Tema: Caridade/ Amor aos animais
O sabiá amigo
Dorinha gostava de passar as tardes em seu quintal. Um
dia viu alguma coisa que lhe chamou a atenção. Procurou
sua mãe para lhe mostrar.
– Mamãe, venha ver uma coisa que achei no quintal.
Depressa!
– Que é, querida? Por que tanta pressa? – perguntou a
mãe.
– É um passarinho, num galho do pessegueiro, e há alguma
coisa com ele. Deve estar machucado! – disse Dorinha.
A mãe saiu para ver.
– Ali está ele! – indicou Dorinha. – Veja, não se move,
nem mesmo quando chego perto dele. Olhe como está num pé
só. A outra perna parece estar com algum problema.
– Você tem razão, filha. Há qualquer coisa de estranho
com esse passarinho. Vá buscar a escada, por favor.
Dorinha trouxe a escada e sua mãe subiu. Com muito
cuidado, se aproximou mais e mais da avezinha, temendo
que esta fugisse. Mas admirou-se! O sabiá não voou. Ali
ficou em uma perna só, até que aquela senhora o pegasse
suavemente e o trouxesse para baixo.
– A perninha dele está mesmo machucada – constatou a
mãe.
– E agora, mamãe? – perguntou Dorinha, preocupada.
– Agora eu vou fazer um curativo e enfaixar a perna dele
– respondeu a mãe.
Elas cuidaram do sabiazinho, com carinho e delicadeza, e
depois colocaram-no em pé, apoiado na outra perna.
Dorinha trouxe-lhe algumas migalhas e água também. Mas a
ave, porém, não esperou pra comer ou beber. Batendo as
asas, ergueu-se nos ares e voou pra longe.
– Está vendo? – perguntou a mãe. – O pobrezinho devia
estar esperando um auxílio.
– Eu queria que ele ficasse – disse a menina. – Mas foi
embora, e creio que nunca mais o tornaremos a ver.
Passaram-se meses. O outono deu lugar ao inverno e este
foi seguido da primavera. E com o Natal, a escola, as
férias e dias de aniversário e outras coisas mais, a
menina esqueceu-se do sabiazinho.
Numa bela manhã, Dorinha entrou correndo em casa outra
vez, muito excitada.
– Mamãe, venha ver! Gritou ela. Nosso sabiá voltou para
nós! Eu o vi no pessegueiro. Estou certa que é ele!
A mãe correu para fora com ela e olhou procurando entre
os ramos da árvore, agora toda bonita com a nova
folhagem.
– Tem razão! – exclamou ela. – É o nosso sabiazinho. Eu
o reconheceria em qualquer parte. Que interessante que
ele voltou! Sabe você o que ele está fazendo?
– Não, respondeu Dorinha.
– Creio que está fazendo um ninho. Apenas começou e, se
tivermos o cuidado de não o assustar, ele irá adiante na
construção.
A mãe tinha razão. O sabiá era uma fêmea. Ela terminou
de construir seu ninho, pôs alguns ovos e deles nasceram
três filhotinhos. Ela alimentou-os e, quando já estavam
crescidos e fortes, todos voaram, afastando-se e
deixando o ninho vazio.
– Bom, esta é, por certo, a última vez que haveremos de
ver nossa sabiá – disse a mãe de Dorinha.
Mas não foi. Na primavera seguinte ela voltou, construiu
outro ninho e criou a família. No outro ano fez a mesma
coisa. Por alguns anos o passarinho voltou no tempo
certo para fazer seu ninho e chocar seus ovos, como se
soubesse que ali era um lugar seguro. Dorinha e sua mãe
passaram a considerá-lo um membro da família.
– Mamãe, perguntou Dorinha, por que o sabiazinho sempre
volta?
– Minha filha, essa ave, apesar de ser uma humilde
criaturinha de Deus, não se esqueceu da bondade que
recebeu na hora do sofrimento.
– Mamãe, será que um passarinho tem sentimento de
gratidão? Eu fico tão contente por ela sempre voltar e
fazer seu ninho aqui!
– Filha, seja como for, essa avezinha se sentiu segura e
bem tratada aqui. E nós colhemos o fruto da nossa boa
ação, tendo agora a alegria da presença dela, a música
do seu canto e a beleza de observá-la com seus filhotes.
Quando ajudamos alguém ou fazemos com que os outros
sejam felizes estamos colaborando na criação Divina. E
quem faz a vontade de Deus sempre recebe de volta muita
alegria.
Texto (adaptado) de Cândida Chirello.