É assim
que eu sou!
Podemos verificar em nós,
como um termômetro
medidor de sofrimento,
através de alguns
parâmetros de nosso ser,
o que nos reserva o
futuro em termos de
felicidade.
A árvore mais forte, na
verdade, não é a árvore
grande, porque mesmo
esta tem um limite de
resistência e acima dele
o vento arranca-a, mas é
a árvore que se verga,
que é maleável e
consegue juntar-se ao
chão, abrigando-se neste
quando a necessidade o
exige.
Conosco acontece o
mesmo, o homem mais
forte não é o
intransigente, mas
aquele que tenta
entender o ponto de
vista dos outros, que
consegue sair de seus
parâmetros mentais e tem
a humildade de construir
um raciocínio em
conjunto com o outro,
mesmo que a partida já
lhe pareça errada. Este
homem está em constante
aprendizado, evoluindo
com o movimento da vida,
e como não permanece
agarrado a parâmetros
mentais, não corre o
risco de estagnar.
A intransigência está
ligada à indignação,
quanto maior a
intransigência mais
rápida e forte aparece a
indignação.
A intransigência é uma
forma de falta de
tolerância perante as
situações da vida, falta
de tolerância ao que é
diferente daquilo que
ele idealiza ou aos
parâmetros de sua forma
de estar. Estas pessoas
são chamadas de forte
caráter, porque
normalmente isto está
associado a uma forma de
ação de parâmetros
reduzidos segundo os
seus princípios ou
vontades perante a vida.
Quando falo de
parâmetros reduzidos,
não me refiro ao ser
certo ou errado, mas a
uma forma de ação
limitada a um ponto de
vista individual que,
para aquele indivíduo,
lhe parece certo, como é
óbvio.
O que é o certo e o
errado?
O certo e o errado estão
sempre ligados a
determinados parâmetros
medidores. Podem ser os
de uma sociedade, de um
grupo ou de uma pessoa.
No caso de uma pessoa, o
que acontece com todos
nós, o certo e o errado
são o final de um
raciocínio lógico
trabalhado por
determinada pessoa, ou
seja, o final da medição
mental de determinado
raciocínio, através de
parâmetros próprios, que
foi trabalhado numa
equação que nos parece a
correta. Como poderemos
explicar a uma pessoa um
ponto de vista diferente
do dela se, cada vez que
explicamos, ela
automaticamente volta às
suas imagens mentais que
a levam à sua razão?
Não estou a falar de
determinadas pessoas mas
de um determinado ser, o
ser humano, todos nós.
“Por isso lhes falo por
meio de parábolas;
porque, vendo, não
enxergam; e escutando,
não ouvem, muito menos
compreendem.” (Mateus
13)
Jesus alertou-nos disso
há dois mil anos.
Passado este tempo,
ainda não conseguimos
descobrir o embuste
causado pelo Ego nos
seus parâmetros de
construção da realidade
em nossa mente, chocando
com os outros que pensam
de forma diferente de
nós, ou seja, chocando
com todos porque não há
duas pessoas que pensem
de forma igual, e as que
pensam de forma
idêntica, muitas das
vezes, também entram em
confronto de
conhecimento porque,
como animais
territoriais no campo da
razão, não permitimos
que esta taça seja
entregue a outra pessoa
se não a nós.
A razão é extremamente
saborosa ao nosso Ego,
ele apega-se desde
pequeno porque nos traz
uma sensação de “quem
sabe”, que se torna uma
forma de poder,
aumentando nosso orgulho
que, por sua vez, dá-nos
uma segurança ilusória
na vida. Aqui jaz o
gosto pela discussão que
se dá no ser humano.
Eu diria que é como
convencermo-nos a
atravessar o oceano
Atlântico num barco a
remos criando a ideia,
sentados lá dentro em
terra firme, que vai ser
fácil.
O nosso termômetro da
felicidade é a
intransigência ou as
ideias fixas perante a
vida, quanto maiores,
mais fortes forem, maior
será a indignação, maior
e mais constante será o
sofrimento.
Como poderemos ver o
nosso grau de
intransigência, falta de
tolerância ou teimosia?
Será que o poderemos ver
por nós próprios?
Será que seguindo o
raciocínio que nos leva
à intransigência, que
nos dá a ideia de que é
a melhor forma de lidar
com a vida, chegaremos à
visão de que somos
intransigentes? Penso
que por isso continuamos
sem nos apercebermos da
trave no nosso olho, um
jogo difícil e vicioso.
Se queremos uma resposta
honesta perguntemos a
quem nos rodeia, mas é
necessário termos a
humildade de receber a
resposta sem
maltratarmos ninguém,
senão, mais vale
seguirmos o nosso
próprio raciocínio
porque esse já nos tem
levado à saborosa “razão”.
|