Onde está a paz de Jesus?
“A paz vou deixo, a minha paz vos dou; não vo-la dou
como o mundo a dá.” – Jesus (João, 14:27)
Contemplando todas as agitações do mundo ficamos a
pensar onde está a paz de Jesus. Violência por toda
parte. Rebeliões em presídios, corrupções, corruptores,
impunidades, desonestidades, cidadãos de bem
trancafiados em suas casas transformadas em fortalezas
para a defesa da própria família, mortes no trânsito por
discussões mínimas, filhos planejando a morte dos pais,
pais abandonando o filho recém-nascido, jovens
assassinados física e moralmente por drogas e todas as
tragédias mais que queiramos acrescentar para indicar a
ausência da paz oferecida por Jesus.
Se fizermos um retrocesso na história da Humanidade, a
coisa não fica melhor. Já no século XX, que se encerrou
há tão pouco tempo, duas guerras mundiais! A primeira
ceifando cerca de nove milhões de vidas que, se somadas
à morte pela gripe espanhola, atinge o número de
sessenta e cinco milhões de pessoas!
A segunda guerra mundial provocou a morte de 40 a 72
milhões de pessoas!
Quantas foram dizimadas pelos tribunais da Inquisição
pelo fato de portarem mediunidade?
Na Idade Média, a guerra dos cem anos entre Inglaterra e
França, quantas vidas teria aniquilado? O que se pensar
sobre os mortos nas Cruzadas onde exércitos de cristãos
tentavam banir muçulmanos das chamadas terras santas?
E as guerras Napoleônicas que vitimaram de 3 a 6 milhões
de pessoas? A peste negra transmitida pela pulga dos
ratos que levou ao óbito 25 a 75 milhões de pessoas
pelos territórios por onde passou?
Nessa pincelada rápida, onde se encontra a paz de Jesus?
Emmanuel, no livro Vinha de Luz, capítulo 105,
nos traz as explicações que buscamos. Vamos citar
algumas frases que nos orientarão na compreensão dos
fatos, deixando a leitura completa para os leitores
interessados no assunto.
É indispensável não confundir a paz do mundo com a paz
do Cristo. Nos círculos da carne, a paz das nações
costuma representar o silêncio provisório das baionetas;
a dos ociosos sistemáticos é a fuga ao trabalho; a dos
vaidosos é o aplauso da ignorância; a dos vingativos é a
destruição dos adversários; a dos maus é a vitória da
crueldade.
Há muitos ímpios, caluniadores, criminosos e
indiferentes que desfrutam a paz do mundo. Sentem-se
triunfantes, vitoriosos e dominadores do século.
Não te esqueças, contudo, de que a paz do mundo pode
ser, muitas vezes, o sono enfermiço da alma.
Busca, desse modo, aquela paz do Senhor, paz que excede
o entendimento, por nascida e cultivada, portas adentro
do espírito, no campo da consciência e no santuário do
coração.
Creio que ficou claro como é a paz que o mundo nos
oferece e que aceitamos com avidez! A paz do toma lá
da cá. A paz do imediatismo. A paz rápida, porém,
solapada de um segundo para o outro. Por exemplo: a
pessoa que aplica seu dinheiro em ações e vê o valor
dessas ações subirem no mercado financeiro. Fica feliz,
em paz, porque fez um bom negócio! Porém, de repente,
num sussurro do tempo esses valores despencam e levam
com ele a tranquilidade frágil antes proporcionada. A
paz do glutão que se senta à mesa e devora tudo o de que
não precisa para continuar a viver e dali a algumas
horas sente fome novamente. A paz daquele que impôs
sofrimento ao desafeto e continua mentalmente com o
agredido a acompanhá-lo por onde andar, inclusive nas
horas que deveriam proporcionar-lhe o repouso necessário.
Mas temos muitos exemplos daqueles que receberam a paz
de Jesus embora as condições exteriores lhes fossem
adversas.
Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier,
Divaldo Franco, Albert Schweitzer, Gandhi, Martin Luther
King, apenas para ficarmos com alguns desses exemplos
mais atuais.
Mesmo com a incompreensão do mundo a ameaçá-los por fora,
viviam a paz interior oferecida pelo Cristo, porque a
encontravam na doação de si mesmos em favor dos mais
desfavorecidos.
Não foi assim com Jesus também? Quando O fizeram
prisioneiro, quando O abandonaram, quando a coroa de
espinhos se lhe cravou na cabeça, quando Dele
escarneceram, quando o chicote ofendeu seu corpo físico,
quando a cruz da ignomínia se levantou pela dureza dos
corações dos homens daquela época, quando recebeu do
mundo todo o abandono que um ser humano pode receber
depois de ter entregado a sua vida aos homens daquela
época, ainda conseguiu pedir por todos nós que ainda não
sabemos o que fazemos e nem como entrarmos na posse da
paz que o mundo não nos pode dar, mas que Ele nos propôs
até mesmo nessas condições extremas do seu martírio
suplicando o perdão para nossos erros.
Em vão procuraremos a paz que Jesus nos ofereceu em
nosso exterior nas condições passageiras do mundo
material. A paz do Cristo está, ou não, no interior de
cada um de nós, na consciência pacificada ou endividada
que venhamos a cultivar.
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