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por Jane Martins Vilela

 

Vida e aprendizado


“Apresentaram-lhe, então, criancinhas, a fim de que ele as tocasse: e como seus discípulos afastassem com palavras rudes aqueles que as apresentavam, Jesus, vendo isso, zangou-se e lhes disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais; porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham. Eu vos digo em verdade que todo aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará. E as tendo abraçado, as abençoou, impondo-lhes as mãos.” (Jesus. Marcos, cap. X, v.10 a 16.)


Todos compreendemos, principalmente com a visão espírita, que a grande solução da humanidade é a educação. Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, comenta, falando sobre o egoísmo, que o remédio para o combater somente será possível se se atacar o mal pela raiz, com a educação. Frisa ele que não se referia à educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. Vai ainda mais além, quando diz que a educação será a chave do progresso moral. Afirma ele que quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireitá-los, da mesma maneira como se endireitam as plantas novas. Essa arte, porém, requer muito tato, muita experiência e uma profunda observação.

É com profunda inteligência que ele assevera que não basta a ciência para aplicar esse preceito. Deve-se fazer pela moral, tanto quanto se faz pela inteligência.

Temos entrado muitas vezes neste assunto. Observamos que somente será grande o nosso país quando essa certeza estiver nos corações e as famílias educarem suas crianças. São elas Espíritos imortais, nós o sabemos, carregando uma bagagem de vidas anteriores, bela ou infeliz. Pelas atitudes da criança, com observação, desde o berço podem-se notar quais as imperfeições que devem ser extirpadas, quais virtudes a aprimorar. O ser humano precisa ver o trabalho não como um castigo, mas como uma oportunidade de crescer. Educar dá trabalho e exige exemplificação de virtudes. Quantos pais há que, em sendo abordados frente à necessidade da educação da criança, desculpam-se dizendo que hoje em dia é tudo assim, que as crianças não são como antigamente, que não ouvem, não obedecem etc. E fica por isso mesmo, continuam sem educar. Quantas crianças tomando Ritalina (cloridrato de metilfenidato) por falta de limites em casa, não obedecendo na escola, sendo confundidas com crianças hiperativas e com déficit de atenção! Temos um exército de crianças tomando Ritalina! Isso não acontecia no passado.

No passado, um mundo menos conturbado, as crianças gastavam suas energias fora de casa, brincavam de modo intenso, em atividades aeróbicas, entravam em casa quando tinham fome e saíam de novo. Corriam o dia inteiro. Gastavam as energias, dormiam cedo, hora certa para tudo. Quando estavam com os pais, as energias já tinham sido trabalhadas. E todos iam com os pais para a sua religião, no domingo, querendo ou não. As professoras eram respeitadas. Os pais corrigiam.

Hoje, sem espaço para gastar as energias, correm na frente dos pais e dos avós que, esquecidos de que também um dia foram crianças, já rotulam sua criancinha ágil e sapeca de hiperativa. Dormindo na hora que quer, comendo o que quer, refrigerante quase todos os dias, pais trabalhando tanto, tentando ganhar dinheiro, há pouca convivência familiar, pouco afeto, pouco amor, pouca disciplina. Há então um império da medicação controlada e da obesidade infantil preocupante. Crianças, filhas únicas, ou com outro irmão apenas, que precisam aprender a arte do altruísmo, da boa educação e que necessitam ter pais com disposição de educar. Delegaram muito para as escolas. Felizmente, há um movimento que se expande de que a educação de caracteres morais deve ser intensa, na família. Temos esperança.

Uma professora gabaritada e experiente, aflita com a perturbação cotidiana das crianças, que estão erradamente, pela atitude dos adultos que as cercam e não educam, pensando que têm todos os direitos e nenhum dever, nos contou um fato que mostra que há esperança, que a situação vai melhorar, que o amor vai florescer e que vamos, sim, melhorar. Isso aconteceu na semana em que escrevemos estas linhas. Ela nos disse que estava irritada, depois de várias aulas, tentando na verdade dar aulas, porque o comportamento era difícil, quase não dava tempo para as aulas. Tinha que ficar corrigindo comportamentos e não conseguia o objetivo de ensinar. Falta de limites em casa, provavelmente. Ou falta de tempo para brincar. Vão dormir tão tarde que acordam na hora de ir para a escola, à tarde, e, como não brincaram de manhã, ou estavam sozinhas, não tinham com quem brincar, querem brincar na hora da aula e, aí, pobre da professora!

Ela estava desgastada e irritada. Notou que estava falando alto, que estava sendo rude.... Ainda bem que se observou! Pediu licença um minuto para as crianças. Saiu e fez uma prece, para se acalmar. Voltou bem. Um dos alunos, perspicaz, uma criança de inteligência emocional alta, notou. Perguntou-lhe: - Professora, o que você fez lá fora? Você saiu nervosa e voltou calma!

Com sinceridade, ela respondeu que estava nervosa, sim, que tinha saído e feito uma prece para se acalmar. Imediatamente, para surpresa dela, todas as crianças baixaram as cabeças em sinal de respeito à prece e fizeram o mesmo, para se acalmarem! Ela falou que se sentiu envergonhada, pois as crianças, naquele momento, lhe deram uma lição. E disse ela: E eu, brava, porque um punha o pé na carteira, outro fazia isso, outro aquilo... me envergonhei. Aprendi uma lição!

Feliz dela que teve humildade de reconhecer sua falha e felizes as crianças por terem aprendido que a prece é um eficaz meio de se acalmar!

A vida é aprendizado constante e as virtudes devem ser nossa busca. Eduquemo-nos sempre e façamos esforços para nos desvencilharmos do egoísmo que é uma das causas do atraso da humanidade. Eduquemo-nos com amor, com Jesus e, por certo, haveremos de ter um mundo melhor no amanhã. A educação dos sentimentos diminuirá muito a necessidade de medicação controlada, tanto em crianças, como também em adultos. O equilíbrio será mais acentuado.

 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita