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por Rogério Coelho

 
Atualidade do Espiritismo


Ainda ignoramos a realidade intrínseca do Espiritismo,perfeitamente tracejada em O Livro dos Espíritos


“Meu Pai vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco.” 
- Jesus. (Jo, 14:16)


Observamos - com muita apreensão - em inúmeras Casas Espíritas práticas totalmente divorciadas dos parâmetros da Codificação Espírita...

Em algumas dessas casas, mal orientadas (já se vê), os dirigentes, julgando estarem ultrapassadas as diretrizes kardequianas, estão substituindo os passes por cromoterapia e quejandos, além de outras providências e atividades esdrúxulas e injustificáveis, que tão somente oferecem o atestado inequívoco da incompetência para gerir uma Casa Espírita e extremada infidelidade a Jesus e a Kardec. Entre outras coisas permitem infiltração de músicas pertencentes a outros credos religiosos com conteúdos explicitamente antidoutrinários.

Outros “espíritas”, estudiosos de menos e presunçosos de mais, afirmam que, em muitos pontos, Kardec está ultrapassado e a Codificação precisa ser atualizada para se ajustar à realidade dos novos tempos (!?).

Dizem: “Kardec fala até em ‘duelo’, coisa que já não existe mais!”[1] 

Será que não?! 

Pois o nobre Espírito Padre Venâncio Café, Protetor Espiritual de toda a Zona da Mata Mineira, não pensa assim...  Eis o que ele ensina através da mediunidade de Suely Caldas Schubert, numa página psicografada no dia 9/5/1979, no Centro Espírita Ivon Costa, em Juiz de Fora, MG: “não! Os duelos não se extinguiram! Não se acabaram... Prosseguem até hoje, cada vez mais disputados... Existem duelos e duelistas por toda parte. Apenas mudaram-se os métodos. Mas as contendas e disputas prosseguem ferindo e matando: são os duelos verbais, são os duelos das agressões, das vibrações negativas e inferiores, que envolvem os seres em renhidas pelejas e transformam lares em campos de batalha, onde se combate como se o preço fosse a própria vida. E, muitas vezes, é esse mesmo o alto custo que se paga: o sacrifício de vidas que se estiolam nos conflitos e agressões que os homens cultivam entre si.

Onde deve haver entendimento e concórdia, veem-se apenas lutas ferozes, nas quais se digladiam pessoas, esquecidas de que o motivo da existência é bem outro e que não se consegue nada de belo, bom e proveitoso, à custa de sangue, lágrimas e perfídias...

Duelos? Existem sim! Estão dentro dos seres humanos, que trazem, ainda, o instinto de duelar, embora não utilizem mais "o campo de honra", o estojo de armas e os acompanhantes para apadrinharem o ato de morte, em que se presumia lavar a honra.

Existem duelos grassando em toda parte... E mesmo entre nós, no nosso meio espírita (pasmem!?), por mais incrível pareça, se analisarmos bem, iremos encontrar irmãos em franco duelo, na disputa de cargos, pontos de vista e opiniões pessoais que são defendidas com as armas da linguagem que fere e com o pensamento que agride, pela vibração negativa que o acompanha.

Espírita, meu companheiro e irmão! Evite contendas verbais. Evite forçar os seus pontos de vista, exima-se de ser um duelista e busque ser, antes de tudo, aquele que entende, tolera e perdoa... Não encare o campo abençoado de oportunidades sagradas que a Doutrina Espírita oferece como se fosse o antigo "campo de honra", onde se deva batalhar pelas atitudes que julgamos as mais acertadas. Busque, antes de qualquer coisa, servir e trabalhar, permanecendo fiel a Kardec, vivendo e sentindo a Codificação e incorporando, à sua vivência, os preceitos de Jesus, clarificados pelo Consolador.

Amem. Trabalhem. Permaneçam unidos. Que haja entre nós o verdadeiro espírito de fraternidade e de amor cristão”.

O paternal Dr. Bezerra de Menezes faz um grave alerta[2]: “(...) hoje, quando o Espiritismo chega oferecendo-nos a contribuição da nossa própria felicidade, muito nos atrevemos a apresentar opiniões que pretendem modificar-lhe a estrutura, porque estaria superada ante as luzes lógicas da razão; isto porque, em verdade, ainda ignoramos a sua realidade intrínseca, perfeitamente tracejada em "O Livro dos Espíritos"e naqueles que lhe são decorrência natural. Quando muitos se levantam para falar de conceitos já obsoletos — desejando fazer enxertias mirabolantes de modo a torná-la viável para as mentes frívolas que enxameiam em todos os departamentos da Terra —, convém recordar a necessidade de manter a pureza doutrinária com aquele mesmo estoicismo dos trabalhadores da primeira época.

Costuma-se dizer que a hora sacrificial do pioneirismo espírita já há passado; aventa-se a hipótese de que não se pode mais viver a existência na Terra exsudando aquele odor evangélico das primeiras horas do Cristianismo autêntico, dos dias proféticos e nobres de Jesus e de seus continuadores imediatos; arenga-se da necessidade de dar-lhe uma dinâmica nova em relação às conquistas da técnica moderna, para fazê-la agradável aos triunfadores da Terra, em conexões que poderão levar-nos aos desassossegos a que chegou o Cristianismo dos dias passados. Faz-se indispensável vivermos espiriticamente ‘melhores hoje do que ontem’, e ‘amanhã melhores do que hoje’, para que sejamos cristãos no sentido profundo da palavra, como aqueles que compreenderam a necessidade de transformar e transformar-se, conjugando, na vigilância, o verbo amar, para que a caridade em seus corações tenha regime de urgência na manifestação das ações.

O pioneirismo espírita encontra-se em seu período áureo na atualidade, pois que, apesar da adesão imensa que já nos oferece uma expressão estatística de realce, poucos compreenderam o espírito do Espiritismo incorporado ao "vade-mecum" cotidiano para realizarem, na execução dessas tarefas, a consoladora promessa de Jesus...”.

Em parceria com o escritor paulista Orson Peter Carrara, escrevemos um livro[3] cuja leitura recomendamos, uma vez que ali mostramos que o singular Codificador do Espiritismo esteve, está e estará sempre atual.  


 

[1] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 129. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. XII, itens 11 a 16.

[2] - FRANCO, Divaldo. Sol de Esperança. 4. ed. Salvador: LEAL, 2006, cap. 4, p. 37-43.

[3] - CARRARA, Orson Peter; COELHO, Rogério. Ontem e hoje com Kardec: sempre atual. São Paulo: MYTHOS, 2008.  


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita