Eles também são importantes
“Pois eu me sinto devedor a gregos e a bárbaros, a
sábios e ignorantes.”
- Paulo (Romanos, 1:14)
O apóstolo Paulo frisou claramente a sua condição de
legítimo devedor de todos e essa condição é a de
qualquer ser da comunidade humana. Cada um de nós deve
incalculáveis tributos àqueles com quem convivemos. A
dívida é imposta em compromisso, e compromisso significa
resgate natural ou compulsório. Todos nós somos
devedores uns dos outros, fazendo parte de um todo onde
temos as mesmas chances, os mesmos direitos. Precisamos,
assim, nos unir, amando sem esforço o nosso semelhante,
procurando vê-lo como irmão.
Quando acreditamos na força do bem e somos fiéis aos
ensinamentos do evangelho de Jesus, entendemos o
verdadeiro significado de sermos solidários uns para com
os outros, respeitando a dignidade individual,
confortando os companheiros de tarefas, colaborando com
amor para uma vida melhor, mais verdadeira, de modo
espontâneo com quem nem mesmo nos conhece. Importante
lembrar que, ao não espalharmos os conhecimentos
espirituais, estamos escondendo egoisticamente a luz que
beneficiará a muitos.
Médiuns que se afastam do trabalho, apagam a luz que em
si trazem para clarearem o caminho dos irmãos menos
evoluídos, pois, quando a solidariedade se estende a
todos e se torna um hábito, deixamos de fazer
julgamentos precipitados, ampliando a nossa capacidade
de amar. Segundo George Bernard Shaw, o pior pecado que
cometemos com nossos semelhantes, não é odiá-los, mas
sermos indiferentes com eles. Essa é a essência da
desumanidade. O maior presente que podemos oferecer ao
mundo é a total atenção à existência das criaturas.
Vivemos hoje uma espécie de cegueira; criamos uma
sociedade que não enxerga os “invisíveis”, que deixam de
ser notados como se fossem transparentes.
Cada instante de nossa existência nos faculta lições de
aprendizado indispensáveis ao desenvolvimento da nossa
mediunidade. Considerando nossas características ainda
imperfeitas e nos situando na condição de seres
espirituais necessitados de profunda reparação de nossos
equívocos, a luz que podemos fazer brilhar hoje é aquela
que caracteriza a nossa sinceridade de propósitos,
posicionando-nos como aprendizes do Mestre e da vida.
Lembremos que mediunidade bem praticada ainda se
assemelha ao caminho do Gólgota. É a esse respeito que o
generoso benfeitor Emmanuel se expressa: “A missão
mediúnica se tem aos percalços e suas lutas dolorosas
são uma das mais belas oportunidades de progresso e de
redenção concedidas por Deus a seus filhos. Sendo luz
que brilha na carne, a mediunidade é um atributo do
espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador
de posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos
os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência
sempre que se encontre ligada a princípios evangélicos
na sua trajetória pela face do mundo”.
Bondade e conhecimento, pão e luz, amparo e iluminação
são arcos divinos que integram os círculos perfeitos da
caridade. Não só receber e dar, mas, ensinar, aprender e
amar: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”,
asseverou o Mestre. (Mateus, 22:34.)
Ainda somos frágeis em relação ao amor fraternal. Nossa
compreensão ainda não chegou ao ponto de aceitar que o
amor é essência divina, é amigo indulgente que une toda
a humanidade e jamais perece, porque está alicerçado na
crença da vida futura, na fé e na certeza de que as
pedras estão nos caminhos e a nós basta juntá-las para
construir a grande casa do Pai.
O Espírito André Luiz, no livro Ideal Espírita, página
127, esclarece: “O amor puro é uma síntese de todas
as harmonias conhecidas. A fraternidade é o pacto de
amor Universal entre todas as criaturas perante o
Criador. Nossa alegria somente viceja em conjunto com a
alegria de muitos. De que vale a alguém o título de
herói numa tragédia? Onde o benefício de uma santidade
que terá brilhado no deserto sem ser útil a ninguém?”.
Estamos em abençoada missão na Terra e devemos nos
dedicar aos encargos que a vida nos oferece através das
mãos benevolentes de Jesus, para desempenhar o trabalho
que nos compete com generosidade e contentamento. Se
desejarmos nos tornar efetivamente úteis, coloquemo-nos
à disposição de qualquer atividade, edificando e, dessa
forma, teremos as ferramentas necessárias para
concretizar nossos propósitos, doando o que possuirmos
de melhor, a fim de que a nossa existência seja
oportunidade abençoada, cumprindo com fidelidade a
missão que o Pai de amor nos oferta.
Possamos, assim, assumir nossos compromissos,
aperfeiçoando os próprios recursos, não esquecendo que o
melhor médium para o mundo espiritual, em qualquer tempo
e circunstância, será sempre aquele que estiver
resolvido a burilar-se, decidido a instruir-se, disposto
a esquecer-se e pronto a servir.
Bibliografia:
RODRIGUES, H. Tozzi Sonia – Sob a Luz
do Evangelho - ditado pelo Espírito Luiz Ricardo –
1ª edição – São Paulo/SP/ Editora Panorama – 2002.
RIGONATTI, Eliseu – O Evangelho dos
Humildes – 18ª edição – São Paulo/SP/ Editora
Pensamento - 2013.
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