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por José Reis Chaves

 

Não atribuamos a Deus a autoria dos vários erros da Bíblia


A Bíblia é um livro muito importante. É o mais traduzido, o mais vendido e o mais lido do mundo. Mas não é, literalmente, a palavra de Deus, pois ela tem erros, e Deus é infalível, não errando jamais.

E um dos maiores erros dos teólogos, principalmente dos antigos, quando a Humanidade era ainda pouco evoluída, é, principalmente na sua visão de Deus e, consequentemente, das questões religiosas. Ademais, numa demonstração evidente de seu egocentrismo, embora inconsciente, eles ensinavam que o que eles diziam era a pura verdade, pois, como firmavam, eles eram inspirados por Deus. E ensinavam também que a Bíblia não possuía nenhum erro, pois os seus autores eram também inspirados por Deus em tudo que eles escreveram nela. Valeu a boa intenção deles. Mas esse é, realmente, um dos grandes erros cristão-judaicos.

Podemos dizer que a Bíblia tem certa autoria de Deus, no sentido de que Espíritos santos de Deus (não Ele próprio) inspiraram alguns de seus autores que escreveram partes dela. Repetimos que não é o Espírito do próprio Deus que inspirou seus autores, mas Espíritos de Deus no sentido de serem do bem e que trabalham para Deus, comumente chamados de anjos (Espíritos enviados). Sim, pois Deus tem Espíritos trabalhando no seu projeto (Hebreus 1: 14).

Há dois modos de se interpretar a Bíblia, o literal e o alegórico. E os erros do cristianismo estão geralmente na maneira abusiva da interpretação dela, ora exageradamente literal, ora exageradamente alegórica. E isso, aliado ao ego dos teólogos biblistas, é o que vem dividindo os biblistas cristãos e judeus no decorrer dos milênios de existência da Bíblia, principalmente os cristãos.

Paulo foi inspirado ou intuído quando disse que nós não devemos nos prender à letra dos textos bíblicos, mas ao espírito oculto da letra. Mas esse seu ensino pouco ou nada tem sido seguido pelos cristãos. Daí as numerosas divisões do cristianismo a que já nos referimos. E isso contraria também o desejo de Cristo que almejou um só rebanho e um só pastor. E, pelo que se vê, infelizmente, isso não ocorrerá tão cedo, mormente entre os fiéis mais frequentadores das igrejas, pois são os mais radicais em suas ideias religiosas com enfoque de textos da Bíblia, com as mais variadas e até abusivas interpretações!

Vejamos um exemplo de coisas estranhas bíblicas das quais, realmente, não podemos atribuir a Deus a sua autoria. O povo midianita foi vencido por Moisés que determinou o seguinte: “Agora, pois, matai de entre as crianças todas as do sexo masculino; e matai toda mulher que coabitou com algum homem, deitando-se com ele. Porém todas as meninas e as jovens que não coabitaram com algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós outros” – seria para estupro? (Números 31: 17 e 18). Isso, no mínimo, seria o que se chama, hoje, crime de guerra. Deus não é, pois, o autor dessa ordem de massacre de seres humanos já dominados, prisioneiros, e, provavelmente, com estupros de suas filhas, meninas virgens.

É muito importante o que a Igreja diz, hoje, sobre a Bíblia: Ela é a palavra de Deus escrita por homens. Ora, os homens erram. Logo, a Bíblia contém erros, cuja autoria não pode mesmo ser de Deus. Então, respeitemos e amemos a Bíblia, mas com moderação e, principalmente, sem bibliolatria!


 

 

     
     

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