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por Vladimir Alexei

 
O papel do Espiritismo em tempos de VUCA


Enquanto importantes trabalhos de resgate histórico vêm sendo realizados por bravos pesquisadores voluntários e cientistas acadêmicos, o mundo atual vive uma profunda transformação, reflexo do que os Espíritos superiores já haviam revelado nas obras de Allan Kardec, assim como presságio de um novo mundo.

A expressão VUCA surgiu na década de 1990, no meio militar, para descrever ambientes com características de “volatilidade” (volatility), “incerteza” (uncertainty), “complexidade” (complexity), e “ambiguidade” (ambiguity).

A volatilidade pode ser percebida pela rapidez com que as pessoas têm mudado de opinião, assim como de direção em muitas situações de suas vidas. Mudam-se motivados por inquietações da alma ou por necessidades materiais, de forma voluntária ou compulsória.

A rapidez produz incerteza e insegurança quanto aos próximos passos. É o que comumente se diz, ao “sair da zona de conforto”. Essa região mental, em que assentamos nossa segurança íntima e que produz “pseudo” sensação de conforto, deixa de oferecer aprendizado e desafio, por isso é uma região perigosa. Como quase tudo que ocorre no “mundo mental” possui conexões, desvencilhar-se das amarras que ainda alimentamos, como vícios, hábitos e comportamentos é um exercício intenso, duro e que exige renúncia, força de vontade e fé.

Fé para produzir paciência ante a volatilidade, incertezas e ambiguidades, pois o mundo se tornou mais complexo. Edgar Morin em sua Introdução ao Pensamento Complexo (p. 5, 2005), diz que a “palavra complexidade só pode exprimir nosso incômodo, nossa confusão, nossa incapacidade para definir de modo simples, para nomear de modo claro, para ordenar nossas ideias”. Ou seja, aquilo que nos proporciona inquietações e consequentemente angústias e sofrimentos, tomou proporções ainda maiores por não termos domínio e segurança diante dos eventos da vida.

Se pudéssemos analisar com mais vagar, na prática, raros foram os momentos em que dominamos alguma situação em plenitude. Então, por que essas mudanças têm afetado tanto na atualidade? Algumas hipóteses podem ser formuladas a partir deste questionamento, inclusive a possibilidade de despertar das consciências, por meio de escolhas e situações ambíguas, através de sucessivas reencarnações para que o equilíbrio entre o desenvolvimento moral e intelectual ocorra.

A convicção ao tomar uma decisão não significa dizer que foi a decisão mais acertada e sim aquela que demos conta de tomar naquele instante. Aprender com os resultados adversos é evoluir. Sofrer com os erros é punir-se, restringindo oportunidades de aprendizado.

Resgatar o Cristianismo Redivivo, compreendendo seus postulados históricos e o seu papel social relevante, permite que se possa trilhar caminhos com mais segurança, entendendo as transformações, resignando ante as ambiguidades, volatilidades, incertezas e complexidades da vida. O Espiritismo é pujante e pulsa na intimidade de cada um à espera de espaço para germinar, crescer e produzir frutos de amor e renovação. Caminhemos com esperança e fé, paz e gratidão.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita