Erro avaliativo
Muitos pensam que Allan Kardec, codificador do
Espiritismo, teve a presunção de escrever um Evangelho
seu. Enganam-se! Ele apenas interpretou os já
existentes.
Alguns líderes religiosos, ao invés de exaltarem o que
há de bom, preferem denegrir os possuidores de ideias
contrárias e, aproveitando-se do fato de que um dos
livros de Kardec se chama O Evangelho segundo o
Espiritismo, fazem um jogo de palavras com isso,
iludindo seus fiéis. Assim, minimizam a dispersão de
suas ovelhas, levando-as para as igrejas onde lideram.
Astutos eles, não?
Ora, preocupando-se com questões de somenos importância,
não veem que uma das principais máximas de Cristo, que é
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo (Mateus 22,37-40), como também aquela que é tida
como “regra de ouro”, pela qual não devemos fazer aos
outros o que não gostaríamos que nos fizessem (Mateus
7,12), são desprezadas. Sem sombra de dúvidas, essas são
as maiores expressões da caridade, porque sintetizam
todas as obrigações do ser humano para com seu
semelhante.
Como nos diz O Evangelho segundo o Espiritismo em
seu capítulo 11, item 4:
"Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o
que quereríamos que os outros fizessem por nós" é a
expressão mais completa da caridade, porque resume todos
os deveres do homem para com o próximo. Não podemos
encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar
para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que
para nós desejamos. Com que direito exigiríamos dos
nossos semelhantes melhor proceder, mais indulgência,
mais benevolência e devotamento para conosco, do que os
temos para com eles? A prática dessas máximas tende à
destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de
conduta e para base de suas instituições, os homens
compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que
entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá
ódios, nem dissensões, mas, tão somente, união,
concórdia e benevolência mútua.” (KARDEC, 1966, p.
184-185).
Também não se lembram do mandamento de Jesus que nos
ensina a amar uns aos outros como Ele nos amou, e o
Divino Jardineiro ainda fala que se nós amarmos aos
outros, seremos também como os seus discípulos (João
13,34-35).
“O Magnânimo Mestre é o tipo mais perfeito que Deus nos
ofereceu para guia e modelo” (O Livro dos Espíritos,
pergunta 625), portanto, estranhamos ser a Sua Palavra
contradita por dirigentes que, do jeito como agem,
estimulam indiretamente seus seguidores a odiarem aos
discordantes. No entanto, o Divino Nazareno
recomendou-nos que amássemos até aos inimigos (Mateus
5,44), pois fácil é só amarmos e saudarmos os afins
(Mateus 5,46-47). Mas aí não se recordam das palavras de
Jesus, pois é cômodo para eles manterem os seguidores
sob a sua tutela.
Ademais, sabemos que a lei de “Causa ou efeito” ou “Ação
e reação’ é implacável.
O Evangelho mostra-nos que “toda ação da vida moral do
homem corresponde a uma reação semelhante dirigida a ele
mesmo”. Na medida em que temos certeza de que somos
seres duais, ou seja, possuímos duas naturezas: “a
material e a espiritual”, e estando cientes de que a
segunda é a mais importante, tanto que é imortal, vemos
João Batista morrer em Mateus 14,6-11 da mesma maneira
que ele, quando no passado era Elias, mandara matar os
profetas de Baal a fio de espada, como está dito em I
Reis 18,40.
Esses líderes religiosos se esquecem disso ou não
comentam com seus fiéis de propósito.
Como já dissemos alhures, se o amor ao próximo é a base
da caridade, amar aos inimigos é o maior exemplo disso.
(Mateus 5,44).
Desta forma, perguntamos qual das frases seguintes é a
mais condizente com a bondade e grandeza do Altíssimo:
1. “Fora da caridade não há salvação” ou 2. “Fora da
igreja não há salvação”.
Sabemos que enquanto a primeira une os filhos de Deus
permitindo que sejam irmanados na felicidade, a segunda
baseada em interesses inferiores do homem, os separa,
assim como o faz em relação ao próprio Criador.
Lembremos Mateus 6,24, em que é dito por Jesus que
ninguém pode servir a dois senhores, pois odiará a um e
amará o outro ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro.
Segundo seus dizeres, o homem não pode servir ao
espírito e à matéria de igual maneira.
Enfim, vejamos: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e
não o faz, comete pecado.” (Tiago 4,17).
Caros leitores, que podemos pensar disso tudo?
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