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por Ricardo Orestes Forni

 

Onde está a paz de Jesus?

 

“A paz vou deixo, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.” – Jesus (João, 14:27)

 

Contemplando todas as agitações do mundo ficamos a pensar onde está a paz de Jesus. Violência por toda parte. Rebeliões em presídios, corrupções, corruptores, impunidades, desonestidades, cidadãos de bem trancafiados em suas casas transformadas em fortalezas para a defesa da própria família, mortes no trânsito por discussões mínimas, filhos planejando a morte dos pais, pais abandonando o filho recém-nascido, jovens assassinados física e moralmente por drogas e todas as tragédias mais que queiramos acrescentar para indicar a ausência da paz oferecida por Jesus.

Se fizermos um retrocesso na história da Humanidade, a coisa não fica melhor. Já no século XX, que se encerrou há tão pouco tempo, duas guerras mundiais! A primeira ceifando cerca de nove milhões de vidas que, se somadas à morte pela gripe espanhola, atinge o número de sessenta e cinco milhões de pessoas!

A segunda guerra mundial provocou a morte de 40 a 72 milhões de pessoas!

Quantas foram dizimadas pelos tribunais da Inquisição pelo fato de portarem mediunidade?

Na Idade Média, a guerra dos cem anos entre Inglaterra e França, quantas vidas teria aniquilado? O que se pensar sobre os mortos nas Cruzadas onde exércitos de cristãos tentavam banir muçulmanos das chamadas terras santas? E as guerras Napoleônicas que vitimaram de 3 a 6 milhões de pessoas? A peste negra transmitida pela pulga dos ratos que levou ao óbito 25 a 75 milhões de pessoas pelos territórios por onde passou?

Nessa pincelada rápida, onde se encontra a paz de Jesus?

Emmanuel, no livro Vinha de Luz, capítulo 105, nos traz as explicações que buscamos. Vamos citar algumas frases que nos orientarão na compreensão dos fatos, deixando a leitura completa para os leitores interessados no assunto.

É indispensável não confundir a paz do mundo com a paz do Cristo. Nos círculos da carne, a paz das nações costuma representar o silêncio provisório das baionetas; a dos ociosos sistemáticos é a fuga ao trabalho; a dos vaidosos é o aplauso da ignorância; a dos vingativos é a destruição dos adversários; a dos maus é a vitória da crueldade.

Há muitos ímpios, caluniadores, criminosos e indiferentes que desfrutam a paz do mundo. Sentem-se triunfantes, vitoriosos e dominadores do século.

Não te esqueças, contudo, de que a paz do mundo pode ser, muitas vezes, o sono enfermiço da alma.

Busca, desse modo, aquela paz do Senhor, paz que excede o entendimento, por nascida e cultivada, portas adentro do espírito, no campo da consciência e no santuário do coração.

Creio que ficou claro como é a paz que o mundo nos oferece e que aceitamos com avidez! A paz do toma lá da cá. A paz do imediatismo. A paz rápida, porém, solapada de um segundo para o outro. Por exemplo: a pessoa que aplica seu dinheiro em ações e vê o valor dessas ações subirem no mercado financeiro. Fica feliz, em paz, porque fez um bom negócio! Porém, de repente, num sussurro do tempo esses valores despencam e levam com ele a tranquilidade frágil antes proporcionada. A paz do glutão que se senta à mesa e devora tudo o de que não precisa para continuar a viver e dali a algumas horas sente fome novamente. A paz daquele que impôs sofrimento ao desafeto e continua mentalmente com o agredido a acompanhá-lo por onde andar, inclusive nas horas que deveriam proporcionar-lhe o repouso necessário.

Mas temos muitos exemplos daqueles que receberam a paz de Jesus embora as condições exteriores lhes fossem adversas.

Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier, Divaldo Franco, Albert Schweitzer, Gandhi, Martin Luther King, apenas para ficarmos com alguns desses exemplos mais atuais.

Mesmo com a incompreensão do mundo a ameaçá-los por fora, viviam a paz interior oferecida pelo Cristo, porque a encontravam na doação de si mesmos em favor dos mais desfavorecidos.

Não foi assim com Jesus também? Quando O fizeram prisioneiro, quando O abandonaram, quando a coroa de espinhos se lhe cravou na cabeça, quando Dele escarneceram, quando o chicote ofendeu seu corpo físico, quando a cruz da ignomínia se levantou pela dureza dos corações dos homens daquela época, quando recebeu do mundo todo o abandono que um ser humano pode receber depois de ter entregado a sua vida aos homens daquela época, ainda conseguiu pedir por todos nós que ainda não sabemos o que fazemos e nem como entrarmos na posse da paz que o mundo não nos pode dar, mas que Ele nos propôs até mesmo nessas condições extremas do seu martírio suplicando o perdão para nossos erros.

Em vão procuraremos a paz que Jesus nos ofereceu em nosso exterior nas condições passageiras do mundo material. A paz do Cristo está, ou não, no interior de cada um de nós, na consciência pacificada ou endividada que venhamos a cultivar.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita