Em plena nova era
Todas as conquistas humanas não aparecem por geração
espontânea. Exigem esforço, atenção, perseverança,
trabalho máximo, repetição, devotamento e vontade de
auxiliar o próximo. Todos os homens vivem na obra de
Deus, valendo-se dela para alcançarem, um dia, a
grandeza divina. Usufrutuários de patrimônios que
pertencem ao Pai, encontram-se no campo das
oportunidades presentes, negociando com os valores do
Senhor.
Porém, há muitas criaturas que usaram os empréstimos do
Pai magnânimo, exclusivamente, para si mesmos,
esquecendo-se de estendê-los aos companheiros de
evolução e ignorando que a verdadeira alegria não vive
isolada numa só alma, pois que somente viceja com
reciprocidade de vibrações entre vários grupos de seus
amigos.
Muitos espíritos das Altas Esferas já viveram assim.
Entretanto, agora, os tempos são outros e as
responsabilidades surgem maiores. E para que todos
sejamos esclarecidos, o Espiritismo abre-nos infinita
esfera de serviço, em cujas atividades não podemos
prescindir do apoio recíproco, no crescimento da
renovação.
O Livro dos Médiuns,
na questão 28, 2º parágrafo, nos esclarece que se
projetarmos o olhar sobre as diversas categorias de
crentes encontraremos “os que no Espiritismo veem mais
do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica;
admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam.
Insignificante ou nula é a influência que lhes exerce
nos caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se
privariam de um só gozo que fosse. O avarento continua a
sê-lo, o orgulhoso se conversa cheio de si, o invejoso e
o cioso sempre hostis, consideram a caridade cristã
apenas uma bela máxima. São os espíritos imperfeitos.”
Há muitos irmãos nossos que assim viveram, deixaram na
Terra, como único rastro de vida robusta que usufruíram
na carne, o mausoléu esquecido num canto ermo do
cemitério. Nenhuma lembrança útil em bases de
fraternidade; nenhum exemplo edificante nos currículos
da existência; nenhum ato que lhes recorde os padrões de
fé, nenhuma ideia que vencesse a barreira da
mediocridade, nenhum gesto de amor que lhes granjeasse
sobre o nome o orvalho da gratidão. Apesar de tudo, a
Terra conservou-lhe à força apenas o cadáver – matéria
gasta – que lhe vestira o espírito e que passa a ajudar,
sem querer, no adubo às ervas bravas.
Contudo, ao lado desses companheiros displicentes, há,
também, os que se convenceram e optaram por um estudo
direto, sério, cuidadoso. É o que nos esclarece O
Livro dos Médiuns, na questão 28, 3º parágrafo. São “os
que não se contentam com admirar a moral espírita, que a
praticam e lhe aceitam todas as consequências,
convencidos de que a existência terrena é uma prova
passageira, tratam de aproveitar os seus breves
instantes para avançar pela senda do progresso, único
meio que os pode elevar na hierarquia do mundo dos
Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus
maus pendores. As relações com eles, sempre, oferecem
segurança, porque a convicção que nutrem os preserva de
pensarem em praticar o mal. A caridade é, em tudo, a
regra de proceder a que obedecem: são os verdadeiros
espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos”. Estes
estão conscientes de que o nosso programa fundamental
permanece traçado na revivescência do Evangelho
Redentor.
Antes, nos alicerces do edifício doutrinário,
compreendíamos a curiosidade e o deslumbramento, acima
da responsabilidade e do dever. Mas, agora, que já
atravessamos o primeiro centenário sobre a codificação
kardeciana, é preciso reconhecer a necessidade de
introspecção, a fim de que não percamos de vista os
sagrados objetivos que nos reúnem.
Dessa forma, é indispensável que o nosso espírito de
fraternidade se manifeste, restabelecendo, através do
amor, e reestruturando os caminhos da fé, por intermédio
das obras edificantes, pois somos todos trabalhadores
dentro da selva compacta de nossos erros, onde
encontramos a soma total de nossos enganos e
compromissos de todos os séculos, lutando, retificando,
sofrendo, aprendendo, burilando e aperfeiçoando no rumo
do porvir regenerado.
Honremos, então, ao Senhor da Vida que nos honra com as
oportunidades atuais de realização e serviço,
amparando-nos, uns aos outros, e de acordo com as nossas
deficiências, abreviaremos nosso caminho de acesso à
felicidade maior.
Bibliografia:
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns.
Questão 28, parágrafos 2º e 3º. 59ª edição – 1992 – FEB
– Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o
Espiritismo – Capítulo XVIII – item 9 – 3ª edição –
1991 – FEESP.
XAVIER, Francisco Cândido – Pelo Espírito
Emmanuel – Seara dos Médiuns – lição 7 – 7ª
edição – 1991 – FEB – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA,
Waldo. O Espírito da Verdade – autores diversos –
lição 12 – pelo Espírito Eurípedes Barsanulfo – 15ª
edição – 2006 – FEB – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.