com os filhos

Emmanuel, através do lápis Instrutor de Chico Xavier, nos ensina: “E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reio de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa”.

O Espiritismo nos ensina que a família consanguínea é a gleba bendita, onde os pais se comprometeram a semear, no campo do coração dos filhos, as benditas sementes renovadoras do bem e do amor, as quais, quando assimiladas por eles, e bem cultivadas, promovem as mudanças necessárias à sua evolução espiritual.

Embora os pais não tenham colocado a devida atenção nos sentimentos que os envolvem, na chegada dos filhos, as emoções sentidas, ao recepcioná-los, é bem uma prova de que já os conhecíamos anteriormente, em vidas passadas, e que com eles firmamos sério compromisso, antes da atual reencarnação, de colaborar para o bom proveito da nova vida que iriam encetar.

A emoção da sua chegada, de novo, às nossas mãos pela reencarnação, é indício sério de que a família, por inteiro, tem suas responsabilidades para com o Espírito que, regressando, espera não se decepcionar de novo com a falta de interesse, como aconteceu em vidas anteriores.

Com tudo isso, a responsabilidade da família se avoluma e daí a necessidade de vigiarmos constantemente para descobrirmos quais são as tendências trazidas do passado pelo novo rebento e, de posse dessas informações, se torna necessário e importante que todos que o acolhem se alertem para o cumprimento do dever de juntos se dedicarem na mudança das mazelas que o têm prejudicado.

Os hábitos bons ou ruins que lhe conseguimos passar refletirão no futuro que lhe está reservado, de alegria ou tristeza, segundo suas mudanças positivas ou negativas, que foram possíveis realizar na atual existência.

A família, da mesma forma, colherá os frutos da semente que conseguiu semear na gleba do coração do Espírito que, como filho, viveu sob a sua responsabilidade.

Os ensinamentos trazidos pela doutrina espírita representam um alerta a nos despertar, lembrando-nos de que o amor vivenciado dentro do lar é a caridade começando em casa.

Se observarmos com atenção as crianças que estão renascendo, verificaremos que são inteligentes, ativas, bonitas e se manifestam com propensão à autoridade e à liberdade.

Por essas razões é necessário que os pais sejam observadores atentos do desenvolvimento moral de seus filhos, verificando as suas tendências trazidas de vidas passadas, pois só a inteligência demonstrada não é indício de evolução espiritual.

O educador Marcus de Mario, em artigo publicado no jornal Tribuna doEspiritismo, edição de janeiro do ano corrente, conta que: “Uma amiga, toda feliz, veio conversar a respeito de sua filha, com três anos de idade. Feliz por constatar que a mesma é muito inteligente, acima da média, mostrando grande desenvoltura de palavreado, raciocínio e domínio das tecnologias de informação”. E arrematou: “Tenho certeza de que ela é um Espírito superior reencarnado para fazer nosso planeta mais rapidamente ser um mundo de regeneração”.  Ouvindo essa informação, ousei perguntar: “A menina é obediente, mostra bons pendores de caráter?”. Conclui o articulista: “A resposta foi negativa, revelando muitos dissabores domésticos, pois era uma criança respondona, às vezes malcriada, cheia de exigências. Diante desse quadro, fizemos uma advertência: Então ela não é esse Espírito que você está pensando ser, pois, se fosse, teria uma bondade natural, sua inteligência estaria acompanhada pela moral. Como isso não acontece, trate de educar, de dar limites, disciplinar, de exercer sua autoridade moral enquanto mãe, pois se isso não for feito, o amanhã poderá trazer tristes consequências”.

Transcrevemos os comentários do amigo Marcus com a finalidade de dar maior publicidade a ensinamento tão importante, um verdadeiro alerta para os pais não se deixarem iludir apenas pela inteligência e esperteza dos filhos sem os cuidados de verificar suas qualidades espirituais: humildade, obediência, bondade e atenção amorosa para com os familiares, amigos e conhecidos.

Sem esses cuidados os pais poderão cometer as mesmas faltas no passado, deixando-se envolver por enganos ao passar despercebidos das necessidades mais prementes dos Espíritos que estão reencarnando na qualidade de filhos, concorrendo, dessa forma, na perda da oportunidade recebida na presente existência: a de promover a renovação dos seus sentimentos, corrigindo as mazelas que ainda são portadores, realizando, dessa forma, a sonhada reforma íntima e consequente crescimento espiritual.

Sem darmos conta do trabalho que nos cabe, colaborando com a renovação desses Espíritos, o futuro destes será de sofrimento e a nossa responsabilidade de pais, pelo descaso a esse dever, tão importante, será cobrada como nos alertam os Espíritos codificadores em resposta dada a Kardec quando este os inquiriu em O Livro dos Espíritos sobre a responsabilidade dos pais para com os Espíritos dos filhos.

Fiquemos atentos, caros pais, pois, com os conhecimentos que já portamos, não teremos como nos desculpar perante a espiritualidade superior quando formos cobrados e responsabilizados pela nossa incúria.