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por Temi Mary Faccio Simionato

 
Fenômenos e Livros


Analisando a história da humanidade através dos tempos, certamente poderemos relacionar muitos casos de manifestação da mediunidade de efeitos físicos, antes mesmo que ela fosse assim denominada e compreendida, pois era considerada como fenômeno sobrenatural, maravilhoso.

Assim fomos caminhando, partindo do misticismo hindu, passando pelo moralismo chinês, a filosofia grega e o sacerdotismo egípcio, chegando ao profetismo hebraico. Nesta fase, já vemos a evolução para o monoteísmo com a individualização mediúnica na figura do profeta Moisés, elo entre o céu e a Terra. Após Moisés, temos a vinda de Jesus, divino missionário, médium inspirado, figura ímpar “que não veio destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento”, revelando-nos um Deus de amor, bondade e misericórdia.

Todos esses fenômenos foram e são muito importantes para a nossa história. Entretanto, verificamos ao longo do tempo que, em nenhum momento, o maravilhoso foi capaz de nos transformar. Apesar de toda fenomenologia parapsíquica efetuada por Moisés, isso não foi o suficiente para alterar as disposições morais do povo hebreu daquele tempo.

É importante percebermos que o século XIX foi muito rico de médiuns de efeitos físicos, intelectuais e de fenômenos de ectoplasmia; porém, à medida que a mediunidade deixava de ser simplesmente um fenômeno para chamar a atenção e passava a ter uma ética de comportamento, as comunicações mais explosivas cedem lugar às técnicas mais racionais, com objetivos definidos, preparando o advento da Era Nova.

Lembremo-nos, deste modo, que “todas as nossas faculdades são fatores que devemos agradecer a Deus, pois há criaturas que não as possuem. Poderíamos perguntar por que Deus concede boa visão a malfeitores, destreza aos larápios, eloquência aos que só a utilizam para o mal. Acontece o mesmo com a mediunidade. Criaturas indignas a possuem porque dela necessitam mais do que as outras para se melhorarem”, conforme elucida Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, questão 226, item 2.

Atualmente, à luz do Espiritismo poderemos compreendê-la melhor e explicá-la cientificamente, pois, segundo os Espíritos superiores, o objetivo dos fenômenos mediúnicos é o de despertar, de aprender, de crescer e de evoluir sempre. Por isso, a necessidade constante de estudo das instruções em O livro dos Médiuns, mostrando-nos que a mediunidade a serviço do conhecimento espírita exige atenção, estudo e respeito.

Vemos ainda em O Livro dos Espíritos, no livro quarto, conclusão, o mestre Lionês citando “que a excelência do Espiritismo não se apoia nos fenômenos materiais, mas em sua filosofia”. No entanto, o mais importante para nós, endividados do passado, é o entendimento da mensagem do Evangelho, que nos traz o pensamento do Mestre na sua mais pura simplicidade, esclarecendo-nos “de onde viemos” e “para onde vamos”. É uma doutrina libertadora e de responsabilidade, na qual poderemos ver e sentir o amor e o saber caminharem juntos. E na questão 798 do mesmo livro, Kardec também aclara que “O Espiritismo certamente se tornará crença geral e marcará uma nova Era na história da humanidade, porque está na natureza e chegará o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos (...) Sua marcha, porém, será mais rápida que a do Cristianismo, porque é o próprio Cristianismo que lhe abre os caminhos e sobre o qual se apoia”.

Em vista disso, o futuro da mediunidade prepara-nos para a renovação social. É quando nos tornaremos médiuns da vida, sintonizando com o mundo espiritual em regime de perfeita naturalidade, confirmando que a morte continua nula e a vida sobrevive mantendo-se em triunfo.

A partir do instante que alternarmos nossa linha de conduta, abandonando ídolos e mitos terrestres para servir e seguir a Jesus, nosso modelo e guia, o ser mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, estaremos caminhando para a renovação social. Desta maneira, entendemos que “O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressivas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto do que qualquer outra doutrina a secundar o movimento regenerador, por isso, é ele contemporâneo, surgindo na hora em que podia ser útil, visto que também para ele os tempos são chegados”, de acordo com o livro A Gênese, capítulo 18, item 25.

