Vamos agora falar, em síntese, de um dos poetas do livro
magnífico, que Chico Xavier nos presenteou por meio de
sua psicografia: Casimiro de Abreu, o nosso Alfred de
Musset, menos genial, porém mais sensível ante a
grandeza de Deus, com aquela maneira espontânea de
produzir belezas, como uma fonte produz água; poeta que
pouco se preocupou com as molduras de seus quadros,
porque era um pássaro que gorjeava e sabia que o tom de
sua voz lhe vinha do coração e por isso comovia e
encantava, como comove e encanta em Parnaso de
Além-Túmulo.
Os versos “À Minha Terra”, “À Terra” e “Lembranças” são dele e
repetições da música, do estilo e da beleza de “Meus Oito Anos”.
No todo, a sua poesia é mais uma renda, uma rosa de espuma, uma
sinfonia em “lá menor”, um acervo de verdades espíritas,
verdadeira oração à natureza fecunda do Brasil, uma árvore
verde, enfim, cheia de ninhos e de favos de mel, tal como a de
“Primaveras”.
Certamente ninguém esquece:
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida.
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Daquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais...
Todos os poetas que lhe deram poesias o fizeram de maneira limpa
e única, porque são bem autênticas.
Do livro Lindos Casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama.
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