Não atribuamos a Deus a autoria dos
vários erros da Bíblia
A Bíblia é um livro muito importante. É o mais
traduzido, o mais vendido e o mais lido do mundo. Mas
não é, literalmente, a palavra de Deus, pois ela tem
erros, e Deus é infalível, não errando jamais.
E um dos maiores erros dos teólogos, principalmente dos
antigos, quando a Humanidade era ainda pouco evoluída,
é, principalmente na sua visão de Deus e,
consequentemente, das questões religiosas. Ademais, numa
demonstração evidente de seu egocentrismo, embora
inconsciente, eles ensinavam que o que eles diziam era a
pura verdade, pois, como firmavam, eles eram inspirados
por Deus. E ensinavam também que a Bíblia não possuía
nenhum erro, pois os seus autores eram também inspirados
por Deus em tudo que eles escreveram nela. Valeu a boa
intenção deles. Mas esse é, realmente, um dos grandes
erros cristão-judaicos.
Podemos dizer que a Bíblia tem certa autoria de Deus, no
sentido de que Espíritos santos de Deus (não Ele
próprio) inspiraram alguns de seus autores que
escreveram partes dela. Repetimos que não é o Espírito
do próprio Deus que inspirou seus autores, mas Espíritos
de Deus no sentido de serem do bem e que trabalham para
Deus, comumente chamados de anjos (Espíritos enviados).
Sim, pois Deus tem Espíritos trabalhando no seu projeto
(Hebreus 1: 14).
Há dois modos de se interpretar a Bíblia, o literal e o
alegórico. E os erros do cristianismo estão geralmente
na maneira abusiva da interpretação dela, ora
exageradamente literal, ora exageradamente alegórica. E
isso, aliado ao ego dos teólogos biblistas, é o que vem
dividindo os biblistas cristãos e judeus no decorrer dos
milênios de existência da Bíblia, principalmente os
cristãos.
Paulo foi inspirado ou intuído quando disse que nós não
devemos nos prender à letra dos textos bíblicos, mas ao
espírito oculto da letra. Mas esse seu ensino pouco ou
nada tem sido seguido pelos cristãos. Daí as numerosas
divisões do cristianismo a que já nos referimos. E isso
contraria também o desejo de Cristo que almejou um só
rebanho e um só pastor. E, pelo que se vê, infelizmente,
isso não ocorrerá tão cedo, mormente entre os fiéis mais
frequentadores das igrejas, pois são os mais radicais em
suas ideias religiosas com enfoque de textos da Bíblia,
com as mais variadas e até abusivas interpretações!
Vejamos um exemplo de coisas estranhas bíblicas das
quais, realmente, não podemos atribuir a Deus a sua
autoria. O povo midianita foi vencido por Moisés que
determinou o seguinte: “Agora, pois, matai de entre as
crianças todas as do sexo masculino; e matai toda mulher
que coabitou com algum homem, deitando-se com ele. Porém
todas as meninas e as jovens que não coabitaram com
algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para
vós outros” – seria para estupro? (Números 31: 17 e 18).
Isso, no mínimo, seria o que se chama, hoje, crime de
guerra. Deus não é, pois, o autor dessa ordem de
massacre de seres humanos já dominados, prisioneiros, e,
provavelmente, com estupros de suas filhas, meninas
virgens.
É muito importante o que a Igreja diz, hoje, sobre a
Bíblia: Ela é a palavra de Deus escrita por homens. Ora,
os homens erram. Logo, a Bíblia contém erros, cuja
autoria não pode mesmo ser de Deus. Então, respeitemos e
amemos a Bíblia, mas com moderação e, principalmente,
sem bibliolatria!
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