Por isso, Dr. Bezerra de Menezes afirma no livro Palavra aos Espíritas, lição 6, que: “(...) Jesus na Revelação e Kardec no Esclarecimento resumem para nós códigos numerosos de orientação e conduta (...) Examinemos e estudemos todos os ensinos da Verdade, aprendendo a criar estradas espirituais de uns para os outros. Estradas que se pavimentam na compreensão de nossas necessidades e problemas em comum, a fim de que todas as nossas indagações e questões sejam solucionadas com segurança e eficiência. Sem intercâmbio não evoluiremos; sem debate, a lição mora estanque no poço da inexperiência, até que o tempo lhe imponha a renovação. Trabalhemos servindo e sirvamos estudando e aprendendo. E guardemos a convicção de que, na bênção do Senhor, estamos e estaremos todos reunidos uns com os outros, hoje quanto amanhã, agora como sempre”.

Fácil notar, portanto, a importância de estudar Kardec ao clarão da mensagem de Jesus, no exemplo ou na atitude, na ação ou na palavra, recordando que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação. Usando o crivo do bom senso e lembrando-nos do benfeitor Emmanuel, quando alerta Chico Xavier: “Se algum dia eu te disser alguma coisa que esteja em oposição a Kardec, fica com ele e não comigo”.

Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos com que muitos topam na prática do Espiritismo se originam da ignorância dos princípios desta ciência”, como esclarece O Livro dos Médiuns na sua Introdução. Somos os médiuns da vida com deveres que precisamos realizar através da educação mediúnica pela leitura de livros de autoria dos orientadores do progresso, para a elevação de nós mesmos e para nosso autoaperfeiçoamento. Temos no amor e na sabedoria as duas asas com que faremos nosso voo definitivo, rumo à perfeita comunhão com o Pai Celestial, pois a palavra esclarece e o exemplo arrebata ajustando-nos, assim, ao Evangelho Redentor.

O Espírito André Luiz, no livroMecanismos da Mediunidade, capítulo 26, assevera que reconhecemos a mediunidade pura e espontânea como deve ser, distante de particularismos inferiores nos primeiros continuadores da obra do Mestre. Neles, encontraremos os valores mediúnicos do amor e da sabedoria, nos quais os regulamentos divinos em todos os mundos instituem a responsabilidade moral segundo o grau de conhecimento e a justiça em conformidade com as próprias obras.

Fica claro, desta forma, que o estudo da mediunidade de modo contínuo e sistematizado tem como finalidade preparar trabalhadores conscientes, responsáveis e esclarecidos, porém, capazes de garantir a simplicidade e a segurança do intercâmbio com os Espíritos. Para tanto, a prática mediúnica deve estar isenta de distorções doutrinárias, misticismos ou de comportamentos exóticos à Doutrina Espírita.

O Mestre buscou um monte para fazer-se ouvir pela multidão; Kardec valeu-se do concurso dos livros, alcançando simultaneamente tantas almas, apoiando-se na imortalidade dos testemunhos escritos. Compreendemos, deste modo, que o Evangelho não é o livro de um povo apenas, mas o código de Princípios Morais do Universo, adaptável a todas as pátrias, comunidades, raças..., porque representa, acima de tudo, a carta de conduta para a ascensão da consciência à imortalidade, na revelação da qual Jesus empregou a mediunidade sublime como agente de luz eterna.

 

Bibliografia:

XAVIER, C. Francisco – Seara dos Médiuns – ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 2015 – lição 26.

KARDEC, Allan – O Livro dos Médiuns - 85ª edição – Araras/SP/ Editora IDE -2008 – Introdução.

FRANCO, P. Divaldo – Mediunidade - Encontro com Divaldo – 4ª edição - São Paulo/SP/ Editora Mundo Maior – 2001 – capítulo 1.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